segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Tanta coisa a acontecer e eu a fazer-me à serra

Isto por aqui tem andado às moscas.
Páginas e páginas em branco à espera de palavras, desabafos, entrelinhas, frases, engraçadas ou sérias, coisas sem jeito nenhum e até algumas com jeito.
Desta feita foi por uma boa razão. Fiz-me à serra. À da Estrela.
Embrenhei-me nela, fui conhecê-la por dentro e por fora, esmiuçá-la, respirar o seu ar puro, beber da sua beleza.
As pernas? Estão assim para o moídas mas isso não interessa nada, agora as vistas e o queijo....













quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Jacinta

Já cansada da confusão e do barulho da tertúlia foi deixando calarem-se as vozes, esmorecerem as gargalhadas, terminarem os sorrisos. Um a um todos foram partindo, deixando-a ficar só, no silêncio do seu momento, na calma das suas horas. Assim ficou, durante um tempo imenso, imóvel de movimentos, apenas com o som de fundo dos seus pensamentos, a sua música leve e baixa, a janela aberta para ouvir a noite e espreitar a lua, sentindo pouco a pouco um crescente vazio. 
Calmamente e com todo o tempo do mundo, o seu tempo imenso, levantou-se da poltrona de tom verde, a sua preferida, tirou os chinelos e calçou os sapatos de salto,  tirou o xaile das costas e vestiu o casaco, o dos brilhantes nos bolsos, aquele que veste para ocasiões especiais. Passou um pouco de batom nos lábios, ajeitou o cabelo e saiu de sorriso tímido na face e a solidão no coração.
Foi à procura. De todos, um a um.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A caravana das medições

Mandaram-me à caravana das medições. 
Uma carripana andante com dois consultórios, um para exames, outro para consultas. Modernices!
Osólhinhos já corrigidos com óculos, os pulmões cheios de ar, a tensão no seu melhor, o coração de jovem, o peso pluma, as tendinites controladas, tudo cinco estrelas. Disseram as máquinas e as medições que até estou aqui para as curvas. Foi então que foram observar as outras medições, as das gorduras no sangue e essas coisas. Credo que estou cheia de não presta, é castrol para dar e vender. Vim de lá a maçãs e folhas de alface por uns tempos. Ao fim do dia corri para o ginásio a ver se derretia algumas. Derreter, derreti, mas uma vez em casa deu-me uma vontade incontrolável de comer batatas fritas, eu que nem sou apreciadora. Mas comi. Sem ketchup ok? Quando sabemos que não devemos é quando fazemos questão e além disso, está decidido, não gosto de caravanas de medições.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Dá-me uma vida

Os gatos têm sete, como é bom ser gato. Morre-se e nasce-se sete vezes podendo ser sempre um gato diferente do anterior, sempre gato no entanto se não acreditarmos na reencarnação.
O Pet rescue saga tem cinco vidas, isto se eu jogar no telemóvel, pois perdendo estas vidas, se eu for em seguida jogar no tablet tenho mais cinco e em esgotando estas posso ainda ir jogar no PC e tenho mais cinco. Ao todo quinze vidas, quinze possibilidades, quinze novas oportunidades que posso esgotar num ápice ou jogar pausadamente com mestria no clic e passar vários níveis salvando dezenas de animais no jogo.
Já uma pessoa tem apenas e só uma vida, por mais que faça tem apenas uma oportunidade de viver, uma só possibilidade que não pode nem deve desperdiçar. Todos os dias faço por não desperdiçar a minha e vivê-la o melhor possível, Gosto dela sei lá. 
Era Deus ter-me feito rica em vez de bonita (risada) e era ver-me a vivê-la, esta minha unica vida ainda melhor.

Gato Zé que já vai para aí na sua terceira vida, está quase curado da ferida que o ataque de um outro gato lhe fez. Mais dois ou três dias e tiro-lhe o capacete. Na semana passada tirei-lho para lavar, limpei-lhe a cabeça com um pouco de água e limpei-o, haviam de ver a alegria do bicho ao perceber que conseguia lavar-se, uma coisa tão básica mas de suma importância para os gatos. Voltei a colocar o capacete não fosse ele voltar a lamber a ferida e comprometer todo o tratamento e atei-o com uma fita dourada para que não o conseguisse tirar. Um pouco panisga eu sei, mas até que ficou charmoso.


