quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Fim de dia

O sol estava a pôr-se, devagarinho, incandescente queimando o horizonte. O mar esta sereno, aveludado, mascarado de branco da névoa esfumada. Ao contrário do que esperava não havia vento forte, mas uma brisa fresca de fim de verão. Enchi os pulmões de ar vezes sem conta, fechei os olhos outras tantas a sentir aquele momento de tanta felicidade e pedalei sempre de cabeça virada ao sol e ao mar à medida que o meu dia se apagava e noite chegava. Sim, a noite.
Foi quando me apercebi que a noite caía rapidamente e ao tentar ligar as luzes verifiquei que estavam sem bateria. Pedalei então que nem um louca até casa a fugir da noite e dos carros e a pensar como fui inconsciente em não ter verificado as luzes antes de sair. Perigoso, tão perigoso. Felizmente cheguei a casa sã e salva esperando que outros inconscientes como eu e que se cruzaram comigo tenham tido a mesma sorte e tenham aprendido a mesma lição.
Boa noite.


Mau feitio bom

Disseram-me que tenho.
Além  de muitos defeitos ainda sou teimosa, refilona e contestataria, chata e de ideias fixas, contudo, transparente, genuina e espontânea.

Compro, esta sou eu!

Já  perguntarem-me se estou grávida  porque estou barriguda, sabendo que estou perto de perder a validade, é  como se me tivessem dado um tiro com uma caçadeira de canos serrados...

Eu já  venho, vou ali morrer para o ginásio.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Para a próxima não escapas!

Esta semana houve uma Manif na parede da minha casa. Não uma manif de oposição, não. Digamos antes que se tratou de uma marcha lenta, muito lenta, que até, erradamente claro, nem foi bem uma homenagem à minha pessoa, mas devia ter sido, já que eu não gosto de caracóis (de os comer) e os deixei viver coabitando com eles durante toda uma época de caça. Mas agora chega de merdas e deixem-se mas é lá estar nas plantas da vizinha e larguem as paredes de minha casa.


Este que aqui vêm é o cabecilha, o líder do Cartel dos caracóis, o que anda mais depressa, o que leva a bandeira (caiu na altura da foto), os outros ainda vêm lá mais abaixo, nem imaginam quantos. A este já enviei um SMS a dizer "basa daqui e depressa" mas não me parece que tenha surtido efeito, no entanto, eles que não se esqueçam que eu não gosto de caracóis. Não gosto deles no prato, mas também não gosto deles nas paredes de minha casa ou nas minhas plantas.

O facto de coabitarmos civilizadamente com certos animais, não quer dizer que os deixemos trepar pelas nossas paredes acima.


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Eu quero um kit de ferramentas!

Gaja Maria Ninguém! É o que eu sou, há pois é.
Assisti na TV à entrevista a alguns bloggers famosos que acabaram por sair dos seus empregos para serem bloggers a tempo inteiro. Porque escreviam bem, porque tinham muitos seguidores, porque a publicidade que eles fazem aumenta as vendas em muito, pois então e essas ditas marcas pagam-lhes a peso de ouro toda a publicidade que lhes fazem, oferecem-lhes montanhas de coisas e são todos muito felizes e prósperos.
Ora eu, que escrevo mal p'ra caraças, que não tenho muitos seguidores e que sou uma chata de primeira, mas estou fartinha de fazer publicidade à borlix, não recebo ponta de um chavelho.
Eu publicito as marcas das minhas bikes, mais dos sapatos de encaixe e do capacete, os fatos e as meias que uso, os lugares lindos por onde passo, as pêras e as maçãs de Alcobaça, até as Minis que bebo pelo caminho e ninguém me oferece um pneu, uma chave sextavada, uma inscrição numa maratona. Eu quero um kit de ferramentas!
Bom... pensando bem é melhor não que não as sei usar, mas eu quero uns sapatos de encaixe e um capacete em tons de azul para fazer "pandã" com a minha bike de estrada, eu quero um equipamento do grupo "Fuga Rosa", eu quero uns óculos novos que os meus têm as lentes riscadas, eu quero que me paguem a inscrição no Transportugal Tour, eu quero um patrocínio para ir pedalar na Transilvania!
Não?
Não, que eu sou a Gaja Maria Ninguém
Não, porque ninguém compra bikes pelo simples facto de eu mostrar fotos das minhas
Não, porque ninguém quer saber o que visto ou calço para pedalar
Ora! Pois fazem mal, muito mal! Vocês pá....


