sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ora vamos lá

Bem sei que no dia um de Janeiro de dois mil e dezassete, depois do lixo apanhado e as ruas lavadas, tudo vai estar igual ao último dia de dois mil e dezasseis, bem sei que a maioria das resoluções de cada um para o novo ano não vão passar de Fevereiro, bem sei que este pequeno grande mundo vai estar um pouco pior a cada dia que passa, mas como a esperança e a fé nos acompanham todos os dias e serão sempre as últimas a perecer, vamos lá desejar com muita força que dois mil e dezassete seja um bom ano para todos nós e que este nos traga muita alegria, muita saudinha e muita felicidade. Já agora, uns euros na carteira davam um jeitão.
Feliz 2017 para todos!


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Modernices

Esta tarde cheguei esbaforida da pedalada, cansada, transpirada e ansiosa por um banho. Além da música em altos berros proveniente do rádio que traz sempre consigo, ouvi o barulho do aspirador lá em cima, a minha Manuela andava a limpar. A minha Manuela já é entradota, talvez ronde a minha idade mas não sei ao certo, sei que tem dois filhos crescidos e vai de mota para o trabalho. Fui até lá acima cumprimentá-la e ela andava no meu quarto. Em cima da minha cómoda descansava um telemóvel com capa rosa choque e orelhas. Perguntei se a casa de banho estava pronta, se podia ir para o duche, diz-me ela. "Espere só uma bequita que está a acabar de secar".

Pedras no caminho

Manhã cedo não se via ainda vivalma. Vislumbrava-se apenas o branco dos cristais de geada pelos campos que o sol transformava em névoa e evaporava assim que lhes tocava com os seus raios de calor. Atravessámos os campos e determinados fizemo-nos à serra com o intuito de a atravessar e chegar às Salinas de Rio Maior. O céu estava limpo e deixava ver a imensidão à nossa volta. Quão pequena eu me sinto no meio da serra, mas quão grande eu me sinto cá por dentro ao embrenhar-me nela, nos seus caminhos, nas suas pedras, nos seus contornos. Não é fácil pedalar pela serra, muito menos chegar ao seu topo, talvez por isso eu acabe por me sentir grande quando lá chego. Muitas peripécias depois a viagem acabou seis quilómetros antes do destino com o meu pneu traseiro todo cortado das pedras da descida. Tive de desmontar e virei à esquerda, o resto do grupo seguiu em frente e eu acabei por me perder deles. Os telefones não tinham rede...  Quando pararam para reunir o grupo deram pela minha falta e voltaram para trás, o eco da serra fez o resto para o reencontro e seguimos até à estrada. Chamada a assistência em viagem, vulgo, amigalhaça disponível, terminámos nas bifanas da Ti Cristina. Vamos ter de voltar às Salinas.
Mas mais do que o cansaço, mais do que as pernas moídas, mais do que os nervos por causa do pneu que não nos deixou terminar o desafio, a serra traz-me paz e reconciliação, a serra faz-me pensar mais claro e tomar decisões, a serra faz-me feliz, faz-me ser uma melhor pessoa. Pedalar faz-me feliz. 







segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Ressaca Natalícia

Este Natal recebi uma caixa preta bonita com um novo livro em branco e uma caneta. Secretamente foi dos presentes que mais gostei. Secretamente porque com exceção do marido, ninguém na minha família sabe que gosto de escrever, que tenho vários livros brancos com rabiscos ou sequer que tenho um blog onde escrevo parvoíces. Quero muito escrever a primeira página deste novo caderno e agora que já arrumei o Natal, que tenho o frigorífico cheio de sobras pois tantos Natais volvidos e eu ainda não aprendi a calcular postas de bacalhau ou o tamanho do peru ou sequer a quantidade de garrafas de vinho, agora que tirei férias, agora que tenho pedaladas e aventuras agendadas para todos os dias da semana, carradas de livros para ler, centenas de fotografias para organizar, agora que tenho um caderno novo para escrever e quero tanto iniciá-lo, estou aqui sentada há tanto tempo a olhá-lo e à espera que me cheguem as palavras. Há tantos dias que me falham...


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Feliz Natal!

