sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ora vamos lá

Bem sei que no dia um de Janeiro de dois mil e dezassete, depois do lixo apanhado e as ruas lavadas, tudo vai estar igual ao último dia de dois mil e dezasseis, bem sei que a maioria das resoluções de cada um para o novo ano não vão passar de Fevereiro, bem sei que este pequeno grande mundo vai estar um pouco pior a cada dia que passa, mas como a esperança e a fé nos acompanham todos os dias e serão sempre as últimas a perecer, vamos lá desejar com muita força que dois mil e dezassete seja um bom ano para todos nós e que este nos traga muita alegria, muita saudinha e muita felicidade. Já agora, uns euros na carteira davam um jeitão.
Feliz 2017 para todos!


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Modernices

Esta tarde cheguei esbaforida da pedalada, cansada, transpirada e ansiosa por um banho. Além da música em altos berros proveniente do rádio que traz sempre consigo, ouvi o barulho do aspirador lá em cima, a minha Manuela andava a limpar. A minha Manuela já é entradota, talvez ronde a minha idade mas não sei ao certo, sei que tem dois filhos crescidos e vai de mota para o trabalho. Fui até lá acima cumprimentá-la e ela andava no meu quarto. Em cima da minha cómoda descansava um telemóvel com capa rosa choque e orelhas. Perguntei se a casa de banho estava pronta, se podia ir para o duche, diz-me ela. "Espere só uma bequita que está a acabar de secar".

Pedras no caminho

Manhã cedo não se via ainda vivalma. Vislumbrava-se apenas o branco dos cristais de geada pelos campos que o sol transformava em névoa e evaporava assim que lhes tocava com os seus raios de calor. Atravessámos os campos e determinados fizemo-nos à serra com o intuito de a atravessar e chegar às Salinas de Rio Maior. O céu estava limpo e deixava ver a imensidão à nossa volta. Quão pequena eu me sinto no meio da serra, mas quão grande eu me sinto cá por dentro ao embrenhar-me nela, nos seus caminhos, nas suas pedras, nos seus contornos. Não é fácil pedalar pela serra, muito menos chegar ao seu topo, talvez por isso eu acabe por me sentir grande quando lá chego. Muitas peripécias depois a viagem acabou seis quilómetros antes do destino com o meu pneu traseiro todo cortado das pedras da descida. Tive de desmontar e virei à esquerda, o resto do grupo seguiu em frente e eu acabei por me perder deles. Os telefones não tinham rede...  Quando pararam para reunir o grupo deram pela minha falta e voltaram para trás, o eco da serra fez o resto para o reencontro e seguimos até à estrada. Chamada a assistência em viagem, vulgo, amigalhaça disponível, terminámos nas bifanas da Ti Cristina. Vamos ter de voltar às Salinas.
Mas mais do que o cansaço, mais do que as pernas moídas, mais do que os nervos por causa do pneu que não nos deixou terminar o desafio, a serra traz-me paz e reconciliação, a serra faz-me pensar mais claro e tomar decisões, a serra faz-me feliz, faz-me ser uma melhor pessoa. Pedalar faz-me feliz. 







segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Ressaca Natalícia

Este Natal recebi uma caixa preta bonita com um novo livro em branco e uma caneta. Secretamente foi dos presentes que mais gostei. Secretamente porque com exceção do marido, ninguém na minha família sabe que gosto de escrever, que tenho vários livros brancos com rabiscos ou sequer que tenho um blog onde escrevo parvoíces. Quero muito escrever a primeira página deste novo caderno e agora que já arrumei o Natal, que tenho o frigorífico cheio de sobras pois tantos Natais volvidos e eu ainda não aprendi a calcular postas de bacalhau ou o tamanho do peru ou sequer a quantidade de garrafas de vinho, agora que tirei férias, agora que tenho pedaladas e aventuras agendadas para todos os dias da semana, carradas de livros para ler, centenas de fotografias para organizar, agora que tenho um caderno novo para escrever e quero tanto iniciá-lo, estou aqui sentada há tanto tempo a olhá-lo e à espera que me cheguem as palavras. Há tantos dias que me falham...


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Feliz Natal!

Vou estar por estes dias muito ocupada de volta do bacalhau e do peru e das filhoses e outras coisitas mais, por isso venho desejar a todos um Natal cheio de paz, de amor e muita alegria. 
Fiquem bem que a Gaja já vem.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Manhãs brancas

Manhã fria, uma teia presa ao portão, gotas de orvalho. Saio para a rua e inspiro o ar frio, sabe-me bem. Fecho o portão, entro no carro e sigo o meu caminho. Hoje demorei mais tempo a chegar, não por causa do trânsito louco, não porque a estrada estava gelada mas porque quis olhar à minha volta, as árvores estão já nuas, mas tudo está branco da geada, uma névoa de frio sobe do chão elevada pelos toques do sol ainda a medo a esta hora. Oiço a Mixórdia de temáticas e rio-me à gargalhada. Fico ainda mais bem disposta. Atrás de mim juntou-se uma fila de carros impacientes mas hoje não me importo, gosto das manhãs frias, do céu limpo e da geada branca. Só não gosto das mãos e dos pés frios. Cheguei e quando sair daqui já vai ser noite. Até logo.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Só tenho coisas que me ralem

Está uma Gaja, tão prendada, a preparar o Natal ao ínfimo pormenor com tanto amor e carinho para que nada falte à sua família e só lhe acontecem desgraças. Começa por polir as pratas que não tem, lava todos os cristais que são de simples vidro mais o serviço de porcelana de Limoges que no final de contas é da Spal e coloca tudo na cristaleira que de tão limpa o algodão não engana. O brilho era tanto que ofuscaria a dentuça de uma manada de castores, manada porque não sei como se chama um grupo destes dentuças brilhantes, mas dizia eu, estava tudo num brinquinho e ia eu dar por encerrado o polimento, parte-se um dos apoios da prateleira dos copos. Chamei rapidamente reforços e assim em modo sprint voltei a tirar tudo não fosse partir-se mais algum apoio e lá se iam os cristais e as porcelanas. Está portanto o caos instalado na minha sala, tudo espalhado pela mesa ao pó e aos ácaros voadores, a cristaleira desmantelada à espera do "arranjador". Não sei o que faça à minha vida.
Mas só por causa das coisas fui chamar a Mãe Natal para dar uma ajuda.


