quarta-feira, 27 de abril de 2016

Difícil é...

Diziam-me que era difícil começar a pedalar com sapatos de encaixe, isto é, com os pés presos aos pedais e que se caía imensas vezes até se apanhar o jeito. Teimosa que só eu, costela de viking possivelmente ou de mula, vá, comprei a bike com pedais de encaixe e logo os sapatos. Estes, levei-os  primeiro para o ginásio para ensaiar que aí não havia perigo de queda. Passou-se a aula inteira sem eu conseguir encaixá-los mas não dei parte de fraca. No fim lá resolvi pedir ajuda para aprender. Ok. Mas como a aula já tinha acabado, todo o pessoal deu de frosques e eu sem conseguir tirá-los. Estava presa á bicicleta. Descalcei-me e arranquei-os á mão.
Bom, imaginem agora isto na rua, visualizem aquele preciso momento em que estão a parar a bike ou a cair e precisam de apoiar o pé no chão e o pé está preso e não sai. Pois!
As vezes que eu me esbardalhei. Esbardalhei-me em casa, esbardalhei-me na terra, nas carumas dos pinhais, na areia e nas pedras da serra. Dei folga aos encaixes, deitei óleo e depois lá fui ganhando o jeito. Hoje é como se tivesse nascido com encaixes nos pés. Difícil?  Nããã!
Gente, difícil, mesmo difícil é andar de saltos altos, praticamente em pontas e não me esbardalhar de hora em hora. Raios partam quem inventou as putas das andas que só hoje me esbardalhei duas vezes. Esqueçam lá isso. Saltos não são para mim.


terça-feira, 26 de abril de 2016

Isto dos blogs

Muitas letras têm sido escritas por este blogomundo fora sobre anónimos maus, publicidade encapotada, exposição de filhos, gente que critica e que destila veneno sobre uns e outros e não para de maldizer.
Pessoalmente este mundo já me trouxe muitas pessoas fantásticas, alguns amigos, conselhos, incentivos e me deram oportunidade de ler histórias maravilhosas, histórias que me inspiram e motivam. Muito conhecimento também. Todo um mundo que apesar de virtual é uma janela para o mundo. E este mundo tem pessoas lindas.
Apesar de  eu própria ter chegado a Fátima no Domingo, numa viagem de 183 kms  num só dia, assim que soube que a  Loira iria lá chegar na segunda-feira, fiz questão de lá estar para a ver chegar e lhe dar um abraço. A Loira percorreu 300 kms, um caminho muito duro e em autonomia total, carregada com alforges e tudo o que uma pessoa necessita para sobreviver, mas com muita alegria no coração. Além disso ainda carregou um peso extra, um presente muito especial para mim!
Loira tu és linda! És uma inspiração. Obrigada!


segunda-feira, 25 de abril de 2016

Bom dia

Mais do que a ansiedade da preparação e do dia a aproximar-se. Mais do que a emoção da partida, mais do que aquilo vivemos durante a aventura e que passamos a trazer no coração e na alma e na pele. Os sorrisos, as gargalhadas, o companheirismo e cumplicidade, as paisagens, as brincadeiras, as dificuldades que vamos ultrapassando, sempre todos juntos. Mais do que o sentimento de desafio superado, que nos traz orgulho, auto-estima e ensinamento para a vida, pois ganhamos a certeza de que com vontade, determinação e paixão, tudo ou quase tudo na vida é possível. Mais do que tudo isto há um sentimento que fica gravado na nossa memória, é a emoção da chegada.








domingo, 24 de abril de 2016

Vivinha da Silva

Nem sei bem como depois disto...



O desafio foi superado com sucesso. Amanhã conto como, que agora tenho deir deitar o esqueleto.
Inté!

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Sei

Certa estou de que não  mais vou me acomodar, sendo que me acomodei numa altura em que,  tomada de assalto,  três  contra um, me ataram braços  e pernas e me amordaçaram, quase aniquilando o meu lado  luz e azul, deixando apenas o meu lado  breu.
Sei.
Sei que ao subir uma montanha vou querer de seguida subir uma mais alta, ao atravessar um ribeiro vou querer atravessar um rio e se vir uma flor, vou querer ver um jardim.  Sei que a luta me corre nas veias.
Sei que mais um desafio se aproxima e que vou enfrenta-lo com unhas e dentes. E ainda sei que vou ultrapassa-lo.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Lembro-me

