sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Agora a sério


Este que está a terminar foi um ano dos difíceis. Começou mal, continuou mal. Tão mal que quis terminá-lo e começar um novo em julho. Não resultou. Continuo a tentar encontrar-me no meio da confusão, quando já tenho idade suficiente para não me perder. Mas não vale a pena enumerar o que correu mal a nível pessoal, profissional e familiar, isto é, a todos os níveis, portanto, mas sim, vale muito a pena, encaixotar e arrumar a parte do ano mau e lembrar o que de bom aconteceu e que, ainda assim, foi tanto.
Pese embora os acontecimentos barra contratempos, Mamãe sobreviveu, Sogro sobreviveu, as minhas relações afetivas sobreviveram. O meu corpo, pese embora as alterações, sobreviveu, já a minha alma, ah, a alma, com algumas ajudas, cá vai andando, periclitante uns dias, cheia de certezas da vida em outros.
Fui à bênção das pastas de MaiNovo e vim de lá inchada de orgulho. Meu MaisVelho está finalmente a encontrar o seu caminho e a ganhar juízo e nada me deixa mais feliz do que isso. Tenho tentado ser maior todos os dias. Faço das tripas coração para apoiar a família em momentos difíceis, mas não tem sido fácil pois faço-o à minha maneira, a qual é, digamos, peculiar, e me deixa sempre um amargo de boca. Fiz o que mais gosto. Percorri doze aldeias históricas a pedalar e mais a Costa Vicentina, conheci melhor Fafe, Amarante, Póvoa, Mondim e Caramulo, tudo ao pedal. Pedalei por muitos outros lugares no Norte, no Centro e no Sul do país, num total de quase seis mil quilómetros, conhecendo pessoas e terras, vendo paisagens que enchem o coração e vivendo emoções indescritíveis. Percorri outros tantos quilómetros de avião e conheci Praga de lés a lés. Este ano andei numa roda viva, no fundo talvez a fugir de mim. E dos outros. Andei numa luta pessoal constantemente. Os meus dois eus debateram-se como nunca, e eu quis desaparecer, fugir, partir para outro lugar muitas e muitas vezes, mas fiquei, vou ficando, fico sempre e agora os meus eus estão mais calmos e mais tranquilos. Conquanto se mantenham assim, está tudo bem.
Sou pessoa de esperanças e de novas oportunidades. Sou pessoa de lutas. E por tudo isto estou pronta para mais uma época natalícia, em paz, junto da família e aguardo um novo ano cheio de tudo.

Desejo-vos a todos um Feliz Natal e um Novo Ano cheio de coisas boas.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Mal Dormida

Eu já desconfiava, derivado da proximidade da minha amiga insónia, que não me larga desde que travei conhecimento com a minha pessoa, que tinha problemas com o sono e o sono comigo. Veio então a confirmar-se pelo relógio inteligente que dorme comigo. Sim, além dos telefones, agora há relógios cá com uma esperteza que até o sono nos controlam. Sou gaja de tecnologias eu.
Esta noite o meu sono foi classificado com 56 pontos. Posto isto, o tal do relógio esperto, manda-me deitar mais cedo, não beber água antes de dormir e devido à má qualidade respiratória, manda-me fazer uma dieta saudável para não engordar o pescoço... O gajo até já me disse também que não durmo profundamente, que acordo muitas vezes, que respiro mal... O parvo! Como se eu não soubesse que era uma mal Dormida e que ando tipo zombie.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Coisas da gaja

Se eu tivesse o dom da escrita, fazia agora aqui um texto todo bonito sobre as cenas das mulheres e escrevia os prós e os contras de certas coisas que são inevitáveis nas nossas vidas, colocava dicas e conselhos para minimizar os efeitos e nomes de tratamentos e tudo e tudo.
Se eu fosse uma verdadeira lady, não falava do assunto e disfarçadamente abria a janela, despia o casaco ou ia até à rua apanhar ar.
Se eu fosse uma gaja certinha ia ao Dr. Google pesquisar tudo sobre o assunto e o que deveria fazer que fosse melhor para mim ou dirigia-me ao médico especialista para pedir conselhos e umas cenas para tomar e acabar com isto.
Mas não, não sou nada disto, serei portanto uma labrega e só quero vir queixar-me do raio destes calores que vão e vêm como se fossem comboios que não fazem greve e que me fazem querer despir ou meter a cabeça de baixo da torneira. Fonix!

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Ando aqui muito ocupada

A tentar perceber em que raio de lugar vim eu parar.
Quando pedi aos ET's que me levassem era no intuito de me deixarem num lugar cheio de pinta, afinal....



quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Aqueles momentos esquisitos

Em chegado o momento de besuntar as peles para disfarçar as marcas da idade, descaimentos, manchas, olheiras, pés de galinha e assim, desatei a ver tutoriais de auto maquilhagem como se não houvesse amanhã. Além do bb cream, máscara de pestanas e eyeliner, gaja que passa a vida a pedalar de cara lavada para não haver cenas a escorrer dos olhos e das peles, não sei propriamente como aplicar e onde os tais betumes e afins. Adquiridos os artefactos que faltavam, hoje foi o dia da experimentação...
Digamos. Não correu mal. Nem bem. A mim parece-me que levei um murro em cada olho mas ninguém deu por nada de diferente em mim. Afinal, para quem é caixa de óculos, os olhos nem se vêm, além disso não deve ter resultado mesmo. As grelhas ainda cá estão.

P. S. Onde se lê grelhas, são gelhas ok?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Pisca pisca

Não, não é a canção da outra, é mesmo uma reclamação aos senhores que fazem os carros que agora mandam tudo sem piscas. Vejam lá bem, carros tão caros e com defeito...
Não, o problema é dos carros defeituosos e não dos automobilistas que mudam de direção, param, fazem marcha à ré e se estão marimbando para quem vem atrás ou mesmo à frente. Piscas? Que raio é isso? Se ninguém faz porque carga de água hão - de fazer os que vão à frente da minha pessoa??. Bom, e posto isto, se por ventura estiverem parados no meio da estrada à espera de mudar de direção sem os piscas a funcionar, não se admirem se levarem comigo por detrás. Eu, uma gaja ensonada, a uma segunda-feira de manhã, sem café ainda no bucho e pitosga. Ah pois!!
Ainda não aconteceu porque sou moça com poder de adivinhação e reflexos mega rápidos mas poderá...

