terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Estudasses!

Um dia quando tiver outra vida, vou fazer tudo diferente. Anda cá a parecer-me que a máxima "Estudasses" me assenta que nem uma luva. É que eu até estudei. Quinze longos anos, fora os que andei na Menina Graciete, que eu sou do tempo em que não havia pré escola. Concertezamente que não foram os estudos certos. Sim, sucede-me que há dias e dias que se sucedem sucessivamente em que me levanto, lavo as ramelas e quedo-me apresentável saindo para o trabalho, onde fico o dia inteirinho incluindo a hora do almoço. Aquela cena da marmita para poupar tempo e dinheiro e manter a linha, pois.
Do trabalho passo pelo ginásio ou não e corro para casa para tratar de alimentar as minhas termites de estimação. Mais coisa menos coisa, tipo lava, estende, apanha e passa e fina-se-me o dia.
Inveja! Inveja da má mesmo é o que sinto de certos seres com tempo e euros para fazer do seu dia um dia no paraíso. Elas dizem que trabalham, mas depois passam horas a fotografar-se com seus novos outfits e a prantarem-nos nos blogues, a fazer videos, em atividades com os filhos, vão ao cabeleireiro e à despelagem, ao cinema e às compras, pintam, escrevem que se fartam e ainda lêem mais livros do que uma biblioteca possui.
Possuída ando eu. Há qualquer coisa que se me escapa por entre os dedos e não são só os euros, será talvez o tempo e a imaginação, ou mesmo a organização, mas cá para mim são mais os connects.

Estudasses GM, estudasses!

domingo, 25 de fevereiro de 2018

São mais de cinquenta

Não sombras lá do tal Grey, mas rascunhos que nunca publicarei.
Sinto. Sinto muito. E quando sinto escrevo. Escrevo o que não consigo dizer a ninguém e escrevi tantas coisas nestes últimos dias, mas há muito que sei que já não sou anónima e não consigo, nem posso, despir-me assim de mim....

Ontem vi a primavera quando fui pedalar. Vi mantos verdes atapetados de pequenos malmequeres brancos, ouvi o chilreio de dezenas de pássaros, vi o sol e a luz. Aquela luz clara e brilhante que anuncia os dias amenos, senti o cheiro a fresco e a verde e cheguei cansada, quase noite, mas muito feliz. Pedalar é como escrever. Uma terapia.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

O poder aliviante do suspiro

O dia está mau, suspiro
O dia está bom, suspiro
O merdoso(a) do lado não se cala, suspiro
O merdoso(a) do lado não diz uma palavra, suspiro
No trabalho a coisa não flui, suspiro
O trânsito empaca, suspiro
Dá comichão e não se pode coçar, suspiro
O nosso amor telefona, suspiro
Rasga-se uma meia, suspiro...
Ora, um bom de um suspiro alivia com'o caraças, a questão é que pode dar aos outros uma impressão errada daquilo que podemos estar a sentir.
É que tanto pode ser a versão soft do foda-se, como a versão soft de algo assim mesmo em bom. Suspiro!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Palhacito

Meu pai era um homem demasiado sério. Sério no sentido de honesto, justo e sensato, também sério no sentido de quem carrega o mundo às costas, mundo esse que aparentemente pouco lugar lhe deixava para usufruir das pequenas alegrias da vida, mas acima de tudo, sério, de semblante carregado e riso difícil especialmente no ver de uma criança como eu para quem sorrir e gargalhar era tão fácil. A determinada altura a minha preocupação todas as noites, quando ele chegava do trabalho era fazer os seu olhos sorrirem. Sim, ele sorria com os olhos e se por ventura consegui-se arrancar-lhe um sorriso branco que era quando conseguia ver-lhe os dentes ao sorrir, era o auge, a apoteose da minha performance diária. Foi uma época bastante criativa da minha parte aquela. Eu cantava, dançava, pintava, dizia graçolas, fazia teatros, mímicas, ginástica, tudo. "O canito" de meu pai inventava de tudo por um sorriso. Isto até perceber que de facto a vida era séria demais,