sábado, 17 de dezembro de 2016

Nem sei o que diga disto

Não sou racista nem preconceituosa e muito menos julgo todos os de etnia cigana pela mesma bitola, até porque há uns anos um rapaz cigano assaltou um dos meus filhos com uma navalha de ponta e mola roubando-lhe o telemóvel e o dinheiro, mas uns meses depois, um outro rapaz roubou a bicicleta ao meu outro filho e sua mãe cigana quando soube andou a perguntar de quem era e os dois vieram à minha porta devolvê-la e pedir desculpa... 
Já num sábado destes fui pedalar com os meus amigos pelos pinhais quando de repente começámos a ver montanhas de lixo e uns cinco cães escanzelados começaram a correr  direito a nós a ladrar. Deparámo-nos então com um acampamento cigano num pinhal que sabíamos ter dono e do qual aquela comunidade se apoderou e transformou numa lixeira. Não imaginam. Desde cascas de batatas, roupa, dejectos humanos e de animais, papeis, garrafas, velharias, porcarias que eu nem sei o que eram, pinheiros cortados, vegetação destruída, um cheiro nauseabundo e os adultos e as crianças ali misturados naquilo tudo a cozinhar numa fogueira. 
Sei que na minha cidade algumas famílias ciganas foram acolhidas pela Câmara Municipal, que lhes deu casas e condições para viverem e eles praticamente as destruíram. Arrancaram portas e janelas, as louças sanitárias e faziam fogueiras lá dentro destruindo o chão e pondo em risco toda a vizinhança. Acabaram por sair de lá e voltaram para os pinhais.
Ok, preferem viver ao ar livre e sem condições, foram habituados assim, mas é mesmo preciso destruir tudo à sua volta e deixar os pinhais e a natureza naquele estado??? 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Socorro!

Está  uma pessoa aqui tão recetiva a embebedar-se de espírito natalício e a única coisa que lhe aparece para beber é  trabalho, trabalho e mais trabalho... e problemas, problemas, problemas ...
Tirem-me deste filme!!!!!!

domingo, 11 de dezembro de 2016

A vida em retalhos

Cada dia é um retalho.
Colorido, às flores ou em tons de cinza, cada retalho é um mundo que nos envolve e abraça, é mais uma oportunidade que temos para fazer o mais belo manto para nos cobrir e aquecer nos dias frios. Muitos há que fazem mantos tão pequenos que mal dão para cobrir os seus próprios pés, mas outros, outros há que constroem mantos imensos, mantos de estrelas, mantos de flores, mantos de amor. Mantos onde cabem tantas pessoas, as suas e as dos outros.
A poucos dias de terminar mais um manto de pequenos retalhos, o meu, vou debrua-lo de todas as cores com um toque de ouro. É de um tamanho razoável, mas espero, no próximo ano construir um bem maior.

É segunda-feira e esta semana não há feriado....

Plano inclinado




sábado, 10 de dezembro de 2016

Diz que é quase Natal

Ai a minha vida!
Zero espírito, zero presentes, zero preparativos de Natal.
Ainda chega a família para a consoada e eu sem o bacalhau cozido.
Fui passear ao castelo.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Felicidade

Noite escura, luzes para iluminar os trilhos, roupa quente para proteger do frio. Das nossas bocas saem nuvens de calor, dos olhos caem lágrimas que o vento faz saltar mas que são de alegria, as orelhas ficam geladas, o pingo no nariz, mas o coração, esse, está quente da conversa e das gargalhadas, da adrenalina de percorrer trilhos quase às escuras, desviar dos paus e das pedras, contornar os pinheiros, saltar nos declives, pedalar com força nas subidas. O céu a cobrir-nos com o seu manto de estrelas, a lua, pequena mas tão brilhante a observar-nos e a guiar-nos, a paz, o silêncio a envolver-nos e a alma a ficar cada vez mais leve e mais solta, até levitar.
Se pedalar pelos montes durante o dia é maravilhoso, já de noite é fantástico...



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Vestida para amar

Acenou-lhe, chamou-o, gritou até.  Ele não ouviu,  não entendeu os sinais, não  reparou nos seus chamamentos. Vestiu-se então  de sentido de humor, pôs  o seu melhor sorriso, embrulhou-se no manto das palavras, calçou  os sapatos da sinceridade, usou os seus óculos da espontaneidade.
Nasceu...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Noite dentro

Acordei às  quatro e meia da manhã  sobressaltada com uma briga  de gatos na rua. Levantei-me de imediato para ir salvar o meu Zé que hoje teimou em não  querer entrar em casa para pernoitar. Era mesmo ele que estava  a ser atacado.  Afastei o outro,  peguei nele e trouxe-o para dentro todo eriçado e assustado. Acalmei-o.
Voltei a deitar-me e não  consigo dormir, abri o blog e aqui ando, às  voltas  com esta pagina em branco sem saber o que escrever. É que não  me sai do pensamento a Feira de Artesanato da minha cidade onde fui para jantar. Tão  triste, tão deprimente! Pouco mais que meia dúzia de barracas, uma de colheres de pau feitas ali mesmo, algumas Associações Recreativas e as restantes, de pessoas que vendo-se desempregadas e sem alternativas criaram o seu próprio negócio de manualidades. Bijuterias, quadros, quadrinhos e molduras, estátuas  e estatuetas, babetes e fraldas pintados, flores em malha, porta moedas em pano, nomes de crianças  para portas, candeeiros, eu sei lá,  uma infinidade de paneleirices sem jeito nenhum que ninguém  compra e poucos vão  ver. É  de louvar a atitude destas pessoas ao darem a volta às suas vidas desta forma criando uma atividade, mas tenho sinceras dúvidas  que alguma vez consigam vender alguma coisa que dê para comerem à custa do seu negócio. Vim de lá triste com este pensamento. Salvou mesmo a noite, a ginjinha d'Óbidos e o stand da Falcoaria, onde estive mais de meia hora a olhar um Bufo Real, vulgo Mocho, que me hipnotizou de tão lindo....
Bom, vou ver se durmo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Meio cheio