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ventos

As areias do deserto atravessaram este blog trazidas por ventos tempestuosos. Com elas vieram camelos, insetos e répteis. Alguns cactos nasceram aqui e ali e as dunas transformaram-se da noite para o dia. Construí um pequeno abrigo feito de toalhas de praia e de cordas que trazia na mochila, minha companheira nesta travessia, além de um livro com palavras e uma faca e aguardei dentro dele que os ventos se acalmassem. Camelos e outros bichos aproximaram-se do meu abrigo de olho no meu cantil da água e nas latas de feijoada, no entanto, eu, com a minha cauda comprida e farfalhuda, que nem eu sei porque sou possuidora de tal apetrecho, ameaçando-os, consegui acalmar os ânimos e eles acabaram por se enroscar junto a mim e me aqueceram naquela noite gelada do deserto. Fiquei cheia de pulgas eu sei, mas quentinha, e ao acordar as areias tinham parado de esvoaçar por causa dos ventos e eu vislumbrei um oásis. Montada no camelo cavalguei para lá. O oásis não era assim tão verdejante afinal, não tinha tanta água e habitavam lá alguns nómadas conhecidos por retirarem de todos os oásis por onde passavam o que de bom havia neles partindo em seguida para outro. Estariam portanto de passagem e por isso acabei por me instalar, aguardando que as areias do deserto se fossem deste blog.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Sonho que sonhei

Hoje acordei cansada, confusa, baralhada e com uma sensação de perda, desapego e angústia. Sonhei um sonho toda a noite. Sei que acordei várias vezes por não querer sonhar aquele sonho, mas quando adormecia voltava a sonha-lo e tinha sempre continuação. Estranho sentimento este, estranha sensação. Não consigo lembrar-me do sonho....

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Fácil!

Outfit para jantar de Natal tratado. Ontem fui à loja, escolhi, experimentei e memorizei. Tudo numa boa. Hoje, em plena Black Friday encomendei pela net, calmante, sem pressas, confusões ou encontrões. Sem filas. Entrega em casa sem custos. Yes!

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Tudo o que não sou


Reconheço-lhe o passo rápido e seguro de quem sempre sabe para onde se dirigir.
Reconheço o perfume intenso e adocicado, a aparência sempre impecável, a altivez no olhar a voz dominadora.
Reconheço-lhe a atitude assertiva todos os dias e a toda a hora, as palavras decididas, precisas e objetivas e a presença de quem, onde chega se faz notar. E se tal não acontecer por isso fará, pois, o centro das atenções ninguém lho tira, tudo o resto ficará em sua sombra e a pensar que sim, ou que não.
“Todos os dias saio de casa como se fosse o meu último dia” diz ela, “ Faço, digo, ajo, vivo. Tudo como se fosse a última vez…sempre!”

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Sonhos que sonhei


Durante anos tive um poster da Nadia Comaneci na parede do meu quarto. Todas as noites adormecia imaginando-me a fazer aqueles saltos mortais, aquelas piruetas nas paralelas assimétricas, os triplos saltos mortais no solo, os flics encarpados na trave olímpica. Imaginava-me naquilo durante horas, cheia de força e confiança e ao mesmo tempo elegância. E sonhava. Sonha a dormir e sonhava acordada. E em todas as manhãs, acordava, olhava o poster e queria ser como ela. Sabia dessa impossibilidade, mas ainda assim não parava de sonhar e durante muitos anos quis ser como a Nadia Comaneci. Ainda hoje sonho por vezes este sonho. Estranho é nunca ter desistido de os sonhar, parece que nunca cheguei a crescer e que nunca adaptei os sonhos à minha realidade. Por causa disso a minha cabeça e o meu corpo não se entendem, ela manda e o corpo ressente-se. E andamos nisto.


domingo, 18 de novembro de 2018

Quando eu for grande

Quero saber planear refeições e organizar marmitas. Estou fartinha de ler sobre o assunto e até já tentei algumas dicas, assim como tentei várias vezes preparar na noite anterior o que vou vestir no dia seguinte. Simplesmente transcende-me desaparafusa-me os neurónios, baralha-me e contraria-me. Não consigo. Mesmo que prepare a roupa, quando acordo é que sei se acordei cinzenta e sou incapaz de vestir uma roupa encarnada e se acordo executiva não me sinto confortável com umas calças de ganga e se acordo desportiva tenho de esquecer o blazer e as calças vincadas. Ora, o mesmo se passa com a comida. Como é que eu vou saber ao domingo o que me vai apetecer comer na quinta-feira ein? E se eu tiver carne e só me apetecer uma sopinha? E se as termites cá de casa devorarem tudo ao jantar e não restar nada para a marmita? E se eu fizer mal os cálculos (como sempre) e apenas sobrar um fio de esparguete para três, ein? Esqueçam lá isso. Eu nunca me lembro de manhã de deixar algo a descongelar, nunca sei o que fazer e nunca tenho tempo ou me apetece aquilo que planeei. É muito bom, muito mesmo, ter tudo controlado e organizado, mas gente, eu sou uma gaja espontânea, faço e digo e só penso depois. Socorro! Preciso de um workshop de marmitas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Hyacinthus



A minha Manuela das limpezas é uma idiota pois tem sempre imeeensas ideias.
Algumas brilhantes, outras nem por isso, para não falar no que acaba por partir ou estragar à conta de tanta mudança. A minha Manuela é um furacão capaz de levantar o sofá com uma mão e aspirar em baixo com a outra, mas eu até agradeço (se não deixar cair o sofá, claro).
Estou sempre em ânsias para chegar a casa às quartas-feiras e descobrir qual foi a ideia que teve essa semana e tenho a dizer-vos que tenho tido muita sorte nunca me ter calhado encontrar a cozinha no quarto e o quarto na sala. Mas tenho jacintos em novembro. Ah pois é! Um pouco raquíticos é certo, mas tenho. E esta ein? A minha Manuela é ou não é um espetáculo?


