terça-feira, 31 de março de 2015

segunda-feira, 30 de março de 2015

Zona de conforto

Árvores, casas e carros passavam por mim a correr. Um cão ou outro olhava para mim, mas nenhum deles se atreveu a perseguir-me, eles sabem-nos indefesos por vezes, ou até não, talvez ontem não lhes apetecesse simplesmente correr atrás de mim, era domingo...
O céu estava pintado de mil tons de cinza e o vento soprava contra mim, tentando dificultar-me a pedalada. Sentia cada músculo das pernas em esforço e as lágrimas corriam-me por baixo dos óculos, que eu limpava com as luvas. Eram do vento.
Há muito que não pedalava assim, sozinha. Sozinha não, eu, a minha bike e a minha música. Sabendo que não ia ter companhia, levei umas músicas novas. Levei um novo espírito também. Levei comigo a ideia de "sair da minha zona de conforto" frase que não me larga de há uns tempos para cá quando me foi dito que os resultados acontecem quando saímos da nossa zona de conforto  e vamos à procura. Não sei bem em que fase da minha vida me terei eu acomodado numa qualquer zona de conforto, eu que sou uma lutadora, mas uma coisa é certa, dispus-me a largá-la e a deixá-la para trás, dispus-me a sair dessa tal zona em várias áreas da minha vida.
E lá fui eu, 60 kms de céu e de ar fresco e de vento só para mim, as praias a passarem, uma a uma, desertas e frias, o mar ao fundo e eu a passar por elas e a sorrir por dentro e a cantar aos berros as minhas músicas, plena de alegria e satisfação.
Quem me via havia de pensar que eu estava a fazer alguma corrida e me tinha esquecido de pendurar o dorsal, mas não. Era apenas eu a tentar sair da minha zona de conforto.

Como nos filmes

Acordo de madrugada. É ainda noite e já não consigo dormir. 
O calor da cama, aquecida pelos nossos corpos, mais pelo dele que pelo meu, claro, são reconfortantes e apaziguadores da minha mente já desperta e pronta para mais um dia. A respiração dele é calma, serena e ritmada de quem dorme profunda e descansadamente. Sinto uma calmaria, uma paz, uma enorme satisfação. Aquele retângulo porém, já não é suficiente para me prender ali. Nunca foi. Sempre tive pressa de acordar, sede de viver, de nunca perder tempo a dormir, de fazer coisas...
Calço as pantufas, ponho um polar pelas costas e desço as escadas, sei exatamente onde pôr cada pé, sei todos os cantos e recantos, todas as curvas, todos os tapetes e tudo aquilo que tenho de contornar na minha casa sem acender as luzes. Sei-a de cor.
Os gatos continuam enroscados no sofá, o cesto da roupa por passar continua ali, impávido e sereno, desta vez está mais vazio, dei-lhe um bom adianto, a casa de banho já não está húmida dos banhos da noite anterior, há pelos de gato pelo chão, a banca da cozinha tem migalhas e a toalha ainda está na mesa, do jantar tardio de MaisVelho.
Não cheira a café nem a pão quente como nos filmes, a sala está escura e a casa está fria. O dia nunca mais nasce...
Volto para a cama e abraço-me a ele, está quentinho. Vou tentar dormir e acordar de novo, desta vez como nos filmes.

domingo, 29 de março de 2015

sexta-feira, 27 de março de 2015

Os meus felinos são um espetáculo

Ele, não sai de perto da Sara Sampaio


Ela, tem a mania que é um ouriço


Sim, estou muito enervada

Não sei como isto foi acontecer, mas desta vez não cheguei a tempo para ir com o rebanho e não faço parte dos 40% de portugueses que vão de férias na próxima semana. Ó meu Deus! Não vou ter fotos de casas rurais lindas de morrer, nem das praias cheias com mar ao fundo, ou da bejeca na esplanada ou do gelado a meio da tarde. Credo que não vou poder contar no facebook o que vou fazer desde que me levanto até que me deito em férias de Páscoa, nem colocar posts no blog a meter nojo. Mas como é que isto me foi escapar??
Ah, mas vocês vão ver, ó se vão.
Quando virem as minhas fotos das estradas sem trânsito, do lugar que consegui mesmo à porta do trabalho, do refeitório calmo e vazio e eu a espreguiçar-me em plena hora de trabalho... Vão todos, mas todos a correr trabalhar, eu sei que vão.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Sei que já passou o dia dos posts sobre os pais

Mas dia do pai é quando um filho quiser e eu hoje apetece-me por cá para fora que voltei a visitar o meu e voltei a olhar aquela fotografia em que ele está a sorrir e com ar feliz. Gosto tanto daquela fotografia. Conversei com ele. Fui contar-lhe os últimos acontecimentos, lembrar-lhe o quanto gosto dele, falar-lhe da falta que ele me faz e dizer-lhe que tenho saudades...