Hoje abri o meu caderno e passei os olhos pelos acontecimentos deste ano. Passei os dedos pelas letras, muitas delas escritas à pressa que mal as consigo ler, outras com uma letra tão certinha e direita, povoadas de símbolos alegres e divertidos. Detive-me em algumas datas que me entristecerem, mas sorri na maioria. Foi um ano de muitos acontecimentos de muitas mudanças, em mim e nos que me rodeiam, nem todas foram boas o que me deixou o coração apertado, mas a maioria fez-me crescer, ficar mais forte, enorme. Tantos momentos bons e felizes, tantas aventuras, tantas pessoas que me encheram o coração e a alma de alegria. Notei ainda algumas lacunas, muitos dias e semanas sem anotações, alguns acontecimentos que não escrevi. Talvez não tenham merecido que o fizesse, talvez sejam momentos nublados que não merecem ser anotados e devem ser esquecidos. Apesar dos altos e baixos, o meu copo continua meio cheio. 

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Ultimamente falecem-me coisas

Falece-me o tempo, falece-me a luz e o ar em certas partes do dia.
Falece-me o sossego, a paciência e até o discernimento.
Não sei quanto tempo vai demorar até me falecer a boa disposição
A ver, se nos próximos quatro dias de descanso faço renascer algumas destas coisas.
Hoje fiz a minha árvore de Natal.


domingo, 27 de novembro de 2016

Nesga de luz

Dizem que é dia mas eu não sei. Dizem que está frio mas eu tenho calor, talvez até faça sol e eu não sei. Não sei se os pássaros ainda saltitam nas árvores ou se estas ainda dançam com o vento, tão pouco se há nuvens no céu a desenhar montanhas e animais. Não sei.
Suponho que as folhas continuem a cair à passagem da brisa, suponho que a brisa seja fresca e que por isso os pássaros tenham encontrado seus abrigos. Suponho que seja dia mas não sei.
Preciso de uma nesga de luz. Preciso de um pouco de ar.

sábado, 26 de novembro de 2016

Bichos carapinteiros

Toda a amanhã corri para ir pedalar à tarde.
À hora de almoço vira-se a chover e cancela-se a pedalada. Fonix! E eu que necessitava tanto, mas tanto de deitar fora o stress de mais uma semana de loucos, mas apanhar outro banho até aos ossos como o da semana passada estava fora de questão, não abusemos dos micróbios da gripe que até ver se mantêm longe.
Estava frio e acende-se a lareira, abanca-se no sofá. Bichos carapinteiros atacam e eu passo a tarde do sofá para a lareira, da lareira para a cozinha, da cozinha à janela e da janela à garagem. Abre livro fecha livro, abre pc fecha pc, mete phones tira phones, liga ferro de engomar, desliga ferro, que sa lixe. Fiquei tão cansada que se chama o homem da pizza. Marido põe a mesa na sala e traz a coca-cola. Coca-cola??? Abri uma garrafa de tinto. Combinações improváveis eu sei, mas virei meia garrafa e ai que estou tão quentinha, ai que se me está a fraqueza a chegar às pernas, ai que se me enrolam os dedos nas teclas.
Se amanhã continua a chover isto vai correr mal...

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Fartinha de anúncios e mensagens sobre a Black Friday

O pá deslarguem-me!
Esta gente acredita mesmo que eu vou largar tudo e faltar ao trabalho ou prescindir da hora de almoço ou da confraria do pastel de nata que é às sextas-feiras para me ir enfiar em lojas apinhadas de gente a brigar por umas cuecas ou uma saia ou sequer uma frigideira xpto aos quais inflacionaram o preço para depois anunciarem que está  com desconto?
A sério? ??
Hoje é Friday e eu estou Black.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Teoria da contrariedade

Dois dias e uma noite foi o tempo que gastei a pensar como haveria de falar deste assunto sem sofrer represálias. Bom, na verdade foram cerca de vinte minutos, quando dei com os olhos no meu gato, sentado no tampo da sanita, tão enfadado, à espera que eu acabasse o meu banho para ir lamber os azulejos quando eu não quero pêlos de gato na cabine do duche.
Pois é, os seres vivos são mesmo fofis, queridos e simpáticos, amigos e tudo e tudo mas experimentem lá dar aos vossos gatos tão queridos, cheios de turrinhas e ronrons, pepitas secas e crocantes quando eles querem é mousse de salmão Gourmet gold. Há pois é, na primeira oportunidade escondem-se debaixo da mesa e quando vamos a passar mandam logo a pata com as unhas de fora. E as plantas? Experimentem lá fazer as suas hastes crescer a direito quando elas teimam em crescer para os lados e todas encaracoladas. Nada, nadinha as consegue contrariar não é? E os vossos filhos ein? Peçam-lhes para apanhar os brinquedos do chão quando o que eles querem é apanhar pokemons... Ah pois! Transformam-se de imediato em tiranossauros rex. E as pessoas? Pois as pessoas, sempre tão assertivas e opiniosas sobre os assuntos dos outros, sabem sempre o que deveríamos ter dito e feito em todas as ocasiões em que pomos a pata na poça e nos dizem que temos de ser como elas, calmas e cheias de amor para dar. Experimentem lá teimar que elas estão vestidas de bordeaux quando elas achem que é de grená. E as amigas do peito que se acham boazudas? Experimentem, vá, experimentem dizer-lhes que até estão tão bonitas assim mais cheiinhas e é vê-las virar Godzilas com TPM. Já nem falo de ideologias políticas ou futebolísticas, trabalho ou certos posts em certos blogs.
Não há condições, a contrariedade é coisa para fazer crescer cabelo na cabeça de um careca.