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Praga


Quinze quilómetros a pé por dia de mapa na mão, outros tantos de autocarro panorâmico a ouvir os guias, mais alguns de barco rio Moldava acima e abaixo, praticamente em silêncio e de olhos bem abertos, embrenhámo-nos pelas ruas, pelos parques, pelos monumentos e por entre as centenas e centenas de pessoas (na maioria chinocas ou japoinas ou lá o que eles são, mas com os olhos em bico) bebendo e processando tudo o que víamos e ouvíamos. E tudo o que vi e ouvi e senti foi fantástico. Praga é uma cidade maravilhosa, carregada de história e de beleza. Em dezenas de fotos imortalizei o que os meus olhos viram, mas na minha alma trouxe muito mais de tudo e que vou guardar na minha caixa das viagens para ir abrindo de vez em quando.
Vão lá se puderem que vale tanto a pena.











segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A idade engorda

Já tinha constatado o facto em diversas ocasiões no entanto e devido a alguns genes de certas pessoinhas magras que teimam em contradizer tal teoria ainda fiquei na dúvida. Comprovei a gordice este fim de semana ao entrar para um grupo no Facebook de pessoal da minha geração na escola secundária. Ai o que me ri com aquelas fotos e a nostalgia que senti ao recordar certos momentos  e certas pessoas a quem perdi o rasto. Mas bom, praticamente toda aquela gente hoje é o dobro do que era há trinta anos. Pois que está mais que provado, a idade engorda, isto é, aumenta a idade e engorda o corpitcho às p'ssoas... A algumas, muito mesmo.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Não sei bem porquê

Tenho sempre pressa e corro todos os dias em várias direções. Pressa em sair, pressa em fazer, pressa em chegar seja lá onde for. Vivo à pressa e dificilmente consigo esperar com calma por algo ou alguém. Quando dou por mim estou a ranger os dentes e até já me doem os maxilares da força que faço para controlar esta minha pressa de viver. É nem sei bem porquê. Mas ainda há uma réstia de esperança para a minha pessoa.
Há momentos em que a pressa se vai.




terça-feira, 30 de outubro de 2018

Está tudo bem

Apesar deste mar de água que tem caído dos céus ultimamente e de já quase não haver folhas nas árvores nem cabelo na minha cabeça por causa da ventania.
Apesar das constantes viagens para o hospital porque os velhotes da família caem que nem tordos, está tudo bem.
Apesar de ter dado mais uma oportunidade ao meu gato mijão para entrar em casa por causa do frio e ele ter mijado nas cortinas e apesar de não poder pedalar nem correr na rua por causa do mau tempo.
Apesar de ter uma viagem marcada e paga e de, em calhando, não poder ir e de alguns tapetes me tirarem o chão todos os dias, está tudo bem.
Tenho os pés quentinhos e acabei de comer um Twix todinho.
Vai ficar tudo bem! Eu sei.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Não há condições...


Ser velho e doente é triste, muito triste. Não posso dizer que seja condição deste ou de outro país porque velhice e doença existe em todo o lado, mas na verdade por cá somos escassos em soluções e ver-se doente numa cama de hospital ou lar ou o que quer que seja, sem conseguir movimentar-se ou comunicar, mas consciente, é triste e muito indigno. Questiono se será Deus tão grande assim, se terão as pessoas de sofrer tanto para partirem, questiono-me porque terá de ser a vida tão injusta….

Por estas e por outras sinto e mostro alguma resistência ao saber que para lá caminho a passos largos. Por estas e por outras tento viver todos os dias o melhor possível e o máximo que posso na rua e em contacto com a natureza para dar alimento ao corpo e à alma e tentar preservar a minha qualidade de vida. Além da bike tenho feito umas corridas pelas ruas e parques da cidade, corpo e alma agradecem, as gargalhadas também, especialmente ontem.

Saí do trabalho, equipei-me já em passo de corrida e saí para me embrenhar no mundo, mas… Como já sabem, comigo, há sempre um mas e muito ar me entrava pelo pandeiro acima, o calção estava curto, a cueca do calção enfiava-se-me por entre o nalguedo. Raios! Fiquei cusuda de terça-feira para hoje ou quê? Ora, puxa e empurra calções durante sete longos quilómetros para não ir toda a viagem com as peles assim à mostra. Compra uma gaja um outfit à atletista das corridas, super caro ainda por cima e é isto, lava-se e fica assim, minúsculo no pandeiro… Vou reclamar à loja, ó se vou!
Findo o trajeto e em chegando a casa aflita, corri para o wc e ao tirar os calções… etiqueta à frente!!! Calções ao contrário, portanto…

Ora digam-me que ser cota e destrambelhada não é triste…

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Cada vez mais louca varrida, quando acharem por bem internem-me por favo

Quando sentes o sangue a palpitar-te nas veias, quando sentes o coração a bater perto da boca, quando ficas deslumbrada e queres apreciar a paisagem, sentir aquela imensidão de beleza a arrepiar-te a pele mas não podes porque no trilho para onde te levaram e onde tens de passar só cabe a roda da bicicleta e tens de te concentrar para não caíres no precipício, quando sentes os arrepios de adrenalina a percorrer o corpo e pensas ”Ainda bem que vim, como eu adoro isto!”
Mas depois, já que estás a pensar, lembras-te que tiveste um problema mecânico e estás sem travões!!!
Que tal fazeres este trilho com um pé desencaixado do pedal pronto para o que der e vier e a rezar para não aparecer um obstáculo e para não teres de travar? Que tal teres noção que o mais provável é esbardalhares-te por ali abaixo a qualquer momento? Que tal é sentires que podes estar por um fio? Que tal?
Cagadinha de medo pois então!! Ficar branca como a cal e chegar lá abaixo com falta de ar, os dentes gastos de tanto ranger, a tremer e o coração a querer atirar-se ao chão e ainda por cima, ouvir os gajos a dizer, “Então, nunca mais vinhas, isto é pedalar por ali abaixo e está feito.”

Que s’a lixem. Eu fui para a serra sem travões e sobrevivi.




terça-feira, 16 de outubro de 2018

Novo capítulo

É nos calidos dias de Outono, cinzentos e com pouca luz que penso mais na vida. Não sei por que razão me sinto tão desfazada dela, quando ela, a vida, me tem trazido tantas coisas boas. Talvez eu até faça por isso e mereça cada acontecimento, cada pessoa que ela me traz, mas uma coisa eu sinto, nunca estou suficientemente certa de que sou digna delas. Sei que poderia sempre fazer mais, dar mais, falar, rir, abraçar, amar..
Mais e melhor!
Talvez até, quem sabe, eu devesse trazer verão aos dias de Outono.

P. S.
Este fim de semana fui com a minha bike de comboio até ao Norte visitar uma amiga que o blog me trouxe. Saí de casa era verão, quando cheguei tinha passado uma tempestade que tudo deixou fora do sítio e era pleno Outono....