E eis que chega aquele momento do ano

Em que nos passam para as mãos um papel com um calendário do ano e várias linhas para colocar as datas mágicas. Doze maravilhosos meses carregados de possibilidades e de sonhos e de esperança e de imaginação e de sonho e de uma imensa alegria e satisfação interior. 
A marcação das datas das férias!!
Mas isso é só até começarmos a desfolhar o calendário e verificarmos que os feriados e as pontes se escapuliram, que temos de conciliar as férias com as dos putos e as do marido e as dos 200 colegas de trabalho e as da mãe por causa do cão e dos gatos e do Natal e do Fim de Ano  e as da irmã para a mãe não ficar sozinha e as do vizinho que diz que fica de olho na casa e a disponibilidade dos locais para onde queremos ir e.....
Buááá!!
Vou ali fazer um ficheiro e já venho. Lá para a semana que vem.

terça-feira, 24 de março de 2015

"Sensação rebanho"

A maioria das vezes sei o que quero.
Algumas vezes não sei bem o que quero, mas sei o que não quero.
E há vezes em que tenho a "sensação rebanho".
E sensação rebanho é aquela que me leva para onde os outros vão.
Quando não me apetece tomar decisões, quando tanto me faz se é para ir ver a lua às 3  da tarde ou o pôr do sol às 3 da manhã, quando tanto bebo vinho tinto como branco, conquanto seja vinho, quando tanto oiço AC/DC como o Toni Carreira ou tanto me faz andar de Porsche como de carroça de burro.
Nesses dias estou por tudo, alinho em tudo, venha o que vier. Vou com o rebanho.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Esta noite, ai esta noite

Duas e meia da manhã e eu sem conseguir reconciliar-me com o meu sono de beleza. Fechava os olhos com força mas o sono não chegava. Virava para um lado e para o outro, nada, à noite não há passarinhos a chilrear para eu me distrair e as ovelhas para contar tinham fugido todas, assustadas com o meu resmungar. Só tinha mesmo o raio da minha gata Maria a dormir enroscada em cima da cama no preciso local para onde me apetecia esticar os pés. 
Isso e aquela pergunta a bailar-me nos ouvidos:
"Então e onde é que vais colocar mais uma estátua minha, amanhã dia 23 (hoje portanto) por mais um ano a aturar-te? Ao lado das outras todas??"
Engraçadinho! Quando ele vir a estátua que eu tenho ali no carro para pôr no peciché mesmo ali a olhar para ele... Ihihih

Acho que vos induzi em erro

Nem sou eu, nem a bike é minha na foto do post anterior. Fui ver uma prova do campeonato de XCO, mas como fotografa. Amadora ainda por cima. Captei este momento que me deixou a pensar.... 
Nem sempre os desafios dependem apenas de nós. Ainda assim vale a pena não desistir deles. Certo?

Quando não basta querer





domingo, 22 de março de 2015

Dia da poesia


Da minha janela
Eu vejo o mundo
Imagino o que não vejo 
E sinto um desejo profundo
De ver da minha janela
Aquilo que não vejo
E se não fosse ela
Ficava-me pelo desejo
E tudo o que eu quero
Eu vejo...
Da minha janela
Eu peço um desejo....

                                                                  Gaja Maria

sábado, 21 de março de 2015

E pronto!

O meu coração palpita que nem uma batata frita.
Lá foi o mê rique filhe para terras de Espanha para a sua tão ansiosamente aguardada viagem de finalistas andar uma semana em vinha d'alhos e divertir-se à brava. 
De todas as recomendações que lhe dei, não sei se houve alguma que não tivesse "entrado a 100 e saído a 200", Ok, espero então que me chegue inteiro na próxima semana, todo feliz e contente e com muitas histórias para contar.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Quando as aparências enganam



"Não me julgue pelo que aparento ser pois a aparências enganam, de verdadeiro, só o que há dentro de mim" 

Mila Peixotto









Os meus botões

Tenho!
Há quem tenha os seus alfinetes, eu tenho os meus botões.
Converso muito com eles, mas baixinho para que ninguém nos oiça. Por vezes até ouvem e perguntam se estou a falar sozinha. Não, respondo, é com os meus botões.
Antigamente chamava-lhes "o meu outro eu" mas depois achei por bem dar-lhe um nome, pois quem nos ouve sempre que nós queremos tem de ter um nome.
Hoje apeteceu-me mandá-los dar uma volta ao bilhar grande. Então não é que ousaram dizer que estivesse masé calada que aquilo não eram conversas para se ter com ninguém? Mas desde quando os meus botões são alguém? Ora reduzam-se lá  à vossa insignificância, vocês só podem ouvir, nunca falar, muito menos opinar e ainda menos discordar.
Arre xiça.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Antes e depois