domingo, 20 de novembro de 2016

Expiação


Haveria de chegar o dia. Foi hoje. 
Internem-me faxavor que eu não tenho os sete alqueires bem medidos. 
Estava inscrita para um passeio de btt que se realizaria hoje e após uma sucessão de semanas difíceis que têm tirado o pior de mim resolvi, apesar dos alertas de temporal, meter-me à chuva e ao vento com a esperança de purificar o pensamento e me reconciliar com a gaja boa, aliás, boa gaja, que há em mim. 
A chuva até fazia fumo, do céu caiam bátegas de água tocadas e vento e da terra brotavam verdadeiros rios e lagoas. Andei três horas e meia nisto. O impermeável não foi impermeável, as meias à prova de água não foram à prova de água. A lama e o barro colavam-se aos pneus, as pedras escorregavam, dos pinheiros caíam paus e eu pedalava com dificuldade. Areia nos dentes e nos olhos, água a escorrer-me pelo regos das costas e outros regos vá, nada, nadinha estava seco. O marido atrás de mim comandava, mete uma a cima e pedala, apanha o grupo da frente, tira o cu do selim e sobe isso com genica, vá lá só falta um bocadinho, vá anda que está a chover cada vez mais, olha os paus, olha o riacho, vá pedala, ó mulher pedala! Não sei como não lhe atirei um pau à tola. Mas lá fui andando e se não fosse ele, tinha apanhado a estrada e pirava-me dali, desistindo, coisa que eu nunca faço.
A verdadeira expiação foi nos últimos dez quilómetros, já não podia mais e nem o facto de só faltarem dez quilómetros me animava. Disse tanta caralhada que até um nortenho se sentiria envergonhado se me ouvisse. O que é que eu fui ali fazer num dia como este? Ainda me sinto raivosa comigo própria, estive meia hora debaixo de água a ferver para descongelar mãos e pés e só a meio da tarde se me desengelharam as peles. Vi-me negra para tirar a lama do cabelo e a roupa ainda está de molho. Se já era pequena, hoje acho que encolhi.
Não me falem e bicicletas tão depressa.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Pergunto

Vais num barco grande e seguro a atravessar o rio. O capitão  é uma pessoa experiente e segura nisto dos barcos porém encontra um banco de areia e após  várias mudanças  de direção perde o controlo do leme e por consequência da embarcação que fica então  à  deriva e não  consegue chegar à  margem para atracar no porto. Faltam apenas algumas milhas para uma cascata bem no meio do rio onde possivelmente o barco cairá e se despedaçará.
O que fazes?

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Alberto

Alma nobre, coração grande, sorriso rasgado e gargalhada fácil. Tudo fazia em prole dos outros esquecendo-se muitas vezes de si mesmo. As suas dores e tristezas disfarçava-as em silêncios e abstenções. Não se lhe ouvia um lamento.
Naquele dia, sem uma palavra, levantou-se e partiu.
Não mais voltou.

Super lua

Esta lua hoje fez-me correr só para a ver.
Já noite corri do trabalho para casa, vesti o equipamento a correr e saí a correr para a rua. Já não corria há meses, mas fiz-me ao caminho e praticamente sprintei 2,5 kms de costas para ela para poder correr os restantes 2,5 kms de volta, de frente a mirá-la. 
Gigante, brilhante, misteriosa e a iluminar o meu caminho.
Se eu fosse o Super Homem e a lua Cryptonite, diria que fiquei enfraquecida, mas não, eu sou mais Lobigaja e ganhei super poderes. Cheguei a casa e fiz uma janta à maneira para a família e desta vez até gostaram. Pena que só há de novo uma super lua daqui a 18 anos...

A fotografia é rasca e não dignifica a dita, eu sei, mas foi o que se pôde arranjar.



domingo, 13 de novembro de 2016

Andava aqui tão preocupada

Sem razão pois claro, afinal a tradição ainda é o que era.

Depois das chuvas os sapos ainda vêm para a estrada e morrem de AVC.
Ou de outras mortes mais matadas, atropelados ou assim, coitados.
Não fui eu ein? Ainda lhe toquei para ver se estava vivo para o salvar que até podia ser um príncipe amaldiçoado mas não, este já estava mortinho da Silva.





terça-feira, 8 de novembro de 2016

Caminhos

Difíceis ou fáceis, sinuosos ou rectos, os caminhos levam-nos sempre a algum lugar.


domingo, 6 de novembro de 2016

Sobra-me noite, falta-me dia

A noite teima em.chegar apressada e  cada vez mais cedo, engolindo o dia  que ainda há  pouco começou.   Imagino- me então a sobrevoar uma grande cidade inundada de pequenos.pontos de luz. Linda. Mágica. Esta magia é para mim um mistério  pois à  medida que vou descendo vislumbro as casas, embrenho-me nas ruas e por fim consigo ver pessoas a correrem.para os seus destinos.,  muitas com  a certeza de que está  na hora de voltar a casa o mais depressa possível., outras vagarosamente parando aqui e ali apreciando algo que não  sei bem explicar. Não há  sol,  não  ha luz,  não  se avistam pássaros , nem serras , nem as cores das flores.   As noites são  agora demasiado longas, o negro rodeia-me  quando saio para a vida e eu não  sei. Demoro a vestir-lhe a pele.

sábado, 5 de novembro de 2016

Minudências

Hoje cairam cães e gatos do céu. Dos grandes. Cancelada a pedalada que isto de encharcar o pêlo até aos ossos não é todos os dias que apetece, dediquei-me à arrumação de certas minudências. 
Não sei se posso chamar minudências a uns pequenos pedaços de pano em forma de fisga que têm como objetivo tapar e proteger certas partes do corpo e afinal de contas não protegem nem tapam nada, são difíceis de dobrar e muito mais de ficar direitinhos nas gavetas. Mas adiante. Escolhi, dobrei, arrumei e em seguida ataquei as meias. Como é possível, eu que só tenho dois pés, ainda por cima tão pequenos ter tantas meias, curtas, médias, compridas, de lã, de vidro, de mousse, de desporto, quentes, frias com'ó raio, collants de tudo quanto é cor e feitio. Não satisfeita ainda ataquei a gaveta dos batons e dos vernizes com cento e cinquenta anos, dezenas, tesos e secos como passas de uva. Medicamentos, caixas e caixas praticamente cheias de porcarias fora de prazo. E na despensa? Caixas, caixinhas e caixonas, frascos e mais frascos de todos os tamanhos. Digam-me, para que guardo eu tanta caixa e tanto frasco? Confesso, adoro caixas, são decorativas e servem de arrumação, mas frascos?  Ainda ataquei mais umas quantas coisas, mas quero com muita força que amanhã não chova para eu ir pedalar que estou cheia de minudências por uns tempos. Uma coisa é certa, contribui em grande para encher o contentor de lixo da minha rua e ganhei montes de espaço em casa.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O talho da Almerinda