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Descabelada

Comentei com o marido que este inverno havíamos de tosquiar a buganvilia pois ela alastra como se não houvesse amanhã e os vizinhos já andam com certeza a proferir palavras de escárnio e maldizer contra nós com tanta folha e flor a esvoaçar por todo o lado e guias cheias de espinhos a invadir muros e telhados.
Qual inverno qual quê, no Inverno as escadas e os telhados tornam-se escorregadios e muito perigosos. Não é tarde nem é cedo, é já!
Antes.....
Depois....
Mais ou menos euzinha depois de dar umas tesouradas no meu próprio cabelo :)



domingo, 7 de outubro de 2018

Voltei

Fui ali fazer-me ao Caminho Histórico da Rota Vicentina. De Santiago do Cacém ao Cabo de São Vicente de bike. 210kms e dois dias e meio de, achava eu, planícies alentejanas, chaparros e praias paradisíacas cheias de surfistas bem apessoados. As praias paradisíacas estavam lá, os surfistas também, já as planícies... poucas, muito poucas. E ao contrário do que eu imaginava, montes e serras para trepar eram aos molhos. Dizem que só os bravos se atrevem. Eu... fui ao engano mas esfalfei-me para as subir e descer e consegui. Devo ser uma brava portanto. Mas o mais importante é que como em todas as outras travessias, voltei muito mais rica. Rica de gentes e lugares, rica de paisagens, conhecimentos, vivências e emoções.
Vi pessoas diferentes, vi planícies, subi serras assustadoras. Vi muitas vacas e cabras, fui perseguida por dezenas de cães pastores. Vi montanhas de fardos de palha, lavei-me do pó nos riachos, vi o nascer do sol do alto dos Cerros da Carrapateira. Passei por expedições de Alemães onde os burros carregavam as mochilas, passei por muitos caminhantes e ciclistas, pessoas a passear a cavalo. Fiz festas a uma Alpaca. Dei mergulhos no mar, jantei na Zambujeira a ver o pôr do sol. Pedalei durante quilómetros ao longo dos diques de rega, comi açorda de bacalhau à moda do Alentejo, ouvi o silêncio da madrugada da janela do meu quarto. Fui corrida de uma propriedade privada ao saltar uma cerca e vi o céu e o mar fundirem-se num só. Nas falésias deixei as tristezas, no alto das serras larguei as angústias . Numa das subidas mais íngremes, não tive força na perna e caí para o lado, lá, deixei um pouco da minha pele e trouxe um braço negro e arranhado como arranhado ficou o meu orgulho no momento. Cheguei por fim ao Cabo de São Vicente suja e cansada mas de sorriso nos lábios e muito feliz. Mais do que uns dias de férias, mais do que sair da rotina, mais do que correr mundo de bicicleta, mais do que tudo o que por lá deixei e tudo aquilo que trouxe, foi mais um desafio concluído! E quando eu consigo concluir desafios, eu consigo tudo....
Já estou a preparar o próximo.




















quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Ah malvada que desta é que te tramaste!

Vamos lá ver se é desta que a aranha que vive no meu espelho para me assombrar vai com os cães.
Biokill com ela!!

 Muuhahahah


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Oca

Discernimento e clareza de ideias é coisa que escasseia nesta minha alma penada e à deriva no momento. O pensamentos encontram-se igualmente confusos e obscuros, derivado de certas doses diárias de choques eléctricos por um lado e outros tantos choques calmantes por outro. E depois, além de tantas outras ralações, tenho uma aranha residente no espelho lateral esquerdo do meu  bolinhas. Todos os dias limpo a teia, todos os dias lá tenho uma nova. Eu, que tenho pavor de aranhas já não sei o que faça. São demasiadas ralações, portanto.
Então e por ora, quedo-me por aqui calada e sogadita que é para não dizer besteiras.
Inté

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Máscara

Foi por detrás daquela máscara que tudo aconteceu. As guerras, os duelos, os debates. A raiva e o desespero, a solidão e a tristeza, a dúvida. Mas também o amor e a amizade, o querer. Foram as luas minguantes, as brumas que tudo escondem, tudo toldam e tudo escondem. Mas depois vieram os sóis e as luas, a vida a brotar de dentro e a voltar ao normal. A máscara tudo esfuma e tudo tapa e só os mais atentos conseguem vislumbrar através dela. Ninguém o fez..... Ou até fez e muito.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Ainda que não me perguntem


- Então GM, como vai essa dieta ein?
Eu quero porque quero dizer-vos.
-Ooooolhem, vai bem muito obrigada.
Na verdade, e segundo a nutri do gym eu nem tenho excesso de peso, mas eu sei, porque sei, que nós sabemos destas coisas, eu tenho três teimosos quilos acima do meu peso habitual que chegaram assim de mansinho e se foram instalando ali para a zona da cintura e da barriga, vá. Alguém os perdeu e eu achei-os pronto. E depois comprei umas calças de cintura subida, verdes e justas, mas a alargar para baixo tipo maxi saia mas em calça, lindas de morrer e acontece que não consigo respirar dentro delas….
Vai daí que me propus a alguns cuidados extra na alimentação que me fazem andar em ressaca de açúcar e gorduras, ao regresso ao ginásio que me tornou paralítica durante alguns dias  e o beber água com limão como se não houvesse amanhã que me faz praticamente viver no wc. Eis que na quinta-feira passada tive desejos de sopa de grão que comi desenfreadamente e depois no sábado a pedalada parou na TiMaria dos Queijos e o cervejão e a farinheira grelhada estavam uma delícia e no domingo à noite havia festa na terrinha e marchou o arroz doce quentinho fazendo-me recuperar o perdido, snif!
Esperem… eis que voltei a entrar nos eixos e estou a portar-me lindamente agora, mas, e porque nestas merdas há sempre um mas, hoje é dia de confraria do pastel de nata… Ai que eu não respondo por mim.