Que aflição

Ultimamente só me passam merdas estranhas pela cabeça, saltam cá com uma pressa deste meu vulcão em erupção espalhando-se por mim em forma de lava encandescente. Aliás, sempre passaram, mas depois havia as outras, as mais coerentes e concisas que até faziam algum sentido  e era nessas que eu me focava, eram essas que verbalizava, que juntava em letras que até perfaziam frases. Estou em crer que agora penso do fim para o princípio e depois não consigo fazer com que as coisas façam sentido, as letras baralham-se, as palavras atropelam-se e as frases não saem. Nem o amor que é belo, nem a chuva que é fantástica, nem o cantar dos pássaros me fazem conseguir juntar palavras. A juntar a isto ontem atropelaram-me a auto-estima. No meio de todo este apagão até foi bom, a ver se volto da lua, me ponho em órbita e chego depressa à terra.
Até logo então.

domingo, 23 de outubro de 2016

Estão a ver aquelas melgas gigantes e pernaltudas?

Pois não tem nada a ver. É  gigante mas é  um cogumelo que eu vi ontem durante as pedaladas. Vi um outro primeiro mas tinha sido atropelado e estava todo esborrachado. Já  este, estava disfarçado de pinheiro recém  cortado, mas  não, era mesmo um cogumelo que eu parei para observar. Ainda pensei em trazer comigo uma parte para o caso de o dito ser alucinógeno e fazia um chazinho ao serão mas não consegui deixá-lo mutilado, coitado. Tão bonito e gigantone que ele era. O outono tem destas coisas. Isto e sapos, que aparecem com as chuvas, mas ontem não vi nenhum e hoje também não. Por onde andarão?

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

São às centenas

Oito pessoas a trabalhar numa sala é coisa para fazer subir a temperatura.
Abrem-se as janelas para fazer circular o ar e todos os dias, aí pelas dezassete e trinta, começa o fandango. A passarada começa a reunir-se nas árvores mesmo ali ao lado, perto das janelas para se aquietarem para a noite...
Oiçam o que para aqui vai com o som bem alto que isto é um ninho de vida digno de ser partilhado.















quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Espiral

Não sei bem como entrei nesta espiral em crescendo onde o pólo central não é aquele que quero que seja. Nem sei se será bom ascender nesta espiral, se será melhor iniciar o descendo ou se me deixe ficar no patamar onde me encontro, mas uma coisa eu sei, urge o controlo da situação.

domingo, 16 de outubro de 2016

Oitenta



Chega devagar mas decidida, apesar da prótese na anca, no rosto traz as marcas de uma vida. Toda aperaltada, de cabelo pintado e arranjado, a mala a condizer com os sapatos, a aliança no dedo, apesar de viúva. Nuns dias cheia de genica, noutros um pouco amadornada, mas teima em tirar as ervas do quintal, cozinhar, limpar a sua própria casa, até lavar os tapetes e as cortinas. Teimosa que só ela. À revelia pega no carro e vai fazer as suas compras, a sua vida, cada viagem cada risco, as quinas amassadas, o espelho acidentados. Vá-se lá convencê-la a estar sossegada, arranja-se o carro e está já está, diz, ser dependente de alguém é que não.
A mesa cheia de gente plena de amor e de sorrisos, acendem-se as velas, distribui-se o champanhe.
Mamãe, uma guerreira, uma mulher de força e de coragem.
São 80!

Este ano era esta

Do Festival bike de Santarém venho sempre apaixonada. ..

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Um, dó, li, tá

De kinder bueno, de morango ou de frutos vermelhos. Ai a minha vida! Esta confraria dá cabo de mim....

Escolhi o de kinder bueno e morri de felicidade e de prazer degustativo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Em queda

Cá em casa estamos em queda e tudo quanto é pelagem esvoaça pela casa. São tufos de pêlo de gato, são pêlos de gente, cabelos e folhas secas de plantas. A minha Manuela diz que não há aspirador que aguente isto. Já escovei os gatos, já mandei o pessoal cortar o cabelo e sugeri-lhes a depilação, sem grandes resultados, claro. Eu cá entretanto vou a uma loja de perucas. Quando é que acaba o outono?

Siga!

