terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Já passou

Restabelecida foi finalmente a ordem nesta casa que mais parecia o camarim de um circo. 
Entre bigodes, cabeleiras, roupas desencantadas sei lá eu de onde, pinturas e adereços, tudo estava fora do lugar. Três dias de Carnaval e muitos disfarces depois, a gente desta casa finalmente aquietou-se. Filhos dormem a sesta, pais e gatos amolecem no sofá. Uf! Ainda bem que agora é só daqui a um ano, isto dos carnavais já me cansa.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

As palavras que não direi

Nos dias de sol em que acordo cinzenta, quase chuvosa até
Nem sei porquê
Nem sei porque não encontro as palavras, 
Nem sei porque me morrem na garganta ou porque se me afundam no coração
São palavras que calo, silêncios que grito, emoções que abafo
Nem sei porquê
Só hoje talvez... 
                    



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Anjo da guarda

Nas tuas asas me agacho
Nas tuas asas me cresço
Nelas me escondo e nelas me revelo

São asas de anjo, são asas de amor

Que nunca me falhem....

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A minha janela nova

O céu  está  azul. Um azul intenso mesmo à  minha frente, preguicoso e dengoso, esbatido ao fundo. Os cumes das árvores dançam num embalo lento e doce como quem me acena um cumprimento bem disposto. O ar ameno entra pela greta da janela aberta inundando a sala de fresco.  Uma ponta de serra na linha do horizonte, tão  tranquila e soberba como que a chamar por mim. Tenho uma janela nova.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Domingo à tarde

Refastelada eu no sofá de pernas no ar a descansar o corpinho de horas de pedaladas ao sol, batem à  porta. Uma senhora de saco de plástico  na mão a pedir ajuda para alimentar o seu filho. Começou  a contar-me a triste e desgraçada vida dela.... triste mesmo.
Ajudei a encher o saco, mas triste mais triste do que andar de casa em casa num domingo de sol a pedir comida, só  mesmo as canções do nosso festival da canção. ...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Eu gosto é de levar com o vento nas trombas

Pois gosto. Gosto é de pedalar ao ar livre, gosto é de saborear as lágrimas que me caem dos olhos por causa do vento, gosto do cheiro dos pinheiros, das paisagens, do barulho dos riachos e dos pássaros a cantarem à minha volta, gosto de ver as folhas a esvoaçarem à minha passagem, gosto de andar horas de sorriso na cara, gosto de ficar suja de lama, gosto de ficar com as pernas cansadas, o cu dorido, o cabelo colado à cabeça  e gosto de ficar com a alma livre, leve e solta. 
Tem sido difícil pois tem, com os temporais dos últimos tempos e depois de praticamente ter ficado entrevada ao decidir correr uma data de quilómetros a fugir da chuva quando há meses não o fazia resolvi montar a bike nos rolos, colocar imagens do National Geographic no PC mais uma banda sonora de passarada a chilrear e pedalar sem sair do lugar. À falta de cão, olhem, caço com gato. Podia até ser a mesma coisa pois podia, mas não é. Eu gosto é de levar com o vento nas trombas. Snif!



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Não gosto

Não gosto quando me arrombam os dias.
Metem-me o pé de cabra à porta e entram pelo meu dia adentro sem que eu consiga impedir. 
Trocam-me a tarde com a manhã, reviram-me as horas, deixam-me os minutos fora do sítio sem que os consiga encontrar. A calma fica assustada, a concentração foge com medo e o raciocínio fica num alvoroço.
Gosto ainda menos quando me arrombam as noites. Trocam-mas pelos dias, reviram-me os sonhos, desarrumam-me o descanso. A cama fica toda embrulhada, a pele exaltada e a rotina alterada.
Já venho, vou buscar uma corrente e um cadeado.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

É

E no meio do barulho que melhor oiço o silêncio.
É no escuro que melhor vejo a claridade

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Gostava

Sempre que as oiço, dizendo-as ou ouvindo-as sem que queira, juro a mim mesma que um dia vou ser capaz. Se há palavras, que eu sei, que voam com o vento, outras há que ficam gravadas no tempo, suspensas por um pequeno e ténue fio de voz num qualquer recanto da memória. Essas, as que ficam, são muitas vezes como pequenas agulhas que se vão espetando na pele e que a nós e aos outros fazem doer em certos momentos. E doem uma eternidade...
Talvez possa ainda chegar o dia em que eu consiga dourá-las, contorná-las, enfeitá-las com flores e berloques para que não mais doam. Gostava. É que eu teimo em acreditar em palavras...

Esternocleidomastoideo!
Hoje esta dói-me p'ra caraças.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Pintei



Lanterna para a noite

Pintei uma porta para o mundo e saí
Pintei uma janela para o amor e amei
Pintei uma lanterna na noite e olhei
Pintei estrelas, pintei flores
Pintei o céu e o mar
Pintei filhos, pintei mães
Pintei a alegria e a felicidade
Pintei...



sábado, 4 de fevereiro de 2017

E após vinte e um dias de pausa forçada pedalei!
Acordei e não quis saber de nada, peguei na bike e fiz-me ao caminho. Contra o vento, contra a chuva, contra o tempo, fui. O vento estava tão forte que dificultava a pedalada e me empurrava para trás mas em chegada à praia verifiquei que o mar amainou e pareceu-me até ver um pequeno raio de sol a tentar furar por entre as nuvens, chuva nem vê-la. Não vi vivalma, não me cruzei com ninguém por aquelas bandas, mas não há que fiar pois à vinda para casa assim que resolvi agachar-me atrás de um pinheiro para escorrer a água às azeitonas ao ar livre apareceu um carro, dois corredores e uma moto. Raios, uma Gaja já nem pode fazer uma mijinha no pinhal descansada...
Foram apenas trinta quilómetros mas alegraram o meu coração. 
Bom fim de semana.





quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Preciso

Há dezoito dias que não pedalo, mais precisamente há quatrocentas e quarenta e duas horas. Porque faz um frio de rachar, porque chovem cães e gatos, porque é noite às cinco da tarde, porque não tenho companhia. Não, não é por nada disto pois não há chuva, não há frio, não há noite, muito menos falta de companhia que me impeçam de pedalar, simplesmente outras prioridades e urgências me têm impedido de o fazer. A minha vida está virada do avesso e eu já não sei o que faça. Não pedalo há dezoito dias, não corro há dois meses, não vou ao ginásio há 4 e não vou ver o mar nem a serra já nem sei há quanto tempo.
E eu preciso disto como de pão para a boca... Começo a definhar de corpo e de alma.
Preciso de ouvir as ondas, preciso de ver a espuma a espalhar-se na areia, preciso de silêncio. Do silêncio da serra, de subir lá acima para ver a imensidão do céu, do cheirinho dos pinhais acabados de cortar, de correr pelas ruas da cidade, embrenhada na noite com um telhado de estrelas e a lua a iluminar-me. Preciso, de paz, de sossego e de tempo para pensar. Ou para não pensar em nada. Preciso.

(este blog está a ficar uma grande chatice, eu sei)