Para ir ao talho da Almerinda é preciso um enorme auto controlo pois assim que lá entramos os nossos olhos entram montra adentro e querem tudo, tal qual as crianças na rua das gomas e dos chocolates num super mercado. Quase me apetece fazer birra para trazer tudo. 
Nunca vi um talho assim, só não tenho é lata suficiente para tirar uma fotografia para vos mostrar e perceberem do que falo. Sim, carne é carne, mas a montra é decorada como se da montra da Tiffany's se trata-se. 
Das peças de cabrito, porco ou vaca, até mesmo o belo do frango, todos dispostos em filas, separadas ao milímetro e envolvidas em celofane, às filas de chouriços, alheiras e morcelas, tão lindas,  tão formosas, tão rechonchudas, parecem todos autênticos diamantes. O nosso olhar desvia-se então para os pré-preparados, feitos pelos donos ali mesmo do outro lado do vidro à nossa vista, dispostos por cores e feitios, parecendo pulseiras e brincos do mais puro ouro amarelo ou branco. Cogumelos gigantes recheados de farinheira, pimentos vermelhos e courgettes com carne picada e especiarias, lasanha de aves, ai a lasanha de aves, rolos de carne recheados de tudo o que possam imaginar, espetadas super originais, rojões... São rubis e safiras, com uma ametista aqui e ali a fazer contraste.
Acreditem, até as orelhas e os pés de porco parecem lagostas com colares de pérolas.
Para quem passou anos de castigo por não comer isto é, digamos, sui generis, mas não é por acaso que Mamãe me dizia que eu devia era ir à tropa para aprender a comer. Não fui, mas estive alguns anos a estudar longe de casa, aprendi a gostar de comer.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Era uma vez, uma vez

Era uma vez um casal digamos médio. Médio porque não era novo nem velho, não era rico nem pobre, não era feio nem bonito, nem do Norte ou do Sul. Não era também o maior áz do pedal mas não de todo o conanas da pedalação. Era médio portanto mas muito determinado a pedalar Serra da Estrela a fora. 
O dito casal abancou em Manteigas num pequeno e bonito hotel familiar, de um requinte fantástico com uns anfitriões cinco estrelas.
No segundo dia o tal casal chega esbaforido da pedalada aos seus aposentos deparando-se com o aquecimento ligado e o calor a bombar que a serra à noite é muito fria. Abrem-se as janelas para correr o ar, toma-se a banhoca e fazem-se à vida. Após a pança compostinha de queijo da serra e um divinal estufado de javali, fizeram-se ao quartinho, fecharam as janelas e aquietaram-se.
Mas, e porque há sempre um mas nas histórias dos casais médios, começaram a ser sobrevoados por moscas, muitas moscas. Voos rasantes e até secantes, aterragens forçadas, levantamentos a alta velocidade, as moscas eram mais que as mães, pousavam nas mãos, no cabelo, no nariz, não paravam quietas e eram tantas mas tantas que o barulho das asas já estava a enervar. 
E foi assim o serão daquele casal médio na serra. A matar moscas.  Ao fim de uma hora jaziam mortas no chão vinte e oito moscas. Cinco não se deixaram caçar mas fizeram-se emboscadas para as empurrar para a casa de banho e esta foi trancada e calafetada não fossem  elas escapar-se pela greta da fechadura. Dormiram então exaustos de tanto caçar e não mais aquelas janelas se abriram. 
O ar da serra é maravilhoso.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Momentos

Os castanheiros imponentes ladeavam os caminhos formando muros que nos protegiam da queda para o abismo. Os ouriços prenhes de castanhas maduras atapetavam o chão. As folhas secas, douradas, castanhas, encarnadas, esvoaçavam à nossa passagem. O céu de um azul imenso era o nosso tecto, grandioso. O sol brilhante, espreitava por entre as folhagens e aquecia-nos os braços e as pernas. Um silêncio profundo, apaziguador enchia-nos de alegria e de esperança. O ar, tão puro e fresco penetrava os nossos pulmões e libertava os maus pensamentos. Éramos nós e aquela serra imensa. Momentos que nos ficam.


segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Tanta coisa a acontecer e eu a fazer-me à serra

Isto por aqui tem andado às moscas.
Páginas e páginas em branco à espera de palavras, desabafos, entrelinhas, frases, engraçadas ou sérias, coisas sem jeito nenhum e até algumas com jeito.
Desta feita foi por uma boa razão. Fiz-me à serra. À da Estrela.
Embrenhei-me nela, fui conhecê-la por dentro e por fora, esmiuçá-la, respirar o seu ar puro, beber da sua beleza.
As pernas? Estão assim para o moídas mas isso não interessa nada, agora as vistas e o queijo....













quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Jacinta

Já cansada da confusão e do barulho da tertúlia foi deixando calarem-se as vozes, esmorecerem as gargalhadas, terminarem os sorrisos. Um a um todos foram partindo, deixando-a ficar só, no silêncio do seu momento, na calma das suas horas. Assim ficou, durante um tempo imenso, imóvel de movimentos, apenas com o som de fundo dos seus pensamentos, a sua música leve e baixa, a janela aberta para ouvir a noite e espreitar a lua, sentindo pouco a pouco um crescente vazio. 
Calmamente e com todo o tempo do mundo, o seu tempo imenso, levantou-se da poltrona de tom verde, a sua preferida, tirou os chinelos e calçou os sapatos de salto,  tirou o xaile das costas e vestiu o casaco, o dos brilhantes nos bolsos, aquele que veste para ocasiões especiais. Passou um pouco de batom nos lábios, ajeitou o cabelo e saiu de sorriso tímido na face e a solidão no coração.
Foi à procura. De todos, um a um.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A caravana das medições