Aos 6 anos
"O meu Pai é muito alto, moreno e tem caracóis. Ele joga comigo à bola, fazemos corridas de carros na pista, brinca comigo e é meu amigo. Quando for grande quero ser como o meu pai, gosto muito dele. Hoje é dia do Pai. Beijinhos Pai"

Aos 17
" Feliz dia do Pai ó cota!
Vai levar-me ao bar e da-me dinheiro "

Digo-vos eu que sei destas coisas

Os homens também têm dias!
Não faço ideia se ao invés de TPM se chamará PQTD (Parvos QuinTé Dói), FM (Feitio de Merda). MQM (Mania Que Mandam) ou simplesmente ATSM (Aparente Tristeza Sem Motivo).
O que eu sei é que em alguns, o síndrome se manifesta crónico e em outros é só de vez em quando.
Ah pois é, deixem-se lá de merdas, que os homens também têm dias.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Histórias IV - Ambição

O Jorge era de boas famílias, vestia-se bem, usava sempre o cabelo bem aparado e penteado e apesar de ser um "betinho" todos gostavam dele, era até bastante popular na escola. O Jorge era brincalhão e engraçado, não usava calão mas falava simples e sem presunção, alinhava em todas as brincadeiras e tinha um sorriso fácil e genuíno, além disso era um gentleman para as raparigas. Um verdadeiro "borracho" o Jorge. Era no entanto escusado apaixonarem-se por ele, já que só tinha olhos para  Carla, sua namorada desde sempre e com quem acabaria mais tarde por casar.

O Jorge era esperto e inteligente e seguiu os estudos na área da gestão de empresas com bastante sucesso e quando terminou, resolveu voltar para a sua pequena cidade onde, com o patrocínio dos pais, abriu um escritório que abrangia contabilidades, auditorias, gestão de patrimónios, técnicos de contas e por aí fora.

Entretanto o Jorge casou-se com a Carla, na altura já formada em economia e com um bom emprego. Construíram uma bonita e confortável vida em comum e tiveram duas filhas.
E o Jorge somava sucessos atrás de sucessos, o escritório ia de vento em popa com cada vez mais clientes, sempre em crescendo.
A ele sabia-lhe bem tudo aquilo, sentia-se poderoso, corria-lhe uma adrenalina inexplicável nas veias, sentia um frenesim a cada conquista, uma felicidade orgásmica a cada sucesso.
Adquiriu uma das maiores casas da sua pequena cidade, que reconstruiu e pintou de amarelo, a cor que poucos se atreviam a usar  na altura mas que logo se tornou moda. Dava nas vistas aquele casarão e todos sabiam que aquela casa era do Jorge, o filho  da D. Leonor. Comprou um carrão para ele, outro para Carla e as filhas passaram a frequentar o colégio inglês.

E como é da condição humana, o poder e o dinheiro aguçam a ambição e o Jorge não era diferente dos outros.
Num domingo à tarde, na esplanada com Carla, enquanto as miúdas brincavam por ali, anunciou-lhe assim, sem mais rodeios que estava na altura de estagnar ou avançar e ele tinha decidido avançar. Ia abrir um escritório na capital. Carla compreendeu a situação mas ficou triste e magoada pedindo-lhe que pensasse bem no assunto. Já tinha tão pouco tempo, iria andar constantemente em viagem para Lisboa e para a terra, perdia qualidade de vida, não tinha tempo para os amigos ou a família, para ir de férias ou de fim de semana, a sua relação iria perder com tudo aquilo e ela precisava de companhia e de apoio. E as filhas? Se já pouco as via, como seria daí para a frente? Não iria às festas de final de ano delas, nem de Natal, não participaria das suas actividades, não iria vê-las crescer na melhor fase da vida delas. Um estranho era no que ele se iria tornar. Era isso que ele queria?
Não era, mas ela já tinha imaginado o que era ter um escritório de sucesso em Lisboa, a capital? E nada o deteve, mais uma vez seguiu em frente.

Meses volvidos, Jorge dividia os seus dias e as suas noites entre o escritório da terra e o de Lisboa. Tanta coisa para fazer  e o tempo não esticava, passava a correr e Jorge corria com ele e contra ele.
Naquele dia a filha mais nova fazia dez anos e Carla fez-lhe um ultimato já muito aborrecida, ele tinha de estar presente no jantar de aniversário da filha com a família.