Fiz granola!! Ó p'ra ela tão maravilhosa :)





quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Modernices ou a vida dentro de um retangulo


É certamente por estas e por outras que os CTT, os tais do correio caracol, estão se finando e procuram desesperadamente outras vias de negócio como a banca e os transportes expresso…
Ora, gaja que é gaja, vai não vai tem de fazer uns certos exames a peças do  seu corpitcho. Antigamente iam levar-se as lamelas devidamente acondicionadas aos correios que laboratórios só os havia em Lisboa e no Porto e em se sendo da província, nicles batatoides, enviavam-se por carta. Depois passou-se a ir ao dito laboratório ali perto pessoalmente entregar a caixinha cujo resultado chegava a casa pelo tal dito correio caracol, levava-se ao médico e bla, bla bla whiskas saquetas. Hoje e com estas modernices das internetes, a assistente do próprio médico trata da entrega das lamelas em mão, o resultado vem para uma gaja por email que por sua vez o reencaminha ao médico que por sua vez instrói a assistente para telefonar a informar que uma gaja tem uma receita do Dr. com um tratamento para levantar. Tudo isto num espaço de dias. E vejam bem que até já há receitas que nos chegam ao telefone que é smart e sendo smart basta mostrá-lo na farmácia e já todos sabem do que se trata. Quem está mesmo lixado é quem não tem smarts e internetes. E depois admiram-se que uma p’ssoa passe a vida de volta dos smarts e não saiba viver sem eles. É que os smarts hoje em dia têm a nossa vida lá dentro.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Todos diferentes, todos iguais, uns mais do que outros


Ouvi que alguns casais com o tempo se vão tornando parecidos, se adaptam, se transformam e se fundem à imagem um do outro.  Há mesmo teorias e estudos sobre isso e até já vi imagens de casais vestidos de igual… Isto só pode ser nas Américas ou na China, claro, onde todos os fenómenos acontecem inclusivamente esse, mas várias ilações eu já tirei por aqui, tantas vezes acontece que se um é desportista, ambos se tornam desportistas, se um é gordo, ambos se tornam gordos, se um é culto, ambos se tornam cultos, mas também já vi aberrações que não lembram a ninguém e me espanta como alguns casais estão juntos há tantos anos, sendo eles tão opostos e parecendo não haver um único ponto em comum.
Eu cá não sei, mas no caso do Zé e da Lili sempre houve diferenças que no fundo eles foram respeitando sem invadir demasiado o espaço um do outro, mas, pessoalmente estou em querer que o tempo acentuou essas diferenças e que com esse mesmo tempo um pequeno fosso foi se instalando dando origem a um abismo que se tornou a determinada altura difícil, senão impossível de transpor. Existem razões algumas que a própria razão desconhece e uns se acham seres tão perfeitos que tentam fazer os outros à sua própria imagem criando sem se aperceber um distanciando enorme, fazendo silenciar quereres, fazeres e sentires do outro. E os silêncios doem por demais, as distâncias matam devagarinho e as circunstâncias ditam os desencontros. Talvez matem mais a um do que a outro, ou calem mais um do que o outro, o que é certo é que há um momento em que a magia já há muito que se foi e tudo deixa de fazer sentido. Decididamente já não se quer ser perfeito, já não se quer agradar ou deixar andar, quer-se ser apenas e só o que se é e pronto. Se por um lado quero aconselhar que sim, que lutem para diminuir a distância e os silêncios, por outro tenho vontade de dizer que não, que vão finalmente ser o que são…

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Não, não consegui explicar de forma a fazer-me entender…


Hoje tentei explicar a alguém que também não, não era capaz de me levantar às sete da manhã para fazer exercício físico mas que sim, sete, seis ou mesmo cinco se fosse para ir subir uma qualquer serra a pedalar ou andar uma ou duas horas de carro para ir conhecer uma nova ciclovia no outono onde os noventa quilómetros de pedalada ao longo de um rio são mágicos porque as folhas de vários tons de dourado vão caindo ao passarmos, atapetando os caminhos e iluminando os céus, que sim, que não me custa o frio e o calor ou até a chuva, a madrugada ou a noite quando se trata de subir ao monte e ver o mundo lá de cima, bem pertinho do céu e das nuvens. Que sim, que tudo vale por aquela imensidão a meus pés, aquela paz, aquele silêncio. Que não, não me custa pedalar dias seguidos para conhecer novos lugares, que não me custa o suor, o cansaço, a dificuldade, o pó, as pedras e as silvas quando é para pedalar, que não me custa fazer vários quilómetros toda molhada porque descobrimos um riacho por entre as árvores e nos refrescámos vestidos e calçados lá dentro. Não, não consegui explicar..


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Recaída


Hoje acordei comunista. Bom, comunista, não, é mais da oposição, seja ela qual for. Ou então, não, acordei apenas com vontade de dizer o que penso. E quando acordo assim é quando verifico todas as coisas que estão mal à minha volta com as quais eu discordo e quero/queria mudar. Não que nos outros dias não as veja, que vejo, mas nestes dias especialmente, em que acordo comunista ou da oposição vá, dá-me nas ganas e faço-as saber ao mundo, só que o mundo não quer nem saber e eu para aqui fico, com algumas palavras a menos e uma sensação de ter falado demais. Sempre fui assim, de querer mudar o dito mundo, nunca ganhei nada com isso, ou ganhei mesmo muito pouco, e entretanto, por conta de algumas ensinadelas, outras tantas zangadelas e enervadelas e muitas pisadelas, quase me deixei disso. Hoje e de quando em vez volto a ter recaídas. Raios e coriscos! 

Vá lá roam-se de inveja


Da minha marmita de hoje para o almoço. Em dieta, claro. É claro também que não vos vou falar dos estragos do fim de semana, nem do andar novo por causa do regresso ao ginásio, muito menos da constipação por ter andado a pedalar no sábado com 39 graus e ter metido a cabeça e os pés e todo o corpitcho debaixo de uma fonte para refrescar e de ontem ter sido corrida da praia com um frio do camandro. Não, isso são apenas pormenores que não interessam a ninguém. O que é preciso é foco, minha gente, foco!



terça-feira, 28 de agosto de 2018

Sim, sim, comecei

A dieta. Nem sei muito bem, mas se a minha marmita do almoço continha apenas é somente um "petite" bife de frango, enrolado e recheado com meia fatia de fiambre e meia fatia de queijo, dourado no forno com azeite e limão e três, apenas três palitos de batata frita e ainda e apenas um pêssego e uma gelatina zero calorias e se às três da tarde estou esganada com fome que já nem vejo.... Não, não comi o palito que fechava o "petite" rolo, mas sim, aparentemente comecei a dieta.