Mandaram-me à caravana das medições. 
Uma carripana andante com dois consultórios, um para exames, outro para consultas. Modernices!
Osólhinhos já corrigidos com óculos, os pulmões cheios de ar, a tensão no seu melhor, o coração de jovem, o peso pluma, as tendinites controladas, tudo cinco estrelas. Disseram as máquinas e as medições que até estou aqui para as curvas. Foi então que foram observar as outras medições, as das gorduras no sangue e essas coisas. Credo que estou cheia de não presta, é castrol para dar e vender. Vim de lá a maçãs e folhas de alface por uns tempos. Ao fim do dia corri para o ginásio a ver se derretia algumas. Derreter, derreti, mas uma vez em casa deu-me uma vontade incontrolável de comer batatas fritas, eu que nem sou apreciadora. Mas comi. Sem ketchup ok? Quando sabemos que não devemos é quando fazemos questão e além disso, está decidido, não gosto de caravanas de medições.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Dá-me uma vida

Os gatos têm sete, como é bom ser gato. Morre-se e nasce-se sete vezes podendo ser sempre um gato diferente do anterior, sempre gato no entanto se não acreditarmos na reencarnação.
O Pet rescue saga tem cinco vidas, isto se eu jogar no telemóvel, pois perdendo estas vidas, se eu for em seguida jogar no tablet tenho mais cinco e em esgotando estas posso ainda ir jogar no PC e tenho mais cinco. Ao todo quinze vidas, quinze possibilidades, quinze novas oportunidades que posso esgotar num ápice ou jogar pausadamente com mestria no clic e passar vários níveis salvando dezenas de animais no jogo.
Já uma pessoa tem apenas e só uma vida, por mais que faça tem apenas uma oportunidade de viver, uma só possibilidade que não pode nem deve desperdiçar. Todos os dias faço por não desperdiçar a minha e vivê-la o melhor possível, Gosto dela sei lá. 
Era Deus ter-me feito rica em vez de bonita (risada) e era ver-me a vivê-la, esta minha unica vida ainda melhor.

Gato Zé que já vai para aí na sua terceira vida, está quase curado da ferida que o ataque de um outro gato lhe fez. Mais dois ou três dias e tiro-lhe o capacete. Na semana passada tirei-lho para lavar, limpei-lhe a cabeça com um pouco de água e limpei-o, haviam de ver a alegria do bicho ao perceber que conseguia lavar-se, uma coisa tão básica mas de suma importância para os gatos. Voltei a colocar o capacete não fosse ele voltar a lamber a ferida e comprometer todo o tratamento e atei-o com uma fita dourada para que não o conseguisse tirar. Um pouco panisga eu sei, mas até que ficou charmoso.


Que aflição

Ultimamente só me passam merdas estranhas pela cabeça, saltam cá com uma pressa deste meu vulcão em erupção espalhando-se por mim em forma de lava encandescente. Aliás, sempre passaram, mas depois havia as outras, as mais coerentes e concisas que até faziam algum sentido  e era nessas que eu me focava, eram essas que verbalizava, que juntava em letras que até perfaziam frases. Estou em crer que agora penso do fim para o princípio e depois não consigo fazer com que as coisas façam sentido, as letras baralham-se, as palavras atropelam-se e as frases não saem. Nem o amor que é belo, nem a chuva que é fantástica, nem o cantar dos pássaros me fazem conseguir juntar palavras. A juntar a isto ontem atropelaram-me a auto-estima. No meio de todo este apagão até foi bom, a ver se volto da lua, me ponho em órbita e chego depressa à terra.
Até logo então.

domingo, 23 de outubro de 2016

Estão a ver aquelas melgas gigantes e pernaltudas?

Pois não tem nada a ver. É  gigante mas é  um cogumelo que eu vi ontem durante as pedaladas. Vi um outro primeiro mas tinha sido atropelado e estava todo esborrachado. Já  este, estava disfarçado de pinheiro recém  cortado, mas  não, era mesmo um cogumelo que eu parei para observar. Ainda pensei em trazer comigo uma parte para o caso de o dito ser alucinógeno e fazia um chazinho ao serão mas não consegui deixá-lo mutilado, coitado. Tão bonito e gigantone que ele era. O outono tem destas coisas. Isto e sapos, que aparecem com as chuvas, mas ontem não vi nenhum e hoje também não. Por onde andarão?

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

São às centenas

Oito pessoas a trabalhar numa sala é coisa para fazer subir a temperatura.
Abrem-se as janelas para fazer circular o ar e todos os dias, aí pelas dezassete e trinta, começa o fandango. A passarada começa a reunir-se nas árvores mesmo ali ao lado, perto das janelas para se aquietarem para a noite...
Oiçam o que para aqui vai com o som bem alto que isto é um ninho de vida digno de ser partilhado.















quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Espiral

Não sei bem como entrei nesta espiral em crescendo onde o pólo central não é aquele que quero que seja. Nem sei se será bom ascender nesta espiral, se será melhor iniciar o descendo ou se me deixe ficar no patamar onde me encontro, mas uma coisa eu sei, urge o controlo da situação.

domingo, 16 de outubro de 2016

Oitenta



Chega devagar mas decidida, apesar da prótese na anca, no rosto traz as marcas de uma vida. Toda aperaltada, de cabelo pintado e arranjado, a mala a condizer com os sapatos, a aliança no dedo, apesar de viúva. Nuns dias cheia de genica, noutros um pouco amadornada, mas teima em tirar as ervas do quintal, cozinhar, limpar a sua própria casa, até lavar os tapetes e as cortinas. Teimosa que só ela. À revelia pega no carro e vai fazer as suas compras, a sua vida, cada viagem cada risco, as quinas amassadas, o espelho acidentados. Vá-se lá convencê-la a estar sossegada, arranja-se o carro e está já está, diz, ser dependente de alguém é que não.
A mesa cheia de gente plena de amor e de sorrisos, acendem-se as velas, distribui-se o champanhe.
Mamãe, uma guerreira, uma mulher de força e de coragem.
São 80!

Este ano era esta

Do Festival bike de Santarém venho sempre apaixonada. ..