domingo, 25 de setembro de 2016

Reconciliação

Ontem de manhã, só de marido e filhos e após uma semana difícil, peguei na minha música e na bike e fiz-me à estrada com o intuito de ir passear sozinha até à Lagoa da Ervedeira. Bastantes quilómetros para pedalar sozinha mas talvez fosse até mais longe, dependendo do cansaço e das tendinites com que tenho lutado ultimamente pois até é coisa pouca, para os projetos futuros que tenho em mente. Logo se via.
Embrenhei-me nos meus pensamentos e ao som da minha música constatei que este mundo que é só meu, cresce um pouco mais todos os dias. Reconheço-me cada vez mais escassa de palavras e com cada vez mais silêncios, alguma solidão da qual não fujo e até procuro, muito trabalho, muitas mudanças que não sei se vão ser boas, algumas tristezas, muitas desilusões, algumas questões de saúde, tantas coisas postas em causa, tantos medos que nem costumo ter. Concluía  eu que  no fim de contas a vida não é um mar de rosas e que apesar de tudo só tenho é que a levar para a frente sem medos, quando toca o telefone a convidarem-me para uma tarde de btt. Ups! Apesar de ainda ir a caminho da Lagoa, aceitei prontamente que eu nunca me nego a uma pedalada. 
Abrandei o ritmo para não me cansar tanto, fui até à Lagoa e voltei, almocei a correr, troquei a roupa transpirada, mudei de bike e lá fui para uma pedalada com os amigos. O que me diverti, as gargalhadas que dei, as paragens que fizemos para beber minis, eu que nem gostava de cerveja, para comermos maçâs e pêras diretamente das árvores. Após um total de cento e trinta quilómetros não consigo explicar como não me sentia cansada pois necessitava disto para me reconciliar com a vida e comigo própria. 
Não posso, não quero, que este mundo que é só meu tome conta da minha vida.



terça-feira, 20 de setembro de 2016

Transformer

É Mamãe,  a Transformer com superpoderes que fez dos figos esta pequena maravilha.

Figos em calda

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Os dias em que não te consigo ver

Há  dias em que te vejo, sem te ver. Vejo-te, olho para ti e tu estás  lá, és  mesmo tu, mas não  és, eu nem te reconheço. ...
Será de ti? Será de mim?

sábado, 17 de setembro de 2016

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Não sei que titulo dar a estas palavras

Hoje não chove no meu coração, hoje faz um sol radioso.
Haveria eu, inchada de orgulho, alegria e felicidade de inundar o blog e o face e instagram de posts com fotografias dos meus filhos que eram os mais lindos de todos, os mais inteligentes, os mais meigos e educados. Haveria eu, de mostrar ao mundo as suas gracinhas, as primeiras palavras, os 100% nos testes, os nomes deles nos quadros de mérito, os trajes, o primeiro emprego, melhor que o de todos os outros, mas não. Os meus filhos não são mais bonitos que os outros, nem mais inteligentes, nem mais educados ou amigos ou meigos. Também não quero falar sobre as lágrimas que já me fizeram chorar, as vezes que me partiram o coração ou os dias em que me deixaram angustiada, triste ou desiludida. Não quero falar aqui sobre as noites que não dormi à espera que chegassem, as tardes que aguardei por um pedido de desculpa que nunca chegou a vir, ou um beijo ou um abraço, um obrigado. Não, eu quero escrever aqui que os meus filhos são meus, que os amo incondicionalmente, sejam eles o que forem e que faço das tripas coração, todos os dias para ser uma melhor mãe e para que eles sejam melhores filhos, melhores pessoas. E, digam o que disserem, não é tarefa fácil, ser mãe é o maior desafio que alguma vez abracei. Uns dias sinto-me frustrada, noutros vitoriosa, mas sempre, sempre faço o melhor que sei e posso, podendo ainda assim, não ser o que deva ser feito. Que os meus filhos nunca duvidem disso embora por vezes achem que não.
Hoje não chove no meu coração, hoje faz um sol radioso.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Assim somos

Não sou, provavelmente não és e com toda a certeza nunca ninguém será, aquilo que os outros esperam que seja. Esperam de nós seres perfeitos,  dependendo no entanto e sempre do conceito de perfeição de cada um. Uns acham que até somos excelentes pessoas, mas somos gordos ou magros, ou feios, ou o nariz é gigante, os olhos são estrábicos, as pernas são finas ou grossas. Outros até acham que somos bonitos e bem apessoados, mas desleixados, desorganizados ou que somos parentes de um asno. Outros ainda encontram beleza exterior, boa apresentação, inteligência, no entanto têm a certeza que somos maus profissionais. E ainda há quem ache que somos lindos, inteligentes, bons profissionais, mas uns velhacos, malvados, traidores, sem valores, sem educação, teimosos, prepotentes, antipáticos ou interesseiros. Eu sei lá, ora. Não somos afinal todos pessoas, seres humanos? Uns mais do que outros é certo, mas não devemos nós aceitar os defeitos e virtudes de cada um? Pergunto-me. E a ti. E a eles.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Conclusão concluída

