quarta-feira, 30 de maio de 2018

Demorei a tomar a decisão, mas afinal também quero falar da eutanásia

Sempre me pouparam às mortes. Viam-me com sensível, impressionável e tudo me causava pesadelos, por isso, sempre eram evitados à minha frente os assuntos  que falassem de sofrimento. Morte era palavra que não utilizavam perto de mim e ir a funerais estava fora de questão até ser adulta. Talvez por isso eu continue a evitar ir, não sei como enfrenta-los, como reagir, como atuar com as pessoas, que sentimentos me hei-de permitir sentir. Posso até dizer que perante tudo isto criei um escudo, uma proteção invisível.
Até que tive de enfrentar o atroz sofrimento de meu pai com uma doença terminal que o levou em três semanas. Foi levando-lhe as palavras, depois o sorriso, depois os movimentos, o discernimento... Até que o levou de vez quando já nem se mexia e nem os olhos abria, já nem sequer gemia. O estranho é que, nos últimos dias dei por mim a pedir a Deus que o levasse o mais depressa possível e o poupasse àquele sofrimento e até hoje tenho remorsos de ter feito aquele pedido a Deus para uma pessoa que eu tanto amava....
O meu escudo não funcionou.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Problemas no blogger

Sou só eu a quem já não aparecem os comentários do blog no email desde o dia 25 ou aconteceu a todos? O blogger está estranho e apercebi-me de algumas alterações. Passa-se o mesmo convosco ou é só mesmo comigo? Já fui ao fórum de ajuda e aconteceu um pouco pelo mundo, mas não vi ninguém a queixar-se por aqui....

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Fábrica de Sonhos

Sou possuidora de uma fábrica de sonhos. São sonhos que sonho acordada, ciente de que a maioria não passa disso mesmo. Sonhos! No entanto, esta fábrica que haveria de me fazer feliz, traz-me angustiada nos dias. Porque sonho sonhos impossíveis, porque alguns sonhos não são como os sonhei e outros, que sonhei e que são tal e qual quando se realizam, no fim de os viver, me deixam vazia deles.
Ainda assim tenho sonhado muitos que consigo concretizar e por estes dias lá foi mais um. Mais um que sonhei, mais um que realizei, mais um que excedeu as minhas expetativas.
Hoje...... Sinto-me vazia!

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Isto está bom é para o caracol

Esta tarde enquanto me senti pasmar a olhar a chuva pela janela que caía copiosamente fazendo-me lembrar um daqueles dias invernosos em que só apetece estar à lareira a aquecer a parrachita, resolvi tirar da gaveta da secretária a minha banana diária e fazer uma pausa. Isto, não fosse quem passa no corredor atrás de mim pensar que eu estava embalsamada e trabalhar que é bom, nada.
Ora pois que se lixasse masé a chuva, o problema é que a minha banana me deixou desconsolada. É que eu gosto delas firmes e hirtas, amarelas claro e lisas, a caminhar para o verde, deparei-me pois então com um autêntico pescoço de girafa, carregado de manchas castanhas, mole e cheia de fios. Acabei ainda assim por comê-la toda empapada e a custar a engolir mas a imaginá-la transformada em um queque acabadinho de sair do forno e a cheirar deliciosamente.
Ein? Aprendi isto num daqueles blogotretas de motivação. Ah poisé, temos de transformar as coisas más em coisas boas, mas depois pensei no preço da gasolina...

Olhem, isto está bom é para o caracol, não?

quarta-feira, 23 de maio de 2018

E assim é a vida

Andam a morrer-me pessoas.
Umas vão-me morrendo devagarinho, vão ficando moribundas, dia após dia, semana após semana, por vezes meses, até que acabam por se finar. Outras morrem-me sem eu querer. Algumas, mato-as eu. Só não sei se me morrem para sempre ou se ressuscitarei algumas....

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Hoje é que é!

Com uma lista enorme de tarefas para realizar ontem ao fim do dia, que durante o fim de semana estive muito ocupada social e preguiçosamente e não fiz um telho, dirigi-me muito apressada do trabalho para casa. Ao chegar ao pátio para realizar a primeira tarefa da lista, vi o meu gato Zé a dormir na espreguiçadeira e fui fazer-lhe festas, deu-me a moleza e recostei-me. Só um bocadinho. Senti as pernas tão pesadas e estiquei-as. Só um bocadinho. O Zé esticou-se e aninhou-se e eu... só um bocadinho, apaguei! Acordei às oito e tal quando os meus homens chegaram e perguntaram se não havia jantar. Quais tarefas, qual jantar.. Eu que mal consigo dormir de noite quanto mais de dia, dormi uma sesta que foi uma beleza. Não sei.. Mas hoje é que é!

