segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Dia 148 - Como as cerejas

 Como elas, as cerejas, são as conversas. 

Vem uma, depois outra e mais outra e vai-se a ver, lá se foi um saco delas. Num desses sacos descobri, alheia que sou em determinados assuntos, que há grupos de mulheres que se unem para tratar de tudo quanto é assunto que lhes diga respeito. Que assim seja! Ele há grupos de mães, grupos de avós, grupos de mulheres de cabelos brancos, de outras que têm caracóis, as dos cabelos lisos, as da menopausa, as que fazem tricot, as que gostam de decoração, as deprimidas, as ciclistas, as caminheiras, as que fazem dieta, as que têm rugas, as que gostam de escrever, as que Têm cães e quem sabe  até as de coisa nenhuma ou as de tudo e mais alguma coisa.

E se as cerejas vêm aos quilos, certa estou de que as conversas também e todos estes grupos têm dezenas, senão centenas de membros. E como não só de curiosidade e sede de saber vive uma mulher, necessário é que haja muuuito tempo e muuuuiita paciência para todos estes grupos. E eu sem ambos e me parece, terei de continuar alheia.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Dia 147 - sou

No inverno sou do calor, no verão sou do fresco. Definitivamente sou da luz e sou do sol mas sem exageros. Parece então que sou do meio termo e na verdade o que não gosto mesmo é de extremos. Talvez por isso o destino me tenha feito nascer no centro onde tudo é mais ameno, embora a minha veia itinerante, irreverente e desassossegada me faça querer conhecer esses tais extremos. Tanto vou para sul como para norte e volto lá sempre que possivel. Sempre, sempre como se fosse a primeira vez, adorando cada vista, cada sensação, cada segundo que lá passo. Há uns dias, essa tal de veia levou-me uma vez mais para norte e desta vez de autocaravana, pela primeira vez. Senti-me um saltimbanco de terra em terra, com a trouxa às costas, em busca de cantos e recantos, todos tão mágicos, cada um mais fascinante que o outro. Da praia do Belinho aos cavalos selvagens do Gerês, das escarpas do Douro às cascatas da Estrela, foram dias deliciosos. Falta, fez-me a minha bicicleta que me levaria a explorar mais e melhor, mas ao invés de uma semana, necessitaria de um mês.
Hei-de voltar portanto. 

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Dia 146 - Quando alguém nasce

Há quem nasça para salvar vidas, outros nascem para inventar coisas, outros para serem pais, alguns nascem para trabalhar e outros para fazerem alguém feliz. Há quem nasça apenas para viver e outros até para morrer. Eu nasci para ser livre e voar.... 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Dia 144 - impagável

 A pica que dá fazer clic no "enviar" do email comunicado de ausência para férias. Especialmente quando já praticamente todos regressaram. Muhahahaha

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Dia 142 - Quantas vezes

Olhei para o meu mundo e o achei pequeno. Tantas e tantas vezes eu pensei que o meu mundo era tão pequeno, pequeno por demais, sabendo eu que lá fora, fora dele, do meu mundo, havia uma imensidão à minha espera. Há! Há um mundo imenso que desconheço e onde tenho sede de me embrenhar. Só que este é composto por diversos pequenos mundos como o meu, aquele que eu acho pequeno demais e que não é, pois ao observar os outros reconheço que alguns serão tão pequenos como o meu, mas tão valiosos e, no final de contas tão enormes, que fazem parecer ínfimos todos os outros. O nosso mundo só é pequeno quando nós queremos. 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Dia 141 - Nada de novo

Ela pode até decidir, lá dentro dela, que a partir de agora será diferente. Pode até calar-se, ou pode começar a falar mais, pode dourar os cabelos com raios de luz, ou pode prendê-los num carrapito como quem prende as emoções. Pode comprar um vestido de flores bem curto, ou então bastante comprido, usar um chapéu que até é a cara dela, ou aqueles óculos de sol que escondem os sentimentos dos olhos. Pode escolher o caminho e evitar as pedras ou o musgo húmido e escorregadio, afastar os gravelhos que a fazem tropeçar, vestir o seu melhor sorriso, limpar a alma de passados e escancara-la aos futuros e ir seguindo, pelo caminho mais largo e mais seguro. Haverá talvez um desvio aqui, uma travagem ali, ultrapassagens, inversões de marcha uma recta de aceleração, mas, no final de contas, onde chega, nada é diferente.
E a do quarto esquerdo mantém-se quieta, o do primeiro direito soma e segue sempre na frente e os do rés do chão sempre iguais a si próprios. Sem surpresas. Até a do terceiro andar, que parecia ter-se mudado para o quinto, não passou da entrada. 
Há coisas que nunca mudam por mais que se tente. 
A essência é como o karma.