Jorge tinha reuniões em Lisboa nesse dia e saiu de casa ainda de madrugada para conseguir fazer tudo o que era necessário e estar em casa a horas, não queria mais uma zanga. Pelo caminho, ainda sem ninguém àquela hora, começou a rever a sua agenda mentalmente. Tinha tudo, documentos organizados em pastas, por prioridades e datas e uma folha com os tópicos a discutir para não haver perdas de tempo. Ui, tinha-se esquecido, quando fosse hora da abertura, tinha de ligar para o escritório, precisava de saber o câmbio do dia. Tão embrenhado ia nos seus pensamentos que nem reparou no camião que lentamente seguia na faixa da direita...

O embate foi de tal forma violento que o seu grande e supostamente seguro automóvel se enfiou totalmente por baixo do camião.
Jorge ficou entre a vida e a morte, em coma induzido, durante 4 longas semanas. Carla nunca saiu de perto dele, contava-lhe o que se passava lá fora, como estavam as filhas, que ligaram do escritório... Apesar de tudo, amava-o e ele não merecia tal destino, nem ele, nem elas. As suas vidas desfeitas por causa de uma ambição desmedida... E chorava com a mão dele entre as suas.

Entretanto Jorge começou a reagir, o pior já tinha passado, iria sobreviver.
Seguiram-se meses e meses de recuperação, tratamentos, fisioterapia. Nunca iria recuperar totalmente e as sequelas seriam bastantes, não mais teria condições para trabalhar. Talvez consegui-se alguma qualidade de vida, mas com bastantes limitações.

Os escritórios foram vendidos. Jorge dividia os seus dias entre a casa e as instituições médicas e Carla dividia-se em muitas para dar conta de tudo.
À medida que ele foi tomando consciência das suas limitações e do que era actualmente a sua vida, do que aconteceu e no que se tornara, foi deixando crescer uma grande revolta que não conseguia controlar. Tornou-se violento e maltratava a mulher, as filhas e todos quantos se aproximavam dele.
E Carla cansou-se, não por ela, que até compreendia, mas pelas filhas, não queria aquilo para elas.

A casa amarela foi vendida, Carla voltou ao trabalho, as filhas foram viver com ela para um pequeno mas acolhedor apartamento e Jorge ficou ao cuidado dos pais.

De vez em quando vê-se o Jorge a deambular pela cidade. Arrasta uma perna, não mexe um braço, lembra-se de algumas coisas e de algumas pessoas e fala sozinho pelas ruas, sozinho e com quem passa por ele, mas não se percebe o que ele diz...

terça-feira, 17 de março de 2015

Gostava


Por vezes gostava que fosse sempre dia e outras vezes gostava que fosse sempre noite.
Há dias em que gostava que o tempo parasse e outros em que andasse depressa.
Nuns gostava que andasse para trás, mas noutros gostava que andasse para a frente.
Há dias que correm depressa demais, há outros que nunca mais andam.
E depois há aqueles dias solarengos de primavera em que gostava de ser um caracol, pasmado em cima de um tapete verde, a ver o tempo dos outros correr e eu simplesmente a deixá-lo passar.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Adoro quando me falam assim as segundas de manhã

As relações ambíguas e intemporais que se baseiam no paralelismo dúbio da amizade e que vão subsistindo baseadas no paradoxo que é a humanidade intrinsecamente ligadas ao passado mas sustentadas bilateralmente pelo zénite do presente e ainda se ficam na eventual possibilidade de serem prolixas, viverão eternamente.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Super poderes

Há quem diga que eu tenho é mau feitio.
Há quem diga que sou é chata, teimosa e arruaceira.
Há quem diga é que me saltam tampas.
Há quem diga que eu tenho é os nervos à flor da pele.
Há quem diga é que tenho uma grande panca.
E até há quem diga que sou é bué da má.
Pffff! Tretas! Tudo tretas é o que vos digo. Eu sou é a pessoa mais doce, compreensiva e assertiva que pode haver neste mundo e arredores (tá-se mesmo a ver não tá?) e as tampas que me saltam são em forma de seta de cupido. Eu literalmente espalho amizade e amor pelos quatro cantos desta minha vidinha maravilhosa, acreditem.
Não, o que eu tenho são super poderes. Gente! Eu tenho mãos com super poderes´.
O rádio que tenho na secretária, só toca se eu estiver de mão dada com a antena, o meu gato Zé só adormece ao meu lado no sofá se estiver de mão dada comigo, facas perigosas, fornos elétricos incandescentes, grelhadores medonhos, portas assustadoras, silvas do mato e loiça partida, anda tudo de mão dada comigo. 
Isto são ou não são super poderes?