Aparentemente estou nova, estou magra e estou gira, mas sou uma anti-social e sinto-me completamente deslocada em alguns sítios.
Esta é a conclusão de mais três dias da festa anual cá da terra onde revejo todos os anos vizinhos, colegas de escola, conhecidos e outros que tal.
Resumidamente, uma dia fui à tasca do marisco, no outro à do frango assado e no último à da sopa da pedra. Fui ao café d'Avó, ao arroz doce e ás filhoses nos três dias e depois de encher as peles, corri para casa  para não ter de falar com mais ninguém. Além de entretanto ficar velha, feia e gorda como todos os outros, acho que levei, definitivamente, uma cruz vermelha de toda a gente que passou as noites a confraternizar e eu não. Devo ter a mania que sou importante, só pode...

domingo, 11 de setembro de 2016

O meu coração

O meu coração é de pedra
O meu coração é de algodão, 
Tão pleno de amor em alguns dias
e em outros não...

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O que estiveste a fazer Gaja Maria?

Andei, na calada da noite, a trepar à figueira é procura de figos maduros. Sim, é à noite, que eu sei, que eles estão a dormir e se deixam apanhar, os malandros...
Isso e de madrugada, amanhã volto o ataque hihihi




terça-feira, 6 de setembro de 2016

O meu mundo que é só meu

Aquele onde me deito e acordo, tantas vezes sabendo apenas e simplesmente que não é de mais ninguém, somente meu.
É ausente, é longínquo, é secreto este mundo onde gosto de me quedar muda e surda muitas vezes, mas cheio de tão belos recantos onde me posso esconder. Dos outros e até de mim.
E os gatos continuam a ser pardos :)

As pespinetas das nossas vidas

Pespineta mete à mão  a cintura e começa  a cuspir palavras, julga ela, frontais e assertivas, tão  opiniosa e cheia de razão, como quem é  dona da verdade. São  palavras de fogo que queimam e lançam  farpas encandescentes em todas as direções, atingindo indescriminadamente tudo em seu redor.
Pespineta, tão  focada que está  na sua autoridade, na sua certeza e na sua razão, nem percebe o quão afasta de si a pertinência e o quão  ensurdece as pessoas quando fala. Alto, tão  alto, demasiado alto.
Eu ando a ficar surda e vocês?

domingo, 4 de setembro de 2016

Não sei como conseguem os putos estar sempre frescos



Ah e tal, velhos são os trapos, a idade está no espírito, bla, bla, bla, whiskas saquetas.Tretas! 
Uma gaja e os amigos ainda se sentem enxutos e até lhes apetece abanar o capacete até de manhã de vez em quando e faz-se a coisa acontecer.  Aí vão eles para a jantarada seguida de uma "white party" que é como quem diz a cena do beber e dançar até cair do costume mas o dress code é branco. Até fica giro e resplandecente com a malta bronzeada a contrastar com o branco mais branco não há. Mas uma gaja gosta de ir em bom e leva saltos altos e roupa justa que se vai colando à medida que se abana com aqueles ritmos loucos e começa a abrir os poros ficando com o bronzeado colado ás costuras. Só  problemas!
Desta vez decidi que iria chegar a casa depois dos filhos, mas além de não ter conseguido pois ainda não era dia, cheguei com apitos na cabeça, de sandálias na mão, toda desgrenhada e transpirada e vou demorar aí um mês a repor o sono. Já para não falar dos pés. Ai os pés. acontece sempre o mesmo e eu insisto.
Minha nossa! Estou de rastos...

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Morrinha

Como em todos os dias de morrinha conduzo devagar e consigo observar coisas que normalmente me escapam.
As pessoas são  como as formigas, preparam no verão  os dias difíceis de inverno e hibernação. As casas resplandecem agora, pintadas de novo, os jardins foram cuidados e flores novas foram plantadas. Os muros parecem novos de tão branquinhos e as ruas estão mais bonitas apesar da névoa.
A estrada voltou a encher-se de carros, vagarosos, com gente ainda bronzeada e de ar saudável  mas taciturna. Um ar de quem volta para mais uma jornada dificil, talvez a pensar nos gastos com o início  do ano letivo dos filhos, talvez a delinear planos mentalmente ou até a não  pensar em nada, apenas a deixar-se ir. Na estrada de sempre, para o lugar de sempre.
Eu também.
Cá  estou no lugar de sempre.