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Portagem

Ultimamente entram e saem mais pessoas da minha vida do que aquilo que consigo processar.
É um verdadeiro corropio e ainda por cima a uma velocidade praticamente de jacto. No fim da passagem fica apenas aquele rasto de fumo branco que conforme os ventos demora mais ou menos a dissipar-se. Sinto-me uma portagem, uma fronteira, um ponto de passagem com tranqueira que abre e fecha constantemente e onde no fim de contas tudo passa mas ninguém pára. Não porque tenha sido propriamente a causadora de tal mas porque a vida é um comboio que rola sobre carris e pára em todos os apeadeiros, uns entram, outros saem  e a puta da vida é mesmo assim. Bem que me dizem vezes sem conta que temos de ser duros. Sejamos portanto duros, duríssimos e distantes e frios que as mossas nos duros são difíceis de deixar marcas.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Em pontas

Enquanto pedalava com esforço, ofegante e já cansada, tentando contornar as pedras soltas, as lajes escorregadias, as curvas, os paus caídos no trilho e ultrapassando a subida íngreme, abri o fecho do casaco para que o ar me refresca-se  o peito, arregacei as mangas para sentir o vento nos braços e olhei para a frente vislumbrando que o fim da subida ainda se encontrava longe. Faço força nas pernas, tentando pedalar com mais força e vigor, desvio-me das pedras à direita, fujo do precipício à esquerda, a roda de trás esbarra mas eu consigo segurá-la e pedalada a pedalada lá vou subindo. Apesar do vento fresco, sinto o suor a escorrer pelas costas, tenho calor, muito calor, queria beber água mas não posso largar o guiador para não me desequilibrar e uma coisa não me sai do pensamento. Vou conseguir, vou conseguir. Imaginei-me então uma bailarina, leve, muito leve, com uma saia de tule esvoaçante. Um plié, um jeté, um tendu, uma pirueta, tudo tão delicado e suave, tudo tão fácil e tão belo. 
Aparentemente. Tal como aquela serra. 
Após a curva deparo-me com um novo patamar, este ainda mais íngreme, mais a pique, com mais pedras e muito mais difícil, mas o bailado continua e a música há-de caminhar para o seu auge e eu hei-de chegar ao fim no meio de piruetas e piruetas em pontas, com a minha saia de tule tão fresca a esvoaçar e, num jeté perfeito, chego finalmente ao topo. A música pára, o pano cai. Quando volta a subir eu faço uma vénia como quem agradece a ovação da plateia que está de pé. Mentira, não há ovação, muito menos plateia, apenas há os que foram mais depressa do que eu e chegaram primeiro, mas ao olhar para trás. alguns há também, que vêm mais devagar ou os que estão parados a descansar, os que já não têm força para pedalar, os que caem, os que desistem. Não importa, nada importa, eu naquele momento sou uma prima ballerina das pedaladas, sou tudo, eu posso tudo, eu não desisti, eu consegui! E a vida é assim!

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Dúvidas, a minha vida é só dúvidas

Olhei pelo canto do olho o calendário e resmunguei. É isto todos os anos. Em dezembro é o natal e a passagem de ano, em  fevereiro é o carnaval e o dia dos namorados, em março é o dia da mulher e do pai, em abril é a páscoa, há o dia da criança, dos avós,  o são joão, o pedro e o António, o aniversário de casamento, o de namoro, o próprio do aniversário de umas quarenta pessoas importantes, o dia de pagar o IMI, o dia de pagar os seguros, o dia de ir a um batizado, a um casamento, a uma comunhão, enfim, um sem número de dias festivos onde temos/devemos investir. E eu, chata e ranzinza, estou pelos cabelos com tanta festa, tanta loja com montras temáticas, tanto apelo ao comércio e às comemorações só porque sim que me dão cabo do orçamento. Para bem ser acabava com todas estas merdas lamechas todas, mas no meio disto tudo há uma coisa que me lixa a sério. Porque raio dou eu tanta importância ao Dia da Mãe?