Vou estar por estes dias muito ocupada de volta do bacalhau e do peru e das filhoses e outras coisitas mais, por isso venho desejar a todos um Natal cheio de paz, de amor e muita alegria. 
Fiquem bem que a Gaja já vem.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Manhãs brancas

Manhã fria, uma teia presa ao portão, gotas de orvalho. Saio para a rua e inspiro o ar frio, sabe-me bem. Fecho o portão, entro no carro e sigo o meu caminho. Hoje demorei mais tempo a chegar, não por causa do trânsito louco, não porque a estrada estava gelada mas porque quis olhar à minha volta, as árvores estão já nuas, mas tudo está branco da geada, uma névoa de frio sobe do chão elevada pelos toques do sol ainda a medo a esta hora. Oiço a Mixórdia de temáticas e rio-me à gargalhada. Fico ainda mais bem disposta. Atrás de mim juntou-se uma fila de carros impacientes mas hoje não me importo, gosto das manhãs frias, do céu limpo e da geada branca. Só não gosto das mãos e dos pés frios. Cheguei e quando sair daqui já vai ser noite. Até logo.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Só tenho coisas que me ralem

Está uma Gaja, tão prendada, a preparar o Natal ao ínfimo pormenor com tanto amor e carinho para que nada falte à sua família e só lhe acontecem desgraças. Começa por polir as pratas que não tem, lava todos os cristais que são de simples vidro mais o serviço de porcelana de Limoges que no final de contas é da Spal e coloca tudo na cristaleira que de tão limpa o algodão não engana. O brilho era tanto que ofuscaria a dentuça de uma manada de castores, manada porque não sei como se chama um grupo destes dentuças brilhantes, mas dizia eu, estava tudo num brinquinho e ia eu dar por encerrado o polimento, parte-se um dos apoios da prateleira dos copos. Chamei rapidamente reforços e assim em modo sprint voltei a tirar tudo não fosse partir-se mais algum apoio e lá se iam os cristais e as porcelanas. Está portanto o caos instalado na minha sala, tudo espalhado pela mesa ao pó e aos ácaros voadores, a cristaleira desmantelada à espera do "arranjador". Não sei o que faça à minha vida.
Mas só por causa das coisas fui chamar a Mãe Natal para dar uma ajuda.


sábado, 17 de dezembro de 2016

Nem sei o que diga disto

Não sou racista nem preconceituosa e muito menos julgo todos os de etnia cigana pela mesma bitola, até porque há uns anos um rapaz cigano assaltou um dos meus filhos com uma navalha de ponta e mola roubando-lhe o telemóvel e o dinheiro, mas uns meses depois, um outro rapaz roubou a bicicleta ao meu outro filho e sua mãe cigana quando soube andou a perguntar de quem era e os dois vieram à minha porta devolvê-la e pedir desculpa... 
Já num sábado destes fui pedalar com os meus amigos pelos pinhais quando de repente começámos a ver montanhas de lixo e uns cinco cães escanzelados começaram a correr  direito a nós a ladrar. Deparámo-nos então com um acampamento cigano num pinhal que sabíamos ter dono e do qual aquela comunidade se apoderou e transformou numa lixeira. Não imaginam. Desde cascas de batatas, roupa, dejectos humanos e de animais, papeis, garrafas, velharias, porcarias que eu nem sei o que eram, pinheiros cortados, vegetação destruída, um cheiro nauseabundo e os adultos e as crianças ali misturados naquilo tudo a cozinhar numa fogueira. 
Sei que na minha cidade algumas famílias ciganas foram acolhidas pela Câmara Municipal, que lhes deu casas e condições para viverem e eles praticamente as destruíram. Arrancaram portas e janelas, as louças sanitárias e faziam fogueiras lá dentro destruindo o chão e pondo em risco toda a vizinhança. Acabaram por sair de lá e voltaram para os pinhais.
Ok, preferem viver ao ar livre e sem condições, foram habituados assim, mas é mesmo preciso destruir tudo à sua volta e deixar os pinhais e a natureza naquele estado??? 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Socorro!

Está  uma pessoa aqui tão recetiva a embebedar-se de espírito natalício e a única coisa que lhe aparece para beber é  trabalho, trabalho e mais trabalho... e problemas, problemas, problemas ...
Tirem-me deste filme!!!!!!

domingo, 11 de dezembro de 2016

A vida em retalhos

Cada dia é um retalho.
Colorido, às flores ou em tons de cinza, cada retalho é um mundo que nos envolve e abraça, é mais uma oportunidade que temos para fazer o mais belo manto para nos cobrir e aquecer nos dias frios. Muitos há que fazem mantos tão pequenos que mal dão para cobrir os seus próprios pés, mas outros, outros há que constroem mantos imensos, mantos de estrelas, mantos de flores, mantos de amor. Mantos onde cabem tantas pessoas, as suas e as dos outros.
A poucos dias de terminar mais um manto de pequenos retalhos, o meu, vou debrua-lo de todas as cores com um toque de ouro. É de um tamanho razoável, mas espero, no próximo ano construir um bem maior.