Sim, sim GM #1



Eu, que já fui uma organizada compulsiva, acabo de decidir que me enervam os organizados compulsivos. Credo! Vou chegar a casa e vou tirar tudo dos seus lugares, já não posso com listas, listinhas e listonas, listas de listas, listas de listas de listas, pastas e sub pastas, aplicações, exceis e outras organizações. E depois é taças, tacinhas e taçonas em crescente, tampas em decrescente, toalhas por cores, cuecas por tipos, meias por tamanhos, livros em degradé…
Nossa! Que violência.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Sim, sim GM

Acabei de decidir que estou gorda e vou fazer dieta.
Talvez amanhã que hoje é dia de confraria.... A do pastel de nata.
Ah! Amanhã também não que tenho o jantar de aniversário da cunhada...
Ummm! Segunda-feira...
Sim, segunda-feira é que é!

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Compram-se asas


Pois que isto das chamadas férias não me serviu de grande coisa e me encontro de novo invadida por um estranho cansaço e desprovida de paciência para enfrentar as merdices da vida. A vida havia era de ser apenas vivida, ponto. Sem um cérebro para nos atentar e um corpo para nos lembrar que temos certas peças que já não funcionam tão bem. Ao olho nasceu-lhe uma gordura, à barriga nasceram-lhe uns sinais, ao joelho deram-lhe umas dores. Aos que me rodeiam nasce-lhes tudo quanto é de mau a à minha cabeça, essa, nasceram-lhe umas dúvidas e umas angústias e até umas tristezas que teimam em me atazanar. Haviam era de nos nascer umas asas, mas no corpo, que na cabeça já as temos. Umas asas que nos levassem de certos lugares para fora quando as coisas ficam feias. Umas asas que nos levassem para planícies verdejantes com céus azuis e uns ribeiros para refrescar e umas flores para perfumar os ares. Umas asas que nos fizessem voar lado a lado com outros seres alados em noites repletas de luas brilhantes e em que as pessoas que estragam isto tudo, fossem transformadas em animais felpudos, com patas de veludo, dóceis e sem língua, claro. Sei que me decidi há pouco por um novo ano vida nova, mas no final de contas, depois do fogo de artifício tudo ficou igual. As asas estão me a falhar e as resoluções não conseguem voar. Porque serão alguns sapos tão indigestos e alguns dias tão longamente curtos? Raios partam que se me acabaram os chocolates e as bolachas e me falta o tempo para pedalar….

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

A olho

Há uns tempos Mamãe foi passear e não encontrando nada digno para nos presentear, aparece cá em casa com uma tablete de quilo. Ui!!! Todo um quilo de chocolate para devorar. Ora, nada mais adequado para a minha pessoa, pois claro, que era do negro e apenas a minha pessoa é apreciadora de tal iguaria. Pois que novecentos gramas marcharam quase de seguida ficando uns míseros cem gramas por ali a cirandar que no verão há outras cenas mais doces para degustar. Passeando pela despensa dei com os olhos neles e nada como interiorizar o sentido de que "nada se perde tudo se transforma". E eu transformei! Misturei uns ovos, um pouco de açúcar, manteiga, cem gramas do dito, juntei um pouco de magia, tudo a olho, claro e "voilà! " une petite mousse au chocolat. Minha, só minha, toda minha!



terça-feira, 21 de agosto de 2018

Dói dói

Pois que isto do trabalho dói.
Tirando a parte do fresquinho do AC, pode doer sim, especialmente quando a uma segunda-feira arrancas ao fim do dia a cento e duzentos a hora para uma linda praia perto de ti para rever uma amiga acabadinha de chegar do Norte  e acabas refastelada na esplanada até ao pôr do sol com uma bebida qualquer e a pôr a escrita em dia. Maravilha das maravilhas. Só de ver a azáfama das gentes, do mar para a toalha e da toalha para o mar e a corrida ao gelado e à bebida fresca, a desmontagem do estaminé  e o carregamento do mesmo pelas famílias praia acima, carregados até aos olhos com uma panóplia de cenas de praia mas felizes que só eles, uma gaja fica invejosa. Pois dói, dói quando na terça-feira acordas depois de uma noite quente e mal dormida e verificas que ao invés de voltares à esplanada, tens de ir pegar no batente.
Raios! Porque é que me fizeram linda e não rica...

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Isso de voltar ou não onde já fomos felizes

Podia até passar o dia numa praia da moda a fazer raios X a quem passa, mas isso é coisa que raramente acontece porque na praia, ou estou pasmada a contemplar o mar, ou quedo-me quieta e de olhos fechados a sentir o sol a estalar-me o sal do mar na pele e a ouvir o marulhar das ondas como que envolta num hipnotismo insane. Não, nada, mas nada paga a paz, o cheiro a maresia, a areia grossa debaixo dos pés, o correr a espantar o grupo de gaivotas pousadas na praia, todas viradas para o mesmo lado e o chapinhar nas ondas que beijam o areal vazio de algumas das minhas praias do Oeste.
Sem redes, sem internetes, sem cafés e cá em baixo, bem em baixo, rodeada de amigos como á trinta anos atrás, as gargalhadas, as memórias contadas e partilhadas a quatro,  seis ou oito, o almoço de pernas cruzadas á chinês debaixo dos guarda sóis, a sesta da tarde, as brincadeiras na água, o pôr do sol e a caminhada de volta no fim, até lá bem acima, de volta á realidade.
Já nem me lembrava bem como eramos felizes com tão pouco, nesta praia outrora quase deserta. A vida andou e desandou, desesperou por vezes, mas voltou. Estamos voltando a sítios onde fomos felizes e onde voltamos a ser.
É que há praias no Oeste que têm cascatas de água.....