Engenhoca para o rádio tocar sem ter a antena de mão dada comigo. 
Preciso da mão para trabalhar não é?


quinta-feira, 12 de março de 2015

Eu tenho três termites, dois gatos e um cão

Uma gaja gosta de ir ao gym e de pedalar e isso. 
Uma gaja dá no duro o dia todo no trabalho para conseguir despachar-se a horas de ir ainda fazer o gostinho à perna.
Mas uma gaja tem de alimentar três termites e mais dois gatos e um cão lateiros como tudo e em chegando a quarta-feira, suas termites mais dois gatos e um cão já devoraram toda uma despensa e um frigorífico abastecidos no sábado. Posto isto, uma gaja tem de se dirigir a um qualquer hipermercado perto de si para trazer alimentos, que além de emagrecerem a sua conta bancária, vaão servir para engordar suas três termites mais dois gatos e um cão e fazer com que nunca consiga ir às aulas de pilates para se esticar e corrigir certas coisinhas posturais de gaja que dá o corpinho às dores no gym e no btt. 
Vai daí, uma gaja anda para aqui toda entrevada das cruzes. 
Acho que vou comprar uma daquelas bolas gigantes e passar as noite assim:


Só espero que as minhas três termites mais dois gatos e um cão não me devorem a bola a pensar que é de Berlim.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Histórias III - Elisa

Ela própria uma boneca, de grandes e vivaços olhos escuros e umas bonitas tranças que a mãe lhe fazia escrupulosamente todas as manhãs, enfeitando-as com laços cor de rosa enquanto lhe ia dizendo que um dia, também ela, iria ser mãe e tinha de ter muito brio com a educação de seus filhos. "É tão linda a minha menina" dizia a mãe a toda a gente que se metia com ela quando a levava pela mão, com a sua boneca ao colo.
Elisa adorava bonecas e tal como via a mãe fazer ao irmão, despia, vestia e com todo o carinho deitava, levantava, dava papa e colo... Ela sempre brincava com as suas bonecas e se fingia de mãe, quando fosse grande, queria ser mãe.

Um dia já quase adulta, em que se divertia com as amigas enquanto faltavam a uma aula, conheceu um rapaz por quem se apaixonou perdidamente. Namoraram alguns meses, o tempo suficiente para acabarem a escola, arranjarem um emprego e logo casaram que até parecia que tinham pressa. E tinha. Elisa tinha pressa de realizar o seu maior sonho, o de ser mãe.

Passaram porém muitos meses, um ano, dois anos e nada acontecia. Depois de outro e mais uns meses, decidiram procurar um médico e iniciaram um longo e penoso processo no mundo da infertilidade. Foram exames e mais exames, análises atrás de análises, testes de tudo e mais alguma coisa, nada sendo descoberto que pudesse originar tal situação. Elisa não esmorecia, nada nem ninguém a fazia desviar do seu objetivo, estava cada vez mais focada e dedicada ao assunto. No entanto, cada período fértil perdido, cada mês que passava sem ter a tão esperada notícia, era mais uma facada, mais um murro no estômago. Sofria.... mais e mais a cada dia que passava. Ele também sofria, sempre calado no entanto, dizendo-lhe palavras de conforto e fazendo-lhe carinhos. O que mais lhe doía era a tristeza do seu amor e todos, mas todos os dias, chegava a casa com uma flor, fosse ela comprada ou surripiada de um qualquer jardim, sempre lhe trazia uma flor. Uma flor e um sorriso nos lábios.

Após 10 longos anos de muitos tratamentos hormonais, injeções e consultas, nada, era o que eles tinham conseguido. Aliás, Elisa conseguiu criar um casulo, bem fundo e escuro, onde se enfiava, escondendo-se  de si e dos outros. Escondia-se das perguntas cruéis, dos comentários e dos conselhos tão sábios que todos lhe queriam dar. E acima de tudo fugia de si, embrenhando-se na sua desilusão e tristeza.
Por essa altura foi encaminhada  para a fertilização in vitro e inseminação artificial e a sua esperança voltou, foi como se tivesse renascido. Desta vez não havia muita margem para erro, agora era uma questão de tempo, foi porém logo informada que era um processo muito moroso. Entre consultas, tratamentos, punções, fertilização e inseminação, podia demorar muitos meses, anos até, se quisesse, podia recorrer a uma clínica privada.

Elisa pegou nas suas economias e foi com o marido a uma clínica no Porto. Ia acontecer, tinha de acontecer.
A ovulação foi estimulada, retiraram os óvulos, o esperma dele, fizeram a fertilização e no dia da inseminação disseram-lhe "temos quatro óvulos fertilizados, quantos quer?" Os olhos de Elisa brilharam de alegria e por segundos viu a casa cheia de crianças. "Todos!" respondeu.
O que ela não esperava era que nenhum deles tivesse conseguido agarrar-se ao seu útero sedento de vida...
Elisa chorou durante dias, ficou devastada mais uma vez. Mas reergueu-se logo em seguida e resolveu tentar de novo, uma e outra vez. Sem sucesso...
E ao fim de quinze anos, já sem economias, nem opções, nem forças para mais nada, Elisa estava um farrapo, um vulto, uma sombra, tinha de desistir. Nunca iria ser mãe, nunca iria realizar o seu maior sonho...