Sábados eram dias de quintal, um dos passatempos de meu pai. Apaziguava-lhe o stress da semana, dizia. Apanhei-lhe o gosto.
Nesses dias ele podava árvores, colhia a fruta da época, revia o estado das cercas dos animais, estudava e engendrava complicados esquemas para abastecimento automático de água aos bichos ou o sistema de rega de todo o quintal. E eu, andava por ali a cirandar á volta dele, que dentro de casa é que ninguém me segurava. Dava-lhe as ferramentas, segurava as cestas da fruta que, uma vez cheias levava para dentro, apanhava braças cortadas e juntava num monte e no fim do dia sentávamo-nos os dois no alpendre a ver os patos acabados de nascer a nadarem na enorme banheira enterrada na terra a fazer de lago.
Lembro-me.
Lembro-me do calor que fazia em algumas dessas tardes, das gotas de suor na testa de meu pai, do seu ar cansado, mas também do sorriso nos seus olhos. Ele sorria sempre com os olhos e eu tinha sempre de olhar para eles, iguais aos meus.
Lembro-me do cheiro a terra em mim, dos meus joelhos negros  e das unhas encardidas. Lembro-me da minha mãe a trazer o lanche para nós numa bandeja e da minha irmã atrás dela. Ficávamos ali, os quatro, a ver os patos nadar...



Ilhas

Um pedaço de chão rodeado de água, pejado de altas montanhas e vales plenos de águas cristalinas e planícies verdejantes. Nuvens, sóis e luas. Tempestades. Uma pessoa é uma ilha!
Sei de ilhas onde sempre brilha o sol e, na minha barcaça, remo calmamente até lá, atraco na enseada e entro ilha adentro.
Sei porém de outras ilhas, onde chove dias consecutivos e onde troveja amiúde, o que torna difícil a atracagem da minha barcaça. Há pois que aguardar que os trovões cessem, que a chuva amaine e o sol espreite para poder entrar.
E sei ainda de ilhas onde não consigo nunca entrar porque a névoa é tão densa e o céu tão escuro e carregado que não consigo ver sequer a enseada.
Tempos houve em que quanto mais densa era a névoa, mais desejava eu entrar, já neste momento, não me tragam névoas, tragam-me sóis.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Contas

Números e mais números que juntos ou sozinhos, aumentam, diminuem, multiplicam-se ou desaparecem, numa panóplia de possibilidades praticamente infinita.
Odeio!
Contas então  nem quero meter-me com elas. É que de cada vez que isso acontece, só  me apetece chorar. O problema não  são  as contas, o problema sou eu que só  sei fazer contas de diminuir.
Até  gostava de escrever aqui algo poético, cheio de flores e arabescos sobre a arte de diminuir, mas nada me ocorre neste momento a não  ser um palavrão.
Acabei de gastar uma fortuna com o meu rabo. Ein?? Não,  não  fiz uma cirurgia estética, eu comprei uns calções de ciclismo tão,  mas tão  bons  (dizem) e tão  mas tão  caros (sei eu) que me vão  permitir fazer uma viagem de 400 kms daqui a dias, sem ficar com o dito inutilizado. Além  dos calções  também  veio a pomada mais cara do mercado  para prevenir o assado do rabo, que rabo de Gaja Maria merece uma pomada mesmo em bom.
Se no fim das viagens que vou fazer, eu tiver um vermelhão  que seja,  fujam que eu vou-me a alguém.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Quem me viu e quem me vê

Eu, que bordei a ponte de cruz uma vaquinha e um cavalo, fraldas e babetes, eu que forrei cestos com folhos e lacinhos, que pintei potes e vasos e até forrei as prateleiras da despensa com papel autocolante em tons de verde esperança. Eu que tinha os armários e roupeiros tão bem arrumados e organizados  e que lavava as cortinas amiúde.. Mãos de fada era o que eu tinha. Isso e uma grande pachorra que se me finou há muito. Não assim há tanto tempo, mas desde que comecei a olhar e a pensar a sério na minha pessoa.


Um makeover, uma parede vazia, quatro lindos "novos" quadros para colocar fotografias. Todos os dias os olho, todos os dias eles olham para mim com aqueles olhos ansiosos e tristes de quem está sempre á espera. Todos os dias penso escolher quatro fotos entre as milhares que tiro e que guardo. Fotos de nós, com o nosso ar de gente feliz e bem disposta ou não, mas que nos mostram como realmente somos. Todos os dias acabam por passar sem que isso aconteça.
Há um ano...
Esta noite porém, tive uma epifania e anotei-a no meu caderno para que de manhã me lembrasse. A máquina colocada no tripé, montada no meio da sala, quatro fotos, uma de cada um de nós, estilo auto retrato, correr com o cartão de memória á loja, imprimir, vir a correr e colocá-las nos quadros. Simples e rápido não é?
Quantos meses será que vou ter de limpar o pó á máquina e ao tripé?

Abril?

