quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Mato quem as inventou...

Hoje estreei umas meias, lindas, pretas com uma risca de veludo atrás, lá daquela loja onde as atrizes e as modelos vão, quanto mais não seja para filmar um anúncio e receber uma pipa de massa, essa mesmo, a tal onde as meias custam os olhos da cara mas onde gaja que é gaja teima em ir.
A meio da manhã comecei a sentir o dedo grande do pé estranho, tirei a bota e pimba! Um buraco e dos grandes, tinha o dedo completamente de fora. Dasssse! Não há dia em que eu não rasgue umas meias no momento em que as calço. Tenho gavetas inteiras de meias falecidas que tenho pena de deitar fora. Já não basta terem inventado que os homens todos calcem meias pretas (tenho três desses espécimes, um de cada tamanho), como inventaram máquinas de lavar e cestos que engolem uma das meias do par todos os dias, máquinas de secar que desbeiçam os elásticos e encolhem os tamanhos como ainda inventam meias que se rasgam quando calçadas pela primeira vez. E não me mandem cortar as unhas que as minhas andam sempre no sabugo.
Mato! Mato que inventou as meias só para me enervar!

domingo, 26 de novembro de 2017

Ai queres ir ver o outono, queres?


Lindo este outono não é? Ali ao fundo, está o maridão à minha espera e eu, eu estou aqui atrás a arfar e a ver se descanso mas disfarçando como quem está mesmo a querer tirar fotografias ao outono.
Mas adiante.
Queria porque queria ir ver o outono à pista e pedalar por aquele tapete de folhas a fora com o rio Lis ali ao lado, coberto ele também de folhas de vários tons, a cidade ao fundo e nós ali, maridão e eu, pedalando de orelhas ao vento a curtir a paisagem.
Eis senão quando, avisto um cãozarrão a brincar com outro pequenito lá em baixo nos campos, Umm, está a brincar, não liga a ciclistas, este. Cãozarrão eriça as orelhas, cãozarrão avista maridão que ía ligeiramente à frente, cãozarrão começa a atravessar os campos em sprint direito a ele e eu, desacelero e respiro fundo, já me safei, ele pedala mais depressa que eu, cão cansa-se e eu passo descansada. Ou não. Cãozarrão descobre que eu vou ali, cãozarrão muda de direção e começa a acelarar direito a mim. Eu vejo que o cãozarrão vai me apanhar e começo a sprintar, cãozarrão está no meu calcanhar a tentar abocanhar-me o pé. Maridão a gritar pedala, pedala que ela vai-se cansar. E eu pedalei, pedalei, já não tinha mais mudanças, nem mais força nas pernas e ele não se cansava. Pensei. Pronto! Vou ser trincada.
Num volte face maridão desacelera e atira-lhe água do bidão, cãozarrão desiste e eu posso finalmentr respirar. Uf! Senhores, tirem-me os cáes das pistas quando eu for a passar. Eu até tenho umas pernas magricelas. Nada para trincar ok?

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A bolha

A bolha, a barreira, o muro, a linha. Chamem-lhe o que quiserem, mas é uma espécie de escudo que fui construindo à minha volta, sem saber até, como, ou porquê. Uma  bolha através da qual não consigo deixar que passem para cá, ou eu própria para lá. Esta bolha agiganta-se  cada dia que passa e apesar do fosso, da distância e da espécie de pedestal onde me encontro, cada vez estou mais certa da necessidade dela. Ela protege-me de quase tudo e quase todos.
Tenho medo no entanto.
Medo que esta bolha me feche em mim....