Uns dias mais tarde o marido chegou a casa com uma proposta: "E se adotassemos uma criança?"
Ela demorou dias a digerir o assunto, a pensar, a avaliar. Seria mãe na mesma não seria? Mas.. e se??

Algumas semanas depois pediu para ele se juntar a ela na mesa da sala de jantar, iam preencher uns formulários. Sorriram um para o outro e os seus rostos voltaram a iluminar-se.

Um dia, como todos os dias em que chegava do trabalho, passou na caixa do correio e estava lá uma carta da Segurança Social, a sua candidatura para a adoção tinha sido aceite! Dançou, cantou, festejou. Foi o mais belo presente dos últimos tempos, tinha acabado de completar 38 anos. Que alegria, que felicidade, apenas manchada pelo pequeno pormenor de que não andava a sentir-se muito bem, algo de estranho se passava com ela.

Foi logo no dia seguinte, ao abrir a porta do escritório que o sangue lhe fugiu, a luz se apagou e de repente, tudo ficou escuro. Elisa desfaleceu ali mesmo, desmaiou, apagou. Veio o Inem e foi levada para o hospital.

Estava grávida. Grávida!!

Passados uns meses nasceu o Afonso e passado um ano e meio nasceu o Guilherme.

terça-feira, 10 de março de 2015

A vida das gentes

Domingo é dia de pausa, dia de passeio.
Depois de um almoço, melhorado e caprichado, feito com tempo e com carinho, vestem a sua melhor indumentária, calçam os sapatos novos, elas talvez até ponham aquele colar, arrumado numa caixa bonita, presente de um aniversário algures no passado e eles os óculos escuros, sempre dá um certo estilo e juntamente com o carro a brilhar, até manda outra pinta. Entram no carro e lá vão eles, fazer a volta dos tristes.
Esta semana. para variar, começam ao contrário, vão para norte e começam a percorrer as praias em direção ao sul, num raio de, no máximo, 40 kms que a gasolina está pela hora da morte.
Eles lá vão desfilando, devagarinho e em fila, a apreciar a paisagem, a ver as pessoas. Talvez até conversem um ou outro assunto, talvez até parem para comprar tremoços e pevides, talvez vão até à esplanada beber um café ou uma cerveja, ou até talvez fiquem mas é dentro do carro, virados à praia, no quentinho, a verem os carros passar.
Se encontram alguém conhecido então a tarde está feita, ficam à conversa até à noite e depois, em chegando a casa, despem as fatiotas e voltam à sua vidinha todos felizes. Até foi afinal, uma tarde de domingo bem passada.
E é assim a vida das gentes (algumas)....

segunda-feira, 9 de março de 2015

E a história repete-se uma vez mais

Toca o despertador com aquela música zen, os miúdos levantam-se ensonados e dirigem-se à vez para o duche ordeiramente porque estão em modo autômato. Eu abro os olhos e vejo os gatos à entrada do quarto à espera que lhes vá dar o seu pires de leite. E tudo se vai desenrolando em modo robot e em câmara lenta. Pego no saco do Gym, na marmita e na mala e saio para o nevoeiro. O Nuno já abriu o café, a Etelvina está a tirar as verduras do carro para abrir a loja. Mais a frente os putos aguardam o autocarro para a escola e perto da pastelaria há muitos carros a pararem. Sigo o meu caminho, embrenho-me no nevoeiro ainda de olhos inchados a ouvir a Mixórdia de Temáticas. Sei que depois do café estarei completamente acordada e pronta para a luta. É segunda-feira!
Boa semana :)

sábado, 7 de março de 2015

O problema das mulheres

São certos e determinados Srs Gajos.
Hoje houve uns que me levaram para o monte subir e descer paredes em pedra num veículo de duas rodas puxado a força pernal. Sou bem capaz de amanhã só mexer os olhinhos. Mas não pensem que me nego, eu nunca me nego. Amanhã lá estarei as 9 no sítio combinado para mais umas pedaladas. Ah carago, adoro a serra e desafios, especialmente quando consigo supera-los 


sexta-feira, 6 de março de 2015

Sai uma lata de castrol

Diz a Doutora que devo "fazer cuidado" com aquilo que meto na boca. Ó diabo...  Fiquei para aqui a pensar nas coisas que meto na boca pois claro. 

Nos entretantos e ainda que o castrol não seja esquisito e não escolha género ou tamanho, que raio quererá ele de um palito com pernas??? E só por causa das coisas, esta semana já comi 3 vezes pão com queijo, 2 ovos estrelados, peixe frito, rissois fritos, bifes com natas. Ah e hoje é dia de confraria, sai pastel de nata!