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Um, dó, li, tá

De kinder bueno, de morango ou de frutos vermelhos. Ai a minha vida! Esta confraria dá cabo de mim....

Escolhi o de kinder bueno e morri de felicidade e de prazer degustativo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Em queda

Cá em casa estamos em queda e tudo quanto é pelagem esvoaça pela casa. São tufos de pêlo de gato, são pêlos de gente, cabelos e folhas secas de plantas. A minha Manuela diz que não há aspirador que aguente isto. Já escovei os gatos, já mandei o pessoal cortar o cabelo e sugeri-lhes a depilação, sem grandes resultados, claro. Eu cá entretanto vou a uma loja de perucas. Quando é que acaba o outono?

Siga!

Olho através  das vidraças já  secas da chuva. Ora está  cinzento, ora percebem-se raios de sol a perfurar as nuvens. O céu abre-se. Os eucaliptos ao fundo estão  envoltos numa névoa e eu com os meus oculos progressivos consigo vislumbrar passaritos a saltitar aqui e ali. Veem-se pingos a brilhar. No fundo está  um dia lindo e a manhã  rola calma e lenta. Estou rodeada de papéis e sinto uma angústia no peito. Não  sei.....
Zé gato está  quase bom, passou a noite a fazer maldades.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Na dúvida é ter um pé de cabra à mão

Trabalhar sob stress, fazer mais coisas do que se consegue num curto espaço de tempo e contra relógio, é coisa para fazer saltar qualquer tampa desprevenida. O meu treino está em curso e posso confirmar que o domínio da tampa está no simples facto de nem sequer deixar que se entreabra pois uma vez o processo iniciado, o domínio está comprometido. O incentivo de ter conseguido uma ou duas vezes, mais uns pregos que comprei para a manter hermeticamente fechada hão-de resolver o resto. E chove lá fora.

Buhhh!

domingo, 9 de outubro de 2016

Quietude em dias mornos

Das coisas boas que a idade me trouxe foi o saber apreciar as tardes de domingo em casa, de pantufas com o meu gato convalescente ao colo no meio do silêncio e da calmaria.
Se antes achava esta calmaria um desperdício de tempo, hoje vale por mil aventuras.
Se ontem tive tanto calor a subir a serra da Maunça de bike superando mais um desafio, já a descê-la fiquei gelada, se esta manhã ao parar na esplanada na Batalha para um café a meio da pedalada tive frio, esta tarde apeteceram-me pantufas.
Estamos em Outubro e anunciam este um dos Invernos mais frios dos últimos anos. Não sei, não sinto frio, por aqui está uma tarde morna até porém vestida de um manto cinza que me traz melancolia, aliás, calmaria como gosto agora de lhe chamar. 
Acho que vou ler um pouco. Hoje tenho tempo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Procuro

Procuro todos os dias respostas às minhas perguntas, procuro ultrapassar as minhas dores, as minhas angústias, procuro desafiar-me, atingir objetivos, superar-me e levar outras pessoas a fazer o mesmo. Procuro ver os meus erros e repará-los, procuro deitar fora desilusões e tristezas. Procuro a todo o custo ver o lado bom de tudo, procuro fazer os outros felizes e procuro todos os dias a minha própria felicidade.
Nem sempre consigo.
No entanto, muitas das respostas encontro-as pelo caminho, enquanto pedalo por aí, ao som dos pássaros e do mar, à velocidade do vento e do fresco dos dias. Hoje pedalei durante sete horas.
Cheguei feliz e cheia de certezas.



terça-feira, 4 de outubro de 2016

Pior do que briga de mulheres, só briga de gatos

Pior do que as mulheres umas para as outras, só  mesmo os gatos. Diz a vet que mordida de gato em outro gato pode até  matar.
O meu Zé achava que era o maior da Cantareira e envolveu-se numa rixa....
Nem vos mostro a trincadela que ele tem na perna coitadinho.

domingo, 2 de outubro de 2016

Claro que a imagem é importante

Hoje acordei determinada a fazer subidas e fiz-me a estrada na minha fininha. 
Aí na terceira subida, carrego no manípulo para mudar para o prato leve e pumba, embrulha-se-me a corrente e fiquei a pedalar no vazio. Sozinha que estava, olhei em volta e nem vivalma. Deitei as mãos à corrente, desembrulhei aquilo tudo e coloquei a corrente no sítio. As mãos cheias de óleo tentei limpá-las às luvas e segui o meu caminho. Entretanto esfreguei os olhos, cocei o nariz, limpei o suor do queixo, bebi água do meu boião branco. 
Lembrei-me então que precisava desesperadamente de um café e não tinha nem uma moeda, começando a procurar uma caixa multibanco que só encontrei num Intermarché mais à frente. Saquei do cartão e fui levantar dinheiro, quando me virei tinha toda uma plateia a olhar para mim como se de uma alien se tratasse. Bom, pensei, afinal não é todos os dias que se encontra uma cota ciclista de fato branco colado ao corpo numa caixa de multibanco. Que sa lixe! 
Foi quando parei num café para a  tão desejada bica e pedi para ir lavar as mãos que vi a minha figura no espelho. Toda eu eu era óleo, nos olhos, no nariz, no queixo e por todo o meu fatinho branco, tão lindo. Só me faltava o fato de macaco aberto até ao six pack, a peitaça à mostra e os biceps de fora para parecer um mecânico de automóveis (os dos filmes claro, não os reais). 
Mais uma lição aprendida. Levar um mecânico comigo, para pôr as mãos no óleo. 
Estou farta de as esfregar e ainda tenho as unhas encardidas.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Fim de dia

O sol estava a pôr-se, devagarinho, incandescente queimando o horizonte. O mar esta sereno, aveludado, mascarado de branco da névoa esfumada. Ao contrário do que esperava não havia vento forte, mas uma brisa fresca de fim de verão. Enchi os pulmões de ar vezes sem conta, fechei os olhos outras tantas a sentir aquele momento de tanta felicidade e pedalei sempre de cabeça virada ao sol e ao mar à medida que o meu dia se apagava e noite chegava. Sim, a noite.
Foi quando me apercebi que a noite caía rapidamente e ao tentar ligar as luzes verifiquei que estavam sem bateria. Pedalei então que nem um louca até casa a fugir da noite e dos carros e a pensar como fui inconsciente em não ter verificado as luzes antes de sair. Perigoso, tão perigoso. Felizmente cheguei a casa sã e salva esperando que outros inconscientes como eu e que se cruzaram comigo tenham tido a mesma sorte e tenham aprendido a mesma lição.
Boa noite.


