quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Dia 158 - Maria Albertina

Maria Albertina diz olá às pessoas. 
Em tempos conheci a Josefa numas águas furtadas de estudante e numa paragem mais quente e mais a sul, mas Maria Albertina estava ontem estacionada no tecto da garagem de Mamãe, centro do país em pleno outono.  Não deveria Maria Albertina ter já hibernado?
Mamãe assustada que a bicha lhe entrasse em casa queria devolvê-la ao jardim, mas eu achei por bem deixá-la ficar até que lhe desse o sono hibernante, até porque apesar de a achar bastante fofinha e engraçada não me estava a ver pegar nela por uma pata, fazer-lhe festinhas e conversar enquanto a encaminhava para a erva. Sei lá, tem assim um ar pegajoso e, sendo invertebrada, ainda se enrolava a mim qual contorcionista num buraco de fechadura.
Não sei se Maria Albertina resolveu por ela ir dar uma volta ou se Mamãe não me ligou nenhuma e tratou do assunto, mas hoje já lá não estava 😕

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Dia 157 - Ok, eu confesso

Fui eu que estrampalhei o vintevinte!
Devo ter sido mesmo eu, quando se deu a passagem para este novo ano, que por sinal se veio a verificar ser horribilis, pois ao fazer uma retrospetica, verifiquei ter quebrado todas as tradições e superstições de fim de ano. Não só não tirei uma única foto aos paraquedistas com luzes que o meu telemovel fez birra, como não usei cuecas azuis, como devia ter  contado as doze passas, mas não, apenas tirei uma mão cheia delas do saco e deixei cair metade na areia e, como tinha tanto frio e por consequência o cerebro congelado, não desejei com muita, muita, mesmo muita força que fosse um bom ano. Aliás, para além de pedir saúde, felicidade e dinheiro não me lembro de grande coisa. Lembro-me sim de ter demorado uma eternidade a sair do areal, apertada, empurrada, praticamente esborrachada, ter subido a ladeira ao invés da escada rolante e ter ouvido no noticiário depois, que esta colapsou. Mau prenúncio logo ali, mas eu e os meus safamo-nos por termos subido a ladeira palmilhando-a ao invés de ir à boleia da escada. Talvez, tenho duvidas, mas talvez, escapemos também ao bicho que ronda aqui bem perto. Prometo no entanto aqui, que em escapando, este ano vou cumprir tudinho à risca não estramapalhamdo assim o vintevinteeum. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Dia 156 - Haja alegria em tempo de pandemia

Depois de 3 dias consecutivos escondendo almoços e outras cenas várias, vi hoje a vingança ganhar vida. Em chegando ao trabalho, um pouquito mais alegre do que ontem, uma vez que o sol deu um ar de sua graça, tinha o portátil lacrado com fita cola, a pilha do rato ao contrário, situações que desvendei e resolvi num ápice perante as gargalhadas de todos eles, compinchas dos dias. Os fáceis e difíceis. A vingança é um prato que se serve frio dizem eles e o que o pior ainda está por vir. Ahahah. 
E de seguida um deles preseteou-me, feliz da vida com o fruto da sua horta com alguns dos tomatinhos.
Podem até haver colegas de trabalhos bons, mas nenhuns são melhores do que os meus. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Dia 155 - conversa de refeitório

De cá para lá e de lá para cá a duas mesas de distância.
Ah, eu sou fit, não como essas porcarias que vendem nas máquinas, faço exercício fisico e tenho muito cuidado com a alimentação. 
Isto enquanto barrava generosamente as bolachas marinheiras com postas enormes de marmelada, umas atrás das outras.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Dia 154 - O trigo do joio

Focados por demais nas agruras da vida e em toda esta nova e dura realidade com que nos debatemos, uns mais do que outros, claro, deixamo-nos ir na onda e nos devaneios e opiniões dos que de negro pintam tudo e mais alguma coisa.
Gratidão é o que sinto, por aqueles a quem, no meio disto tudo, o sentido de humor não falha. Isso e o foco naquilo que na realidade nos faz viver e andar para a frente, as coisas boas. 