Na segunda-feira começo a dieta, só não sei ainda em qual.

Ó pá!!

O problema dos homens....

São as mulheres! Sempre as mulheres :)

quinta-feira, 5 de março de 2015

Não tomes os comprimidos não...

Ontem ao pegar no meu bolinhas azul para ir do trabalho para o ginásio, achei-o estranho. Não estranho tipo calado, com ar de amuado ou estranho tipo enervado e refilão, nem estranho tipo agressivo e aos gritos, não, estranho assim tipo, a direito andava muito bem e direitinho, mas a curvar e a desfazer as curvas, o volante não queria ir. Eu virava para a esquerda e ele queria ir para a direita, eu virava para a direita e não conseguia, que ele teimava  em querer ir para a esquerda, tão pesado, tão pesado que quase não tinha força nos braços para o dominar. 
Algo na direção, pensei, já que não havia luzes acesas no painel e furado também não era que até parei para verificar. Sei que não fui além dos 40 kms hora o caminho todo, que com tanta dificuldade nos braços para virar o volante, até ia com medo que o gajo se finasse ali mesmo no meio da estrada.
Mediante queixa, maridão foi experimentar e verificou ele que estava tudo nos conformes, não lhe achava nada, nem um amuo, nem uma birra, nada. Já comigo... Raios!!
Hoje percebi então o zénite da coisa, o busilis da questão, o mistério da condução. Esperta que nem um alho eu. Discorro cá coisas..
Eu não consigo é mexer os braços! Tudo quanto é músculo braçal está nas últimas e grita de dor. Ele é biceps, ele é triceps, ele é ulna e radio, até me dói o tv e o vhs e até o rfm sei lá,  tudo derivado da aula de Body Pump onde já não ia há séculos...

terça-feira, 3 de março de 2015

Histórias II - Acompanhante

Dirigiu-se ao cacifo apressada, tirou a bata, descalçou as botas de biqueira de aço, enfiou tudo lá dentro, pegou no casaco e na mala, despediu~se das colegas e saiu a correr. Estava ansiosa por chegar a casa, tomar o seu duche relaxante, despir-se daquele cheiro, daquela personagem e pôr o seu perfume. Assim que chegou ao carro, olhou o nome na agenda e esboçou um sorriso.
No caminho para casa foi pensando em como tinha tanta sorte em ter conseguido aquele turno, assim podia dormir de manhã antes de voltar ao trabalho que a noite ia ser longa.

Já em casa e enquanto mordiscava uma maçã abriu o roupeiro. A sua melhor lingerie, preta, como ele gostava, o vestido cor de beringela, aquele que melhor lhe acentava, o decote evidenciava-lhe o peito firme e a cor fazia sobressair os seus olhos cor de avelã e a sua pele cor de pêssego. Afinal era o seu melhor e mais assíduo cliente, aquele, o único que lhe retribuía o prazer que ela lhe dava. Sentia até uma certa afeição, um gostar tremelicante, uma fraqueza nas pernas quando ia ter com ele, mas sabia, ela sabia que não podia ir além disso. Se ultrapassasse aquela ténue linha, aquele muro invisível, aquela ponte sem retorno, perder-se-ia para sempre, não haveria volta...

Tomou o seu banho, calmamente, deixando correr a água pelo corpo revigorando-o e passou o creme hidratante. A depilação estava impecável, as unhas também, as sobrancelhas no seu melhor que ainda ontem cuidara delas. Maquilhou-se e penteou-se como se de uma profissional se tratasse, aliás, ela já tinha sido profissional nessa área, mas trabalhava demasiadas horas, não dava para conciliar e ela queria dinheiro, esse vil metal que lhe permitia obter certas mordomias. A lingerie, as meias de seda, o vestido, os sapatos de marca e a mala igual. O casaco, faltava o casaco, de fina fazenda de um costureiro nacional conhecido. Olhou-se no espelho, deu uma volta. "Perfeito"!
Ela sabia que era a melhor, a mais bonita, a mais elegante, a mais meiga, aquela que todos queriam.

Dirigiu-se então ao restaurante combinado onde ele a esperava para jantar e começou o ritual, o jogo que gostava de jogar, o da sedução. Depois seguiram para o hotel, descalçaram-se e esticaram-se na cama, ele hoje queria conversar. E durante duas horas ele falou, falou e ela afagava-lhe o cabelo, dava-lhe a mão e ouvia...
Entretanto ele calou-se, olhou-a nos olhos e começou a desapertar-lhe o vestido, chegou a hora de ela lhe dar prazer.