Podemos?

"Terá sempre de haver uma explicação, uma razão de ser, um motivo para que aconteça ou podemos nós sentir-nos vazios depois de intensamente preenchidos, sentir-nos pesados depois de leves que nem uma pena, sentir-nos angustiados depois de plenamente felizes, ausentes depois de termos estado presentes, voar depois de presos à terra ou então parar depois de palmilhar o mundo.
Podemos?"

Flausina Amarela

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Seis unhas

Três em cada pé foi o que eu pintei esta manhã à pressa com o meu filho do lado de fora da casa de banho a pressionar. Seis unhas são apenas o que se vê, hoje dia dezasseis de maio, dia lindo de sol e  calor, dia em que resolvi, finalmente, dar ar as peles.
Gente, isto não é ser bimba, isto  não é ser pobre, isto não é Província , isto é genial, ok? Aprendam que eu não duro sempre!

Bom, estão um pouco escalabardadas, eu sei, mas foi o que se pôde arranjar...

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Oh pá não sei...

Sei que há uns tempos deu-me na telha e comprei uns pintainhos para Mamãe se entreter a cuidar e nos darem ovos para o jantar. Sei que os bichos cresceram e estão ali umas galinhas que é uma esmeração, lindas e cheias de pujança e todos os dias nos dão seis ovos.
Oh pá, mas eu não sei... Juro que são todas fêmeas em idade de primeira postura e irmãs gémeas, mas uma dá ovos castanhos, outra dá ovos gigantes, outra dá mini ovos e apenas três põe ovos normais Faltam-me os kinder e os de ouro, portanto. Não sei se lhes mande limpar o sarampo para canja, ou se as deixe ficar, são concertezamente agentes infiltradas, quiçá espias contratadas para me enervar...

domingo, 13 de maio de 2018

Grito

"Este grito que trago no peito, este fôlego de vida, esta gargalhada surda, este sorriso mudo, este querer ser o que não posso, esta dúvida constante, esta vontade dilacerante, o grito que trago na voz, calado, quase sempre calado, o manto que me tapa a alma, o xaile que me cobre o corpo....
Enquanto tiro e ponho os óculos, tique que ganhei recentemente e que me faz travar o pensamento e calar as palavras que teimosamente me voam sem eu querer, penso que tenho de arranjar novos estratagemas para sobreviver a mim própria, para me livrar de mim, aqui aprisionada em pensamentos e gritos e vontades. Eu sou o sim e o não, o quero e não quero, o sonho e a realidade, o tempo e o não tempo. Queria. Queria poder dizer, queria poder fazer, queria saciar esta sede e esta fome que me consomem a calma e me dão ganas de força..."

Flausina Amarela

E se eu vos disser

Que este bolo saiu do forno às cinco da tarde, ein?
Eu já vos disse, tenho termites em casa e já tive de pegar na vassoura e correr todos da cozinha.


terça-feira, 8 de maio de 2018

Anos de vida

Diz-me o doutor de meus filhos que conheço há anos e a propósito da minha recente viagem de bike, que eu havia de abrandar, que havia de ter mais cuidado pois o nosso coração é como o motor de um carro, quanto mais trabalha, mais se gasta e se cansa. Eu.... respondi-lhe o que de imediato me ocorreu, que é isto que me dá anos de vida e força para ultrapassar todos os contratempos . E é!!
Não, não é só bom, também é dor e é sofrimento, é quase morrer de calor num dia e dois dias depois entrar quase em hipotermia por causa do frio e da chuva, são as dores nas pernas e nos braços e nas costas, é o rabo quase em ferida de tantas horas em contacto com o selim, é o cansaço, é o esforço é o medo de cair ou de não conseguir chegar. Mas também é felicidade e alegria puras, é ar livre, é beleza, é conhecer, é ver o que os outros não vêm, fazer o que os outros não têm coragem de fazer, é testar o corpo e a mente, é chegar à conclusão que queremos, somos e podemos e que nada nem ninguém nos mete medo. É desafio, é adrenalina, é conquista, é paixão. E por último, é concluir que tentando e lutando conseguimos, é a mente a dominar o corpo, é não ficar e ir, é arriscar, é saber enfrentar os medos, é ganhar ao invés de perder, é esperança, é viver.
E isto é ou não ganhar anos de vida?