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Noites

Se noites há em que o sono não chega ou vem tarde e a más horas, a medo, intermitente e pouco conciliador, ultimamente, ataca-me assim que chego ao sofá e eu apago, sentada, de rato na mão e PC nas pernas, o gato enrolado à minha volta. Desde que pedalei até à Serra, onde esvaziei o pensamento, deixei o stress e matei as más energias, que me sinto em paz. Enquanto pedalava por aquela puta daquela subida de dez quilómetros acima, até ao Caramulinho, eu pensei em tudo. Pensei na Maria Isabel, na Teresa, na Paula, pensei no Zé e no Carlos, pensei na família e no trabalho, pensei naquilo que me tirava o ar e deitei tudo cá para fora. Pensei no que estariam eles a fazer enquanto eu me esganava por ali acima. Será que estavam felizes como eu, será que estavam a expiar e a purgar a alma, será que estavam a castigar o corpo num misto de desafio e dor mas também de êxtase e felicidade? Será que estavam também eles a tentar superar-se? Será que precisam mesmo de desafiar-se e tentar  superar-se como eu?
Isso eu não sei.
Apenas sei que o ar da serra me fez bem.

domingo, 12 de novembro de 2017

É por isto...

Daqui eu vejo o céu, daqui eu vejo a terra, daqui eu vejo o mundo e este mundo é meu.
Pedalo durante muitos e muitos quilómetros, sempre a subir, a subir, a subir. Mesmo até ao céu.
Mas não importa. Nada importa quando chego lá acima.
O mundo está a meus pés e eu bebo e respiro este mundo.

É por isto que eu amo pedalar!











quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Maria José

Mais do que a assusta a dureza da vida, assusta-a a crueldade da morte e talvez seja por isso que tem pressa de viver, de fazer, de correr. É por ter medo que a vida lhe fuja. Não é o corpo esquartejado, os exames, os tratamentos, é a espera, a incerteza, a intermitência, é isso que a tortura.  A inércia forçada então, quase a mata mais que a doença. Mas eu sei que a vida não lhe vai morrer, nem o sorriso, nem a alegria.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

As opiniões dividem-se

O lanche no trabalho!
Então,
É lanchar enquanto se trabalha fazendo ambas as coisas ao mesmo tempo, isto é, continuando a despachar serviço, num open space, à vista de toda a gente, mastigando, enchendo a secretária e o teclado de migalhas, engasgando-se entre uma dentada e um telefonema, embodegando os papeis e enchendo o caixote do lixo de cascas de fruta e mosquitos, mas o mais importante, nunca parando de trabalhar com a mão que se tem disponível
ou,
É parar de trabalhar, ir calmamente até ao refeitório, mastigar os alimentos muito bem como manda a lei, utilizar todos os recipientes para a reciclagem de seu lixo, lavar muito bem as mãos no fim e voltar então para continuar a trabalhar já com vários assuntos atrasados e por resolver
ou,
Não lanchar no trabalho!
Ein?

Fábrica de taças

Um belo dia filhos vão estudar para longe de casa e filhos, armados em independentes, querem é levar comida de plástico ou ingredientes de plástico para confecionar e apenas comerem o que bem lhes apetece, não o que Mamãe acha que é saudável para eles. Ora, claro que filhos logo se cansam da comida de plástico, claro, e suplicam pelas marmitas de Mamãe. Ora, Mamãe esmera-se a cozinhar para filhos e manda taças com sopinha e carninha e peixinho para filhos todas as semanas. Ora, taças vão perdendo as tampas, ou as tampas não casam e as próprias vão ficando perdidas e esquecidas nas casas de filhos e de filhos de outras Mamães, não sei. Eu sei que as taças vão-se evaporando, escapulindo, desaparecendo até que Mamãe decide que já não há mais verba para taças. Ou aparecem as taças ou não há mamitas. Oh mas oh que cena, mas Mamãe está tolinha ou quê, armar agora confusão e reclamar por causa de umas taças ranhosas, onde é que já se viu...
Ok, sai uma fábrica de taças!

domingo, 5 de novembro de 2017

Eu sabia!

Que ao invês de ter escolhido a quinta e a sexta para não fazer porra nenhuma a seguir a um feriado, devia ter escolhido a segunda e a terça antes do feriado. É que assim sendo era menos uma segunda-feira. Mas para que porra têm de existir segundas, ein? Além disso a ideia era não fazer porra nenhuma, porra! Não parei, estou cansada.