Mau feitio bom

Disseram-me que tenho.
Além  de muitos defeitos ainda sou teimosa, refilona e contestataria, chata e de ideias fixas, contudo, transparente, genuina e espontânea.

Compro, esta sou eu!

Já  perguntarem-me se estou grávida  porque estou barriguda, sabendo que estou perto de perder a validade, é  como se me tivessem dado um tiro com uma caçadeira de canos serrados...

Eu já  venho, vou ali morrer para o ginásio.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Para a próxima não escapas!

Esta semana houve uma Manif na parede da minha casa. Não uma manif de oposição, não. Digamos antes que se tratou de uma marcha lenta, muito lenta, que até, erradamente claro, nem foi bem uma homenagem à minha pessoa, mas devia ter sido, já que eu não gosto de caracóis (de os comer) e os deixei viver coabitando com eles durante toda uma época de caça. Mas agora chega de merdas e deixem-se mas é lá estar nas plantas da vizinha e larguem as paredes de minha casa.


Este que aqui vêm é o cabecilha, o líder do Cartel dos caracóis, o que anda mais depressa, o que leva a bandeira (caiu na altura da foto), os outros ainda vêm lá mais abaixo, nem imaginam quantos. A este já enviei um SMS a dizer "basa daqui e depressa" mas não me parece que tenha surtido efeito, no entanto, eles que não se esqueçam que eu não gosto de caracóis. Não gosto deles no prato, mas também não gosto deles nas paredes de minha casa ou nas minhas plantas.

O facto de coabitarmos civilizadamente com certos animais, não quer dizer que os deixemos trepar pelas nossas paredes acima.


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Eu quero um kit de ferramentas!

Gaja Maria Ninguém! É o que eu sou, há pois é.
Assisti na TV à entrevista a alguns bloggers famosos que acabaram por sair dos seus empregos para serem bloggers a tempo inteiro. Porque escreviam bem, porque tinham muitos seguidores, porque a publicidade que eles fazem aumenta as vendas em muito, pois então e essas ditas marcas pagam-lhes a peso de ouro toda a publicidade que lhes fazem, oferecem-lhes montanhas de coisas e são todos muito felizes e prósperos.
Ora eu, que escrevo mal p'ra caraças, que não tenho muitos seguidores e que sou uma chata de primeira, mas estou fartinha de fazer publicidade à borlix, não recebo ponta de um chavelho.
Eu publicito as marcas das minhas bikes, mais dos sapatos de encaixe e do capacete, os fatos e as meias que uso, os lugares lindos por onde passo, as pêras e as maçãs de Alcobaça, até as Minis que bebo pelo caminho e ninguém me oferece um pneu, uma chave sextavada, uma inscrição numa maratona. Eu quero um kit de ferramentas!
Bom... pensando bem é melhor não que não as sei usar, mas eu quero uns sapatos de encaixe e um capacete em tons de azul para fazer "pandã" com a minha bike de estrada, eu quero um equipamento do grupo "Fuga Rosa", eu quero uns óculos novos que os meus têm as lentes riscadas, eu quero que me paguem a inscrição no Transportugal Tour, eu quero um patrocínio para ir pedalar na Transilvania!
Não?
Não, que eu sou a Gaja Maria Ninguém
Não, porque ninguém compra bikes pelo simples facto de eu mostrar fotos das minhas
Não, porque ninguém quer saber o que visto ou calço para pedalar
Ora! Pois fazem mal, muito mal! Vocês pá....


domingo, 25 de setembro de 2016

Reconciliação

Ontem de manhã, só de marido e filhos e após uma semana difícil, peguei na minha música e na bike e fiz-me à estrada com o intuito de ir passear sozinha até à Lagoa da Ervedeira. Bastantes quilómetros para pedalar sozinha mas talvez fosse até mais longe, dependendo do cansaço e das tendinites com que tenho lutado ultimamente pois até é coisa pouca, para os projetos futuros que tenho em mente. Logo se via.
Embrenhei-me nos meus pensamentos e ao som da minha música constatei que este mundo que é só meu, cresce um pouco mais todos os dias. Reconheço-me cada vez mais escassa de palavras e com cada vez mais silêncios, alguma solidão da qual não fujo e até procuro, muito trabalho, muitas mudanças que não sei se vão ser boas, algumas tristezas, muitas desilusões, algumas questões de saúde, tantas coisas postas em causa, tantos medos que nem costumo ter. Concluía  eu que  no fim de contas a vida não é um mar de rosas e que apesar de tudo só tenho é que a levar para a frente sem medos, quando toca o telefone a convidarem-me para uma tarde de btt. Ups! Apesar de ainda ir a caminho da Lagoa, aceitei prontamente que eu nunca me nego a uma pedalada. 
Abrandei o ritmo para não me cansar tanto, fui até à Lagoa e voltei, almocei a correr, troquei a roupa transpirada, mudei de bike e lá fui para uma pedalada com os amigos. O que me diverti, as gargalhadas que dei, as paragens que fizemos para beber minis, eu que nem gostava de cerveja, para comermos maçâs e pêras diretamente das árvores. Após um total de cento e trinta quilómetros não consigo explicar como não me sentia cansada pois necessitava disto para me reconciliar com a vida e comigo própria. 
Não posso, não quero, que este mundo que é só meu tome conta da minha vida.



terça-feira, 20 de setembro de 2016

Transformer

É Mamãe,  a Transformer com superpoderes que fez dos figos esta pequena maravilha.

Figos em calda

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Os dias em que não te consigo ver

Há  dias em que te vejo, sem te ver. Vejo-te, olho para ti e tu estás  lá, és  mesmo tu, mas não  és, eu nem te reconheço. ...
Será de ti? Será de mim?

sábado, 17 de setembro de 2016