quinta-feira, 29 de abril de 2021

15/2021 - transformação

Como se de um enamoramento se tratasse, a yoga faz agora parte da maioria dos meus dias. Tenho-lhe afeição e gosto, dá-me prazer, alívio e satisfação. São meus, aqueles vinte minutos de mente e corpo sãos, muito zen e muito gratificantes. 
Também Kadafi, o Gato, os aprecia mostrando-se sempre muito interessado. Ora de longe observando, ora se aproximando e se deitando por baixo, por cima ou coladinho a mim enquanto tento executar à risca posições estranhas e desafiantes que não só me dão nós no corpo como me deixam a cabeça num grande nó para os conseguir executar. E no final, o que ele gosta de tornar a minha Shavasana numa tortura, roendo-me os dedos dos pés descalços. 
Ah Kadafi! 
Nesta série de 21 dias de yoga chamada de  "transformação" é solicitado no final que peguemos numa caneta e num papel e anotemos 3 coisas pelas quais somos gratos, 3 coisas que amamos em nós e 3 ações que fizemos ou faremos em cada dia que ajudam na nossa transformação e/ou do planeta.
Esta parte tem-me deixado sem respostas, prometo no entanto aqui e agora que vou pensar neste exercício dificílimo e  procurar em mim indícios da dita cuja transformação. Preciso dela. Ou não. E a vida continua. 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

14/2021 - O algeroz

Da janela do lugar onde passo a maioria dos meus dias observo um algeroz onde habita uma família, que, não que eu entenda grande coisa de pássaros, julgo ser de chapins-carvoeiro.
A espaços temporais, dois adultos voltam ao algeroz e, à vez, passam os dias fazendo viagens de ida e volta, trazendo no bico algo que depositam lá dentro. Talvez materiais para a construção de um ninho ou quem sabe , nesta altura do ano, alimento para os filhotes.
Um deles posiciona-se muitas vezes rente ao telhado por cima do algeroz a observar os arredores como quem faz a ronda à procura de malfeitores.
Eu, sinto-me um stalker que os prescruta e observa sem ser vista. Mas que todos os perigos que eles enfrentam fossem este, o de ser olhado com admiração e apreciado.
Na primavera passada dei com um filhote morto, caido por baixo do algeroz. Algum voo iniciante e mal sucedido que espero não se repita este ano, pois torço para que esta família, não tão diferente assim das nossas famílias humanas, que tal como eles, lutam para construir os seus ninhos e cuidar e proteger as suas crias. 
Quem dera que as nossas vidas fossem assim tão simples como encetar pequenos voos à procura de gravetos para construir uma alcova e apanhar minhocas e sementes para alimento...

sexta-feira, 16 de abril de 2021

13/2021 - Soltas

Vivo dentro de mim, envolta numa bolha. Dizem-me que pouco mudou e que faço o que sempre fiz, mas os dias passam e eu vou ficando mais repleta de mim, quase bastanto-me. 
Desenvolvi artefactos e já não sei se quero voltar a ver pessoas... 
Pese embora tal facto, constato que me sinto grata de cada vez que me encontram antes de me ter perdido.
Chalupa, eu sei.
Há pessoas possuidoras de um brilho. O meu, se é que alguma vez o tive, está com o interruptor avariado, acende e apaga intermitentemente e quando acende, pende para o tom de fosco.
Estou apaixonada! 
Ele é uma bola de pelo preta... 
Kadafi, o Gato, apoderou-se da casa e como todas as crianças, todo ele é alegria e energia contagiantes. Um autêntico Tarzan que salta, voa, corre e trepa como se estivesse na selva. Espero sinceramente ter a casa intacta todos os dias ao chegar, não sei, as cortinas são lianas...
Kadafi é um terrorista, mas quando se cansa e vem pedir colo, adora ser massajado e penteado. Já me tinh esquecido como é bom ter um bebé. 
A vida dá - nos e tira-nos a um velocidade estonteante. Até tenho medo.
Diz o ciclo da vida que um fruto nasce, cresce, amadurece e cai. Se eu fosse um fruto, certamente cairia sem amadurecer. 
O meu concelho vai ficar na fase um do desconfinamento e eu  vou continuar dentro de mim. 
Que me encontrem e me salvem..