segunda-feira, 7 de maio de 2018

Dualidade


Sento-me no fundo da sala panorâmica frente ao mar e um pouco afastada de todos observando os pequenos grupos que se vão formando por entre aquele grupo maior. Observo alguns, saltitando de grupo em grupo, conversando, rindo, perguntando, dizendo, lembrando histórias do passado e não querendo perder pitada, bebendo de tudo e de todos, absorvendo e dando-se de corpo e de alma cheios de certezas e de palavras. Eu observo, ora a vista do mar, ora as pessoas e aquele saltitar tão caraterístico daquela família. Engraçado como me sinto tão de outra.  Sinto-me estranha, deslocada, até um pouco desassossegada. Observo de novo a vista e regozijo-me por ser quem sou, por apreciar o mar e o sol, por ver rios em montanhas secas, por saber apreciar silêncios, meus e dos outros, mas depois fico insegura e penso como me verão os outros, talvez uma antipática com mania de importante, uma alienada familiar e resolvo juntar-me a um dos grupos. Nessa altura já todos estavam de partida para outros grupos e eu fico de novo sozinha, desarmada. Vagueio pela sala. Ainda nessa manhã me reconheceram a cara chapada de meu pai com quem de facto me identifico em todas estas características incluindo a física e já estavam a jurar a pés juntos que era igualzinha à minha mãe. Perdi-me então de novo na minha identidade sentando-me e descalçando os saltos altos por baixo da mesa para que ninguém visse que até nisso a minha família é outra. No fundo sinto-me feliz por nenhum dos meus filhos ser assim, como eu…

domingo, 6 de maio de 2018

O meu mar

Se os dias em que pedalei pela serra foram fantásticos, se vi montes, se vi vales, se andei acompanhada do cântico dos pássaros, se passei riachos e aldeias, se me achei, me reencontrei, se a minha paz se engrandeceu, se a minha alma se recompôs, voltar à minha praia e ao meu mar dá-me sempre anos de vida. O sol voltou e eu fui vê-lo. Estava lá, tal e qual e à minha espera...



sexta-feira, 4 de maio de 2018

Só porque sim

Depois do frio e da chuva e do vento que apanhei no início da semana a pedalar na serra comprei um biquini que só vou usar lá para Julho ou Agosto. Voltei ao trabalho mas não me apetecia. Lavei sete máquinas de roupa que tenho agora para dobrar e engomar. Voltei a beber água com limão. Já estou de novo farta de pessoas... Eu Quero voltar para a serra...

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Caixa de surpresas

Existe em mim uma caixa. E em ti e nele e nela... Habita em todos nós uma caixa cuja tampa está prestes a saltar e a mudar o rumo dos acontecimentos, das nossas vidas, da nossa história. Olhando para trás dificilmente voltarei a acreditar que podemos traçar um plano de vida e segui-lo, pese embora o fizesse ou tentasse fazer até há bem pouco tempo. É que as nossas caixas, amarradas com finas fitas de seda, estão plenas de surpresas, e as delicadas fitas soltam-se ao entreabrir da tampa fazendo com que brote o mais profundo de nós. Tantas caixas há em que é preciso tão pouco para que se abra essa tampa, outras há que passam uma vida inteira fechadas. Não seremos apenas nós, tão pouco apenas os outros, será talvez um conjunto de circunstâncias quantas vezes alheias a nós que mantêm essas caixas fechadas, essas fitas amarradas. E quantas vezes aguardo ansiosamente que a tampa se abra e isso não acontece. E quantas vezes já mudei o meu rumo, quantas vezes já se me abriu a caixa e me surpreendi, quantas vezes já morri e quantas já renasci, quantas vezes já dei por mim e tentar sair por essa tampa entreaberta e a realizar sonhos, a fazer coisas difíceis e inimagináveis.  A minha caixa é cheia de surpresas. Está amarrada com finas e frágeis fitas de seda...

terça-feira, 1 de maio de 2018