É segunda-feira e esta semana não há feriado....

Plano inclinado




sábado, 10 de dezembro de 2016

Diz que é quase Natal

Ai a minha vida!
Zero espírito, zero presentes, zero preparativos de Natal.
Ainda chega a família para a consoada e eu sem o bacalhau cozido.
Fui passear ao castelo.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Felicidade

Noite escura, luzes para iluminar os trilhos, roupa quente para proteger do frio. Das nossas bocas saem nuvens de calor, dos olhos caem lágrimas que o vento faz saltar mas que são de alegria, as orelhas ficam geladas, o pingo no nariz, mas o coração, esse, está quente da conversa e das gargalhadas, da adrenalina de percorrer trilhos quase às escuras, desviar dos paus e das pedras, contornar os pinheiros, saltar nos declives, pedalar com força nas subidas. O céu a cobrir-nos com o seu manto de estrelas, a lua, pequena mas tão brilhante a observar-nos e a guiar-nos, a paz, o silêncio a envolver-nos e a alma a ficar cada vez mais leve e mais solta, até levitar.
Se pedalar pelos montes durante o dia é maravilhoso, já de noite é fantástico...



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Vestida para amar

Acenou-lhe, chamou-o, gritou até.  Ele não ouviu,  não entendeu os sinais, não  reparou nos seus chamamentos. Vestiu-se então  de sentido de humor, pôs  o seu melhor sorriso, embrulhou-se no manto das palavras, calçou  os sapatos da sinceridade, usou os seus óculos da espontaneidade.
Nasceu...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Noite dentro

Acordei às  quatro e meia da manhã  sobressaltada com uma briga  de gatos na rua. Levantei-me de imediato para ir salvar o meu Zé que hoje teimou em não  querer entrar em casa para pernoitar. Era mesmo ele que estava  a ser atacado.  Afastei o outro,  peguei nele e trouxe-o para dentro todo eriçado e assustado. Acalmei-o.
Voltei a deitar-me e não  consigo dormir, abri o blog e aqui ando, às  voltas  com esta pagina em branco sem saber o que escrever. É que não  me sai do pensamento a Feira de Artesanato da minha cidade onde fui para jantar. Tão  triste, tão deprimente! Pouco mais que meia dúzia de barracas, uma de colheres de pau feitas ali mesmo, algumas Associações Recreativas e as restantes, de pessoas que vendo-se desempregadas e sem alternativas criaram o seu próprio negócio de manualidades. Bijuterias, quadros, quadrinhos e molduras, estátuas  e estatuetas, babetes e fraldas pintados, flores em malha, porta moedas em pano, nomes de crianças  para portas, candeeiros, eu sei lá,  uma infinidade de paneleirices sem jeito nenhum que ninguém  compra e poucos vão  ver. É  de louvar a atitude destas pessoas ao darem a volta às suas vidas desta forma criando uma atividade, mas tenho sinceras dúvidas  que alguma vez consigam vender alguma coisa que dê para comerem à custa do seu negócio. Vim de lá triste com este pensamento. Salvou mesmo a noite, a ginjinha d'Óbidos e o stand da Falcoaria, onde estive mais de meia hora a olhar um Bufo Real, vulgo Mocho, que me hipnotizou de tão lindo....
Bom, vou ver se durmo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Meio cheio

Hoje abri o meu caderno e passei os olhos pelos acontecimentos deste ano. Passei os dedos pelas letras, muitas delas escritas à pressa que mal as consigo ler, outras com uma letra tão certinha e direita, povoadas de símbolos alegres e divertidos. Detive-me em algumas datas que me entristecerem, mas sorri na maioria. Foi um ano de muitos acontecimentos de muitas mudanças, em mim e nos que me rodeiam, nem todas foram boas o que me deixou o coração apertado, mas a maioria fez-me crescer, ficar mais forte, enorme. Tantos momentos bons e felizes, tantas aventuras, tantas pessoas que me encheram o coração e a alma de alegria. Notei ainda algumas lacunas, muitos dias e semanas sem anotações, alguns acontecimentos que não escrevi. Talvez não tenham merecido que o fizesse, talvez sejam momentos nublados que não merecem ser anotados e devem ser esquecidos. Apesar dos altos e baixos, o meu copo continua meio cheio.