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Dia 153 - O mundo aos pés

Sei que sou bastante egocêntrica. A maioria dos meus posts é sobre mim ou sobre situações que se passam comigo ou à minha volta. Inevitável, até porque não gosto por aí além de falar dos outros e até acho que não tenho esse direito.
E por isso e porque gosto de partilhar coisas que me fazem feliz, deixo-vos aqui uma imagem minha.
Pedalei muito para ali chegar, após alguns kms, comecei a subir a serra por trilhos sinuosos e cheios de pedras, passei a pedreira, cheguei às eólicas, respirei fundo e continuei. Desaguei então num estradão muito íngreme que muitos fazem de carro, mas eu fui de bike e lá acabei por chegar. E valeu tanto a pena.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Dia 152 - redenção

Peço desculpa a quem bateu com o nariz na porta, já voltei a abrir a caixa de comentários.  
Exatamente pelo mesmo  motivo que fechei. Porque sim. 
Estas coisas não se justificam, mas já deviam conhecer-me, por vezes o parafuso desaperta e enquanto procuro a chave de fendas ele anda aqui a solta :) 
Gosto de vocês! 

domingo, 11 de outubro de 2020

Dia 151 - Repensar o Natal??

"Temos de repensar o Natal"!

Coméqueé? Ora, há anos que repenso o Natal. Primeiro acreditava no Pai Natal, depois repensei e comecei a procurar os presentes no guarda vestidos do quarto de visitas e depois a encontrá-los, depois voltei a repensar e deixou de haver surpresas. Entretanto repensei e passei a ser eu o Pai Natal, depois os meus filhos repensaram e começaram a procurar os presentes na despensa da casa de banho e depois a encontrá-los, depois voltaram a repensar e deixou de haver surpresas. Mais tarde repensámos que a vida estava difícil e combinou-se haver apenas presentes para as crianças, as crianças cresceram e era uma tristeza, repensámos e voltou a haver presentes e de preferência presentes surpresa.

Repensámos os locais, onde a família se reúne, que os mais velhos já não têm energia para repensar os Natais, repensámos as ementas, repensámos que ainda há pouco tempo eramos sempre mais de vinte à mesa e agora sem tempo para repensar somos apenas quatorze e não há meio de a família voltar a aumentar. E ao repensar bem, temos de nos mimar, que somos cada vez menos.

Entretanto repensámos a nossa vida, o nosso trabalho, as saídas, os convívios. Repensámos as compras, as poupanças, as idas ao médico, repensámos a forma de viver e até de respirar e ainda é suposto que repensemos o Natal e convivamos menos? Então e como fazemos, deixamos os nossos pais e os nossos filhos e  e ficamos todos sozinhos a roer as espinhas do bacalhau?

Eu cá não repenso mais nada, vou fazer um grande Natal cá em casa e receber todos os meus nem que os tenha de ir buscar um a um escondidos na mala do carro.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Dua 150 - Chef! mas pouco...

Envolvi delicadamenre as postas de bacalhau em farinha e fritei-as em azeite. Com rodelas de cebola, alho laminado finamente, pimento vermelho às tiras, azeite, um golpe de vinagre, sal e pimenta, elaborei uma generosa cebolada. Fritei rodelas grossas de batata e dispus tudo numa travessa. Decorei com coentos picados. Voilà! Um prato digno de estrela Michelin, ou de um Gordon Ramsay vá, mas de trazer por casa, principalmente para quem cozinha há uma eternidade. Seria, seria, se eu tivesse demolhado o bacalhau suficientemente e este não estivesse salgado, se as batatas fossem suficientes para a quantidade de bacalhau e se eu não tivesse poupado no azeite do produtor, caro com'ó raio, e não estivesse tudo seco. Além disso, gostaria de ter picado os coentros fina e rapidamente com golpes certeiros de faca afiada e não tivesse acertado num dedo e melhor ainda se não tivesse ficado com a cozinha como se de um ataque furacão se tratasse. 
"Ah. Tens de fazer as coisas com gosto e com amor". Qual amor qual quê, fazer com paixão tudo em que toco não chega? Isto é mesmo um caso de Ramsay de meia tigela. Já dizem os entendidos que lagartixa nunca chegará a jacaré.... E já agora, fiquei de mal com o Youtube. 


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Dia 149 - frágil

Tão ténue quanto a bruma que vislumbro da minha janela é esta vida. A que chamamos de nossa, a que vemos dos outros, a dele ou a dela. Tão ténue, frágil, delicada. Tanto a que sorri todos os dias, ou pelo menos aparenta, àqueles alguns a quem só vimos sol e alegria como a dos outros, a que vimos nas caras fechadas, nos corpos curvados, nas auras tristes e cinzentas. Como será que todos eles a vêem. Não a que mostram mas a que vivem.