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Isto das tascas blogosféricas

Tenho lido por aí que os blogues morreram.
Não sei bem, mas na verdade, não me parece que seja uma pausa de verão esta pasmaceira em que se encontra a blogosfera em geral.
Há muito que se tem vindo a assistir a várias mortes de tascas, tasquinhas e até grandes casas, casas de boas leituras e muitas das que não morreram ainda, estão praticamente moribundas. Terão seus donos partido para outros locais longínquos deixando suas tascas ao abandono? Terão, ao invés de terem tascas de rua, partido para outras, em centros comerciais cheios de gente, ou mesmo partido para a criação de megastores? Terão perdido a inspiração, a vontade de escrever?
Não sei, mas terão certamente outros pontos de interesse, outras motivações para onde partiram com toda a certeza.
Pessoalmente, confesso que o mesmo se passa comigo. Acuso o desgaste  e a saturação, a falta de interesse e inspiração, a falta de sentido para a coisa e a falta de tempo para fazer a canjica rala que alimenta esta micro tasca. Não sei se a hei-de fechar, se apenas fecharei as janelas e deixe a porta entreaberta, mas por ora aqui ficará, ainda, moribunda como tantas outras.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Pronto, já podem matar-me se quiserem

Diz-se por aí que no mundo virtual, todos criam personagens bonitos e bons e felizes.
Pois eu admito aqui e agora que sou uma péssima mãe, péssima filha, esposa, irmã e amiga. Colega de trabalho então, até sou capaz de ser uma autêntica bruxa. Já andei a conduzir e ao telefone, já passei traços contínuos vezes sem conta e ando quase sempre em excesso de velocidade. Já matei animais, especialmente aranhões, melgas e lagartixas e faço-o de novo e sempre que o consiga fazer a uma distancia considerável. Já roubei fruta em quintais alheios e uma vez até roubei uma braça de uma planta, a dona viu e queria chamar a polícia, quase a matei à má língua. Dei umas palmadas nos meus filhos e fiz bullying a uma vizinha quando era garota. Já menti, já omiti, custa-me pedir desculpa, sou do mais arisca que pode haver e não gosto cá de beijoquices. Sou teimosa e refilona que só visto, orgulhosa então, deve haver poucas como eu. Sou egocêntrica e tenho dificuldade em colocar-me no lugar dos outros. Quando embirro com alguém ou alguma coisa, não vejo um palmo à frente do nariz.
Não vivo do blog porque sou burra que nem uma porta e não só porque não quero, mas porque não tenho capacidade para tal. Não sou rica porque não tive a esperteza nem de casar com um homem rico nem de ascender na profissão. Não sou linda, nem alta, nem boa como o milho e simpática é só às vezes. Não aprecio velhinhos nem criancinhas birrentas.
Resumindo e concluindo, não ando aqui para enganar ninguém nem aqui nem na vida real. Dissimulada é o que não sou nem um bocadinho, mas até gostava. Mesmo! É que isto de morrer de morte matada não há-de ser fácil.
E pronto! Assim sendo podem então matar-me, mas aviso já que sou dura de morrer.
Já morri de amor, de desgosto, já morri de dor e de tristeza, já morri de várias outras mortes e voltei sempre a nascer.
Sei nadar, sei fugir a correr e de bicicleta, sei body combat e já não tenho vesícula. Por isso, vejam lá como é que me matam, ok?
Até!



P.S. Vejam lá bem isso que eu até sou gira e fixe e sei fazer algumas coisas mais ou menos ok? Ah! E gosto de animais e de algumas pessoas e choro nos filmes, sou trabalhadora, amiga de quem é meu amigo e muito leal. Bom, pese embora tudo o que disse ali em cima, sou até bastante prendada. Reconsiderem isso do matar-me, vá.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Saber ler...

Era o que eu queria fazer ao pensamento do segurança que vive na gurita da fábrica perto de minha casa. O que pensará ele ao ver-me voar na lomba mesmo frente ao seu portão praticamente todos os dias, faça sol ou faça chuva, um dia a correr, no outro de bicicleta e no outro de carro, depois de novo de bicicleta, de novo a correr e depois de carro para lá e para cá num sem parança sem explicação. Eu sei que eu bem o vejo a espreitar quando eu passo praticamente a gritar Ahhh! lá vem ela, a maluquinha. Vou começar a fazer-lhe fixes para que ele tenha mesmo a certeza que eu não bato bem da bola.


A praia hoje às 7 da tarde estava brutal!


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Destes dias de verão

Dos quarenta graus não me lembro, mas lembro-me das sardinhas e dos pimentos regados com azeite e vinho e a broa a acompanhar. Lembro-me das ventoinhas a soprar vento por cima da mesa. Lembro-me da música dos anos 80 e 90 em altos berros naquele quadrado de pátio, dos baldes de água atirados a uns e a outros, das mangueiradas á queima roupa e dos gins a passarem de mão em mão. Lembro-me dos pés descalços a chapinharem no chão, da dança frenética, das gargalhadas, da roupa a secar na varanda. Lembro-me dos telemóveis enxarcados em cima da mesa e lembro-me de me sentir fora de contexto e retraída mas depois lembro-me de me soltar e entrar nos jogos. Lembro-me de dançar, lembro-me das piadas de sempre, das brincadeiras de sempre, das gargalhadas de sempre. E lembro-me agora, ao ver os vídeos daquele dia, que embora cada um á sua maneira, ainda somos felizes. E amigos. Vai pra lá de trinta e muitos anos......

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Calores

O calor atrofia-me o espírito que quer voar e não consegue. O ar está denso e quente, impede-me de respirar e não me  permite voos. O calor para-me o corpo, impede-me o sono e o descanso. O calor derrete-me o pensamento. Estou parada no tempo e no espaço como se isso fosse alguma vez possível....
Mas! E porque existe sempre um mas, vivo no Oeste e afinal de contas o nevoeiro e o fresco voltaram. É bom viver no Oeste.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Outra vez

Quis o destino, irónico que só ele, que eu finalmente compreendesse porque raio me calha, todos os dias, por vezes até várias vezes e em vários locais, a última meia folha de papel higiénico do rolo. Não, não é porque os outros se estão literalmente cagando para mim e ou para os outros que vêm a seguir, ou  porque apenas o digníssimo próprio cu lhes interessa. É porque o destino assim quer. Ele que que eu aprenda de vez que, pese embora haja muita merda que se limpa até que o algodão não engane, algumas vezes faz-se merda que não se consegue limpar....

P.S. Desculpem o baixar do nível.
Por favor substituam a merda por cocó e o cu por rabo. Ah! E o cagando por defecando.
Agradecida.

A última meia folha do rolo de papel higiénico!