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Saber amar

Disse-me, olhando distraída como quem se sente perdida, que o amor lhe fugiu e se escondeu em parte incerta. Disse-me que seu coração mirrou e se encontra encarquilhado. Já não sabe esperar, pacientar, contornar, já não sabe proteger ou amparar, já não sabe cuidar ou gostar. A não ser de si. E de si tem dúvidas. Sente-se órfã de coração e de amor.
Eu.... não tive palavras.
Acho que também eu já não sei amar.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

E foi assim!

Este ano não carnavalei!
Normal para muitos mas não para mim que desde que me lembro já usei dezenas de disfarces, dancei, sambei, gargalhei, todos os anos me diverti até não poder mais com os meus amigos. Não sei se me está no espírito mas sei que sempre fui no embalo e nunca me arrependi.
Desta vez não me apetecia e o embalo foi outro.
Rumei a norte pela noite dentro e levantei-me de madrugada para pedalar, para me embrenhar por montes e vales, conhecer lugares novos há muito na minha lista. As míticas Fisgas de Ermelo, o mítico Monte Farinha e a Senhora da Graça, Varzigueto, Rio Cabril, Mondim, Celorico.... Lugares fantásticos! Não me desiludi.
E como se não bastasse  vim para baixo e para fugir aos Carnavais continuei a aventura pela Serra d'Aire e candeeiros. Estes lugares já conheço todos, mas não me canso de os ver.
Não dancei, não sambei, não gargalhei com os disfarces dos outros nem com o meu ou dos meus amigos, mas sorri. Tanto. Respirei. Tanto. Vi. Tanto. Senti. Tanto, mas tanto...















quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Memória seletiva

Não lembro as palavras
Não lembro a expressão
Não lembro o dia ou sequer a hora
Mas lembro
Perfeitamente
As promessas em vão

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Últimas

Elucidou-me este fim de semana mê rique filhe, muito sensato e assertivo o raças do miúdo, que o facebook se tornou a rede social dos  velhotes que se divertem a postar e a comentar a vida dos outros. Dantes faziam-no na rua, boca a boca e ao vivo e a cores, agora fazem-no comodamente em casa. Passaram a ter a língua na ponta dos dedos. Então e a rapaziada, pergunto. A rapaziada evoluiu naturalmente e naturalmente foi deixando o face mudando-se para o insta, o twitter, o snapchat e outros que tal. A rapaziada odeia cusquices.
Concordo com ele e também constato que de há uns meses a esta parte as amigas de mamãe e outros velhotes da minha rua me enviaram pedidos de amizade. Acho engraçado e muito bom para eles acompanharem os tempos modernos, mas as tendências estão a mudar sim e o face deixou de ser de longe uma rede social interessante. Não por causa da média de idades dos utilizadores, mas por causa do seu conteúdo e do rumo que as redes sociais estão a tomar.
Don't like!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Mariquices

Ah! Agora que também eu já tenho uma dessas doenças da moda, sou chique e estou bem mais integrada na sociedade moderna e já tenho até mais um assunto para falar com pessoas e para entrar em grupos e chats e tudo e tudo, yeah!
Ah pois, que isto das cenas virtuais é que é.
Além disso, estou muito mais descansada pois já não vou morrer de caganeiras. 
Vocês desculpem-me a expressão mas... sim, muitas caganeiras. E que caganeiras!
Pois que eles é o gluten, eles é a lactose, eles é as alergias, eles é as intolerâncias a tudo e mais alguma coisa e eu a rir-me destas mariquices. Entretanto desconfiei e amuei aqui com a minha tripa, fartinha de me pregar partidas, sem que me ocorre-se tal possibilidade e sujeitando-me a exames mirabolantes que ainda por cima me invadem aqui os buracos e as entranhas.
Ao ler pela bloga uns posts sobre o assunto, lembrei-me de fazer uns testes. Tira leite normal mete leite de amêndoa ou de arroz, tira iogurtes, tira queijos, volta a meter, voltava tirar e.. Voilà! A tripa melhora, a tripa piora, volta a melhorar. Não sei porquê mas parece que me tornei intolerante à lactose. Toma, embrulha, gaja do campo que tem a mania que isso são tudo mariquices...