Ao chegar a casa, pôs a mão na mala para procurar a chave e tocou no envelope. Aquela noite rendera-lhe 200 Euros. 200 Euros!! O carro já estava pago, a casa comprada, mobilada e a ser paga, tinha jóias verdadeiras, um telemóvel topo de gama. Tinha roupas e sapatos de marca,  frequentava os melhores restaurantes e hotéis, andava nos melhores carros, mas tudo isto só podia usar à noite claro, quem iria compreender aquelas coisas com um salário de operária. 

Enfiou a chave na porta de casa e abriu-a, uma casa linda porém escura, fria, sozinha, desprovida de calor humano. Não tinha amigos, quase não tinha ninguém, nem sequer um gato no sofá à sua espera. Tinha tudo, mas não tinha nada, valeria tudo aquilo a pena? Ela não passava no final de contas de uma prostituta de luxo...

Ah! Tinha algo, tinha uma bata e umas botas de biqueira de aço dentro de um cacifo à sua espera amanhã.
Deitou-se exausta e dormiu.

Coisas que me arrepiam...

Ainda ontem trocava fraldas cheias de xixis e cocós  e já estou a poucas semanas da viagem de finalista do secundário de MaiNovo. E isto é coisa para me fazer nascer uns cinco ou seis cabelos brancos, senão uns  10 ou 20 ou mesmo toda uma cabeleira!

Após todos estes anos ainda me espanta verificar o quão diferentes são um do outro os meus dois filhos, nascidos do mesmo pai e da mesma mãe e tendo tido a mesma educação, o mesmo tipo de alimentação e até de terem bebido a mesma água, da mesma fonte de onde Papai trazia uns garrafões para mim, que a da torneira, dizia ele, sabia a desinfetante.

A MaisVelho não lhe interessou a viagem de final de curso, a tal semana de grande curtição em Espanha, longe dos pais e com o consentimento e o patrocínio deles. A ele, bastam-lhe dois ou três amigos, a sua escrita de letras de rap e hip hop, a escolha das batidas e os concertos onde dá a conhecer a sua visão do mundo tão sui generis e virada para o anti-social.

Já a MaiNovo, interessa-lhe o mundo. Todo um mundo lá fora, à espera de ser desbravado e explorado por ele. Se um é virado para o interior, o outro é completamente virado para o exterior, ter amigos, muitos, correr mundo, passarinhar aqui e ali, ter vários grupos diferentes pelos quais se divide, conviver, ir a jantares e a festas, este filho é um social. A ele pouco lhe importa a leitura ou a escrita, a ele interessam-lhe sobretudo as pessoas.

Muito se fala dos perigos e dos acidentes destas viagens de finalistas, muitas histórias ouvimos que acabam em tragédia e a mim isto arrepia-me e deixa-me a tremelicar cá por dentro, mas como dizer não a um miúdo que tem cumprido com os seus deveres e obrigações porque algo poderá correr mal?

E depois lá vai ele, uma semana para Espanha com mais uns quantos, com Pai e Mãetrocínio...


segunda-feira, 2 de março de 2015

Assim haviam de ser as rotundas



Era capaz de passar horas às voltas nesta rotunda sem ninguém me apitar ou fazer sinais de luzes ou sequer gesticular como quem diz "estás na faixa errada, sua...", ou "devias ir por dentro ou por fora sua...",  "não sabes o código sua..." Quando muito ia ter os meus colegas a chamar-me que eles já iam lá à frente e eu nunca mais saia da rotunda.

Apesar de adorar btt, por vezes também pedalo na estrada e vejo que se há ciclistas que andam na estrada fora das ciclovias e lado a lado, embora até seja permitido por lei mas dificulta o trânsito, há muitos automobilistas que fazem tangentes e muitas vezes até secantes propositadamente e apitam para nos assustar, provocam, atravessam-se à nossa frente, travam de repente e mudam de direção sem fazer pisca como se nós não existíssemos. Muitos detestam ciclistas e acham que as estradas são deles e que os ciclistas não devem estorvar-lhes.
Que é lá isso?
Eu sou ciclista e automobilista e sei respeitar ambos os lados, as estradas são de quem anda nelas.
Vá, respeitemo-nos uns aos outros!

domingo, 1 de março de 2015

Das duas uma

Está decidido, para a próxima ou rapo o cabelo ou apareço em casa de carapinha!

Uma gaja aproveita que está a chover e não vai pedalar e passa três loooongas horas e meia no cabeleireiro onde anda para ir há meses. Vem de lá com pentes e escovas e tintas e pratas que chegam para 3 anos mas ainda assim, chega a casa toda contente e a sentir-se gira com as suas novas madeixas nos 10 longos cabelos que ainda lhe restam e ninguém diz nada???
Uma gaja sofre muito...