Tiro e queda, calha-me sempre.
Só pode ser um sinal divino.

terça-feira, 31 de julho de 2018

Até dói

Se dói, voltar ao trabalho depois das férias... Dói tanto que ainda ando aqui a colar pensos rápidos por todo o corpo e a cabeça ainda está ligada às máquinas....
Mas foi, foi um solzinho na tola e no corpitcho, foi água salgada, foi areia, foi uma vidinha de dondoca sem cozinhar, lavar e passar. Há lá coisa mais boa?
E foi, foi o livro "um sopro de vida" da Clarice Lispector que encontrei numa livraria perto de mim, com o qual me identifico mas que é um total desassossego. Sei agora que sou ainda mais desassossegada do que alguma vez imaginava e que  nem a idade me traz a tranquilidade que tanto anseio. Preciso dar mais uma volta à minha vida, isso sim.
Foi, foi a série "The Handmaid's Tale" tão... Intensa, tão forte, mexe tanto cá dentro que quando fecho os olhos ainda vejo algumas cenas.
Foi, foi "A casa de papel" boa, muito boa.
Foram as pedaladas, foi mais um Caminho, o Caminho Poente, Nazaré - Fátima - Casa, 106 kms para acender uma vela e praticamente ser escorraçada do recinto porque tinha uma bike na mão e não podia incomodar os peregrinos.... Triste, muito triste, inconveniente, arrogante e vergonhoso que foi aquilo.
Foi, foi dançar e pular num concerto longe de mim com os amigos.
Foi, mas foi, acima de tudo perceber que preciso de me meter aí nalguma seita ou grupo de terapia ou quem sabe aprender a fazer crochet para que esta inquietação se vá. Já nada me valha, nem férias, nem trabalho, nem diversão, nada. Sou um caso perdido de desassossego e inquietação. Posto isto, resta-me andar aqui, atrás do rebanho até à coisa amainar :))
Se amainar.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Entretanto a Oeste

Segunda semana de férias é passada aqui pelo meu Oeste. O Oeste do nevoeiro e do céu cinzento e do vento e da água do mar gelada. Filhadaputa de sorte esta que só falta chover mas que até está previsto para amanhã...
Posto isto, decidi que não ia ficar para aqui a lamentar-me e a bater com a cabeça nas paredes e hoje acordei determinada a contrariar a minha má sorte. Peguei na bike e na mochila com a tralha de praia disposta a parar apenas quando encontrasse sol. Foi ali aos setenta quilómetros, uma da tarde, almocei na esplanada e fiz-me ao areal de bike e tudo. Sei que fui o centro das atenções durante a montagem do estaminé, mas depois vieram as miúdas surfistas e a praia esqueceu-se de mim. Cheguei ciclista, encostei a bike ao pau ao lado do da da bandeira que estava verde, saquei da toalha e num instante me fiz banhista pois trazia o outfit por baixo do jersey e dos calções. Saco do protetor, óculos, livro e tomo umas banhocas no mar. Gente, do melhor. E depois, se levam pranchas de surf, rádios em altos berros, bolas e raquetes, colchões, barcos, porque não bicicletas? Não sei porque não param de olhar..
Depois do gelado fiz-me de novo ao caminho para voltar a casa. Foi um total de cem quilómetros que eu fiz hoje para ter quatro horas de praia. Tinham bastado oito kms para cada lado de carro da parte da tarde que foi quando apareceu o sol nas praias e podia ter tido uma tarde inteirinha de sol. Poder podia, mas não era a mesma coisa...






sábado, 21 de julho de 2018

Sim, cinquenta e depois?


"A pele que habito" 
Clarice Lispector

Nas minhas caminhadas pelos areais dei por mim a tentar adivinhar as idades das mulheres com quem me cruzava e a comparar-me com elas. Excepto as mais idosas e as mesmo novas é difícil adivinhar idades mas uma conclusão consegui tirar, as mulheres a partir dos trinta e cinco, na sua maioria, transformam-se ou iniciam por essa altura um processo de transformação. Não vale a pena ter ilusões. Salvo algumas exceções, as mulheres com a idade engordam, perdem as formas, as peles descaem, os cabelos ficam fracos, as pernas ganham derrames e varizes, a pele ganha manchas. E não venham cá dizer-me que são as portuguesas que não se cuidam,  não fazem exercício e têm uma alimentação incorreta. Não. As inglesas, as espanholas, alemãs, nórdicas, brasileiras e até as do leste, nenhuma, ou muito poucas escapam. Pois é e depois?
Depois é cagar nisso e seguir em frente que a juventude já não volta mas nós ainda estamos aqui para as curvas. É certo que a cintura já não vai voltar, a barriga já não vai alisar, o cabelo já pouco vai brilhar e as pernas nunca mais vão voltar a ser as mesmas, mas é cuidar da saúde do corpo e da alma, assumir cada centímetro de pele e ser feliz. E depois temos o sol e a sombra, temos o contemplar o mar, temos a brisa a acariciar-nos o corpo, o mar a refrescar-nos a pele. Temos um livro, um pensamento, uma imaginação criativa, uma boa conversa, música. Temos vida, temos saber, temos tranquilidade e calmaria. A praia é tão boa aos vinte quanto aos cinquenta e há que tirar partido dela em pleno. Bom, a água agora parece-me bem mais fria que antigamente e já não me apetece mergulhar. Havia também de me saber bem uma cadeirinha para não andar a rebolar o corpicho na areia, mas carregar cadeiras para o areal não é coisa que me agrade, também já não me agrada muito aquela caloraça e areia constantemente na toalha e ter de me besuntar de creme de cinco em cinco minutos e.... caramba! Ter vinte anos é que é, vale tudo, tá-se bem com tudo :)))

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Alô, alô

Pois posso dizer-vos que aqui por terras do sul há muuuuiiittto sol e mar e calor e até vento. Pessoas então é mato de todas as raças e cores...
Mas por onde andam os Tugas afinal?
Também vos posso dizer que não há protetor que me salve e que a coisa se repete ano após ano. É o filha da mãe do karma e eu voltei a ser prima das lagostas. E sim, voltei a apanhar um escaldão nos pés. Pois... Dizem que o protetor é resistente à água, mentira.... A partir de agora, écran total em toda eu e não há cá facilitansos.
Posso também dizer-vos que tenho levado a chave da praia para a abrir todas as manhãs mas hoje, finalmente, o botão desligou-se e cometi uma loucura, dormi até às 9:30. Yeahh! Palmilho quilómetros pela praia todas as manhãs, não sei para quê, são cenas do meu bicho carpinteiro e de quem adora sol, gosta de apanhar sol mas não consegue estar a torrar. Ah! Só trouxe dois livros, já marcharam.
E prontus! A fotossíntese está quase e tenho de entregar a chave a outros. Eu já vou.