Um relâmpago  rasgou os céus iluminando o contorno das janelas, o barulho ensurdecedor do trovão veio logo em seguida e uma bátega de água abateu-se sobre a cidade nos dez minutos seguintes. O meu coração ficou aos pulos durante algum tempo e só  sossegou quando tive a certeza que não  havia mais trovões. Tenho medo de trovoadas eu, um medo que vem de criança  quando vi destruida a chaminé  da vizinha e a sua velha mãe  muda durante dois dias por causa do susto. Nos anos seguintes em noites de trovoada eu corria para a cama da minha irmã e aninhava-me nela tapando os ouvidos até  passar. Ainda tenho medo das trovoadas...

domingo, 10 de abril de 2016

É por isto...

A chuva era muita e o vento bastante forte, alguns queriam voltar para trás.
Felizmente ganharam os que queriam continuar, que a chuva ia parar.
E parou dando lugar ao sol, o vento continuava forte, mas o objetivo de visitar o parque de Merendas do Pisão, em Bajouca, Leiria que dizem ser lindo, foi cumprido. Pedalámos pela lama, atravessámos túneis, riachos, campos de grelos que estavam a ser colhidos para vender na feira de hoje e ainda nos juntámos a um casal de noivos num campo de papoilas para tirar fotografias com eles.
É por isto.
É por isto que eu não fico em casa:





sexta-feira, 8 de abril de 2016

Eu, os homens e as mulheres

De tanto conviver com homens, vivo com três, pedalo com vários,  trabalho na mesma sala com sete, já  penso e vejo como eles. Acho até  que já  falo de gajas, carros e futebol e ainda coço os tomates.
Definitivamente não  compreendo as mulheres. ..

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Enfeitiçada. Ou parece-me que

Hoje apetece-me fazer de mulher estátua. Sugaram-me as energias e estou ensonada, parada, enfeitiçada.
O céu  está  de novo cinzento e não  se sente o ar. Parece que o tempo parou.  E eu também  parece que parei. Acordei com o cabelo todo arrepiado, não  me sai uma palavra e o meu olhar só  procura o vazio. Pasmei. Estou cansada e não me apetece mexer um dedo sequer. Se calhar exagerei na corrida ontem pois parece que fui atropelada. Entretanto resolvi contrariar a coisa e vesti mini saia, rasguei logo as meias, pareço uma puta de beira de estrada. Merdunça para isto.  Vou ali beber três cafés  e ja volto. A ver se a coisa vai....

terça-feira, 5 de abril de 2016

Perdida

Não soube precisar quando se terá tornado o mundo tão pequeno para si. Aquelas paredes, outrora enormes e brancas que refletiam a luz, eram agora escuras, atarracadas, pareciam-lhe a ela uma clausura. O ar, tantas vezes leve e perfumado, era agora pesado, denso e lhe dificultava a respiração. O calor, morno, agradável, tornara-se frio, gelado e a solidão, o silêncio... O silêncio que tanto apreciara em determinados momentos, era agora penoso, sufocante, inquietante. E aquele silêncio que lhe doía no corpo e na alma.
O querer ir e ao mesmo tempo ficar, o querer ser e não ser, o fazer e o não fazer. Tudo se amontoava num enorme turbilhão dentro da sua cabeça. Foram dias, meses, talvez anos e anos até se sentir tão pequena, tão frágil, aprisionada, amordaçada, de coração triste e alma estilhaçada.

Partiria!

Caminhou sem destino dias e noites sem fim, perdeu-se inúmeras vezes, correu, voou, quis ver o tamanho do mundo e procurou. Procurou incessantemente um lugar grande, cheio de luz, quente e perfumado, nunca o encontrando.
Foram meses e anos é deriva, de alma perdida e ainda vazia, quando finalmente voltou a encontrar-se.

Voltou!

Off quê?

É  nestas alturas que me sinto uma pequena formiga sem eira nem beira,  indefesa, ignorante e tesa que nem um carapau que a qualquer momento cai para o lado de tanto trabalhar para sobreviver e tentar engordar o seu escanzelado porquinho mealheiro que esconde debaixo do colchão.

domingo, 3 de abril de 2016

Nascente

Quantas e quantas vezes eu já vi esta nascente triste, seca, praticamente estéril. Não foi o caso neste fim de semana pois a nascente do rio Lis está bem viçosa neste momento. Da terra brota água, límpida e cristalina, inundando as pedras e dando vida a tudo á sua volta. Mais á frente o caudal vai-se adensando e regando as plantações, as árvores, as flores e dando guarida a peixes e patos. A viagem deste fim de semana foi desde a nascente quase até ao mar onde ambos se fundem, uma viagem fantástica e alucinante. onde se podem lavar todas as tristezas, afogar todas as desilusões e ver a vida a nascer. Em breve conto seguir um outro rio bem maior, uma viagem bem mais longa e, espero, igualmente fantástica. Água é vida.