Olho através  das vidraças já  secas da chuva. Ora está  cinzento, ora percebem-se raios de sol a perfurar as nuvens. O céu abre-se. Os eucaliptos ao fundo estão  envoltos numa névoa e eu com os meus oculos progressivos consigo vislumbrar passaritos a saltitar aqui e ali. Veem-se pingos a brilhar. No fundo está  um dia lindo e a manhã  rola calma e lenta. Estou rodeada de papéis e sinto uma angústia no peito. Não  sei.....
Zé gato está  quase bom, passou a noite a fazer maldades.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Na dúvida é ter um pé de cabra à mão

Trabalhar sob stress, fazer mais coisas do que se consegue num curto espaço de tempo e contra relógio, é coisa para fazer saltar qualquer tampa desprevenida. O meu treino está em curso e posso confirmar que o domínio da tampa está no simples facto de nem sequer deixar que se entreabra pois uma vez o processo iniciado, o domínio está comprometido. O incentivo de ter conseguido uma ou duas vezes, mais uns pregos que comprei para a manter hermeticamente fechada hão-de resolver o resto. E chove lá fora.

Buhhh!

domingo, 9 de outubro de 2016

Quietude em dias mornos

Das coisas boas que a idade me trouxe foi o saber apreciar as tardes de domingo em casa, de pantufas com o meu gato convalescente ao colo no meio do silêncio e da calmaria.
Se antes achava esta calmaria um desperdício de tempo, hoje vale por mil aventuras.
Se ontem tive tanto calor a subir a serra da Maunça de bike superando mais um desafio, já a descê-la fiquei gelada, se esta manhã ao parar na esplanada na Batalha para um café a meio da pedalada tive frio, esta tarde apeteceram-me pantufas.
Estamos em Outubro e anunciam este um dos Invernos mais frios dos últimos anos. Não sei, não sinto frio, por aqui está uma tarde morna até porém vestida de um manto cinza que me traz melancolia, aliás, calmaria como gosto agora de lhe chamar. 
Acho que vou ler um pouco. Hoje tenho tempo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Procuro

Procuro todos os dias respostas às minhas perguntas, procuro ultrapassar as minhas dores, as minhas angústias, procuro desafiar-me, atingir objetivos, superar-me e levar outras pessoas a fazer o mesmo. Procuro ver os meus erros e repará-los, procuro deitar fora desilusões e tristezas. Procuro a todo o custo ver o lado bom de tudo, procuro fazer os outros felizes e procuro todos os dias a minha própria felicidade.
Nem sempre consigo.
No entanto, muitas das respostas encontro-as pelo caminho, enquanto pedalo por aí, ao som dos pássaros e do mar, à velocidade do vento e do fresco dos dias. Hoje pedalei durante sete horas.
Cheguei feliz e cheia de certezas.



terça-feira, 4 de outubro de 2016

Pior do que briga de mulheres, só briga de gatos

Pior do que as mulheres umas para as outras, só  mesmo os gatos. Diz a vet que mordida de gato em outro gato pode até  matar.
O meu Zé achava que era o maior da Cantareira e envolveu-se numa rixa....
Nem vos mostro a trincadela que ele tem na perna coitadinho.

domingo, 2 de outubro de 2016

Claro que a imagem é importante

Hoje acordei determinada a fazer subidas e fiz-me a estrada na minha fininha. 
Aí na terceira subida, carrego no manípulo para mudar para o prato leve e pumba, embrulha-se-me a corrente e fiquei a pedalar no vazio. Sozinha que estava, olhei em volta e nem vivalma. Deitei as mãos à corrente, desembrulhei aquilo tudo e coloquei a corrente no sítio. As mãos cheias de óleo tentei limpá-las às luvas e segui o meu caminho. Entretanto esfreguei os olhos, cocei o nariz, limpei o suor do queixo, bebi água do meu boião branco. 
Lembrei-me então que precisava desesperadamente de um café e não tinha nem uma moeda, começando a procurar uma caixa multibanco que só encontrei num Intermarché mais à frente. Saquei do cartão e fui levantar dinheiro, quando me virei tinha toda uma plateia a olhar para mim como se de uma alien se tratasse. Bom, pensei, afinal não é todos os dias que se encontra uma cota ciclista de fato branco colado ao corpo numa caixa de multibanco. Que sa lixe! 
Foi quando parei num café para a  tão desejada bica e pedi para ir lavar as mãos que vi a minha figura no espelho. Toda eu eu era óleo, nos olhos, no nariz, no queixo e por todo o meu fatinho branco, tão lindo. Só me faltava o fato de macaco aberto até ao six pack, a peitaça à mostra e os biceps de fora para parecer um mecânico de automóveis (os dos filmes claro, não os reais). 
Mais uma lição aprendida. Levar um mecânico comigo, para pôr as mãos no óleo. 
Estou farta de as esfregar e ainda tenho as unhas encardidas.