terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Palavras ao vento

Acredito. Sou de acreditar.
Acredito nas palavras, acredito nas atitudes.
Acredito no amor, na amizade e no respeito. Acredito na honestidade e na justiça, na  integridade e na inteligência e acredito em muitos outros valores que me ensinaram e que preservo a todo o custo.
Em casa, no trabalho, na rua e em todo o lado. Acredito.
No entanto, deparo-me muitas vezes com um dilema.
Acredito nas palavras ou acredito nas atitudes?
Estas confundem-se, baralham-se, desencontram-se amiúde. O que umas dizem, as outras contradizem.
Valerão as palavras, ou serão as atitudes que tudo nos dizem, ainda que sem falar?


Giras aos 50

Tal e qual como fomos aos quarenta, aos trinta ou aos vinte. Tal e qual como seremos aos sessenta e aos setenta. Basta cuidarmo-nos e gostarmos de nós, alimentarmos o corpo, regarmos a alma.
Com esta chuva a minha alma está bem regada, agora vou só ali colocar um pouco de CC cream na cara mais um eyeliner e um rímel e vestir um conjunto de calças e blusa rosa nude e uma botinha de salto médio e cano alto preta. Ah! Tenho todo um conjunto de acessórios dourados que me ofereceram no aniversário para estrear. Ah! Por via das dúvidas que isto dos cinquenta é lixado, ontem fui renovar o corte do cabelo, mantive-o comprido, como as "teenagers".
Inté.

sábado, 28 de janeiro de 2017

E ontem...

Sorri!
Sorri à meia-noite quando o meu homem me encheu de beijos e abraços apertados.
Sorri durante todo o dia quando os colegas passavam para comer do meu bolo e abraçar-me e brincar com a minha idade.
Sorri à noite quando cheguei à festa que o marido organizou, com os meus amigos e a família todos à mesma mesa, sorri com os brindes, sorri com as cantorias, sorri com o bolo e com as velas.
Sorri quando cheguei ao bar onde o meu amigo foi tocar e me cantaram os parabéns perante toda aquela gente.
Sorri com as mensagens e com os telefonemas, sorri com os comentários no blog.
Sorri. Muito.
Obrigada a todos os que contribuíram para tornar o meu dia um dia muito especial.




sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Viço

Diz por quem lá passa que a partir dos cinquenta se perde o viço.
Dizem da pele que fica seca e sem brilho, do cabelo que branqueia e fica ralo e das rugas, que se cravam na pele. Do corpo, dizem que já mostra as marcas de uma vida começando a mover-se mais lentamente e que mazelas surgem do nada.
Já da alma o que dizem é dúbio. Uns afirmam que fica mais serena e sábia, mais madura, outros afirmam que mostra uma certa revolta e algum ressentimento, outros ainda que finalmente lhe chega a calmaria. Eu cá não acho nada disso, uma alma é uma alma e nunca perde o viço, a exuberância ou o verdor. O que acontece é que muitas ficam presas em estereótipos enganosos.
Sei lá! Só sei é que parece que a partir de hoje vou perder o viço.
Que sa lixe, que do viço cuido eu. Não vou deixar de me meter em aventuras, não vou deixar de subir serras a pedalar nem de as descer que nem uma louca por cima das pedras, não vou deixar de me vestir como uma miúda, nem de me rir às gargalhadas no meio de uma reunião, nem de chegar a casa de manhã de sapatos na mão depois de ter dançado a noite toda (claro que depois vou demorar três meses a recuperar, mas isso não interessa nada). Não vou parar de sonhar. Não vou, nunca, deixar andar a vida sem lutar por ideais e por justiça nem vou nunca deixar de tentar mudar o mundo. Continuo a querer fazer o meu cruzeiro de sonho pelos fiordes da Noruega e continuo a querer pedalar pela Europa dias e dias sem fim. Conformar-me e ficar quieta é que não.
Venham de lá os 50!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Sem título

Abotoei o casaco, enrolei o cachecol e calcei as luvas. Saí para a noite fria.
O ar estava gelado e queimava-me as narinas e os lábios, ainda assim inspirei o mais profundamente que podia vezes sem conta para depois expelir pequenas nuvens de vapor quente que se desvaneciam lentamente no ar. Andei depressa, quase corri como quem solta os espíritos que atormentam e entorpecem e que teimam em ficar. Afugentei as nuvens negras para que me aparecessem as estrelas, assustei os pensamentos maus para que se aproximassem os bons, corri com a angústia para deixar que a calmaria voltasse.
à minha passagem os cães ladravam e corriam de um lado para o outro atrás dos portões daquela rua que me parecia infindável, nervosos, raivosos. Eu percorria aquela rua, sem destino traçado, estranha e sem nexo. Entretanto os cães agigantaram-se, o ladrar tornou-se um grunhido feroz e vários pares de olhos brilhantes barravam-me o caminho. De relance vi que havia uma rua à minha esquerda e mudei de rumo. Assim que me viro deparo-me com mais olhos brilhantes, cheios de ódio prontos para me atacar. Decidi então retroceder para o caminho inicial mas à luz da lua vi desenhado um monstro de três cabeças e três caudas e num ápice pensei em desatar a correr.
Lentamente desabotoei os botões do casaco, despi-o, tirei as luvas e o cachecol, não queria que nada me impedisse de conseguir o meu intento. Inspirei profundamente uma vez mais e mentalmente proferi "três, dois, um.."
Em grande estrondo caí da cama abaixo enrodilhada no lençol e no pijama meio despido acordando a casa toda. Nunca vou saber o que aconteceu a seguir...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Desaparecida

Há já algum tempo que não me vejo, me procuro e não me encontro.
Tenho saudades de mim.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Uf!

Estive dez horas para ver a Mata Hari morrer. Chiça, raios partam a rapariga. Gostei do filme mas tenho o cu quadrado.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

É impressão minha

Ou anda tudo como eu, enregelado, desmotivado, enjojado e sem vontade de partir para as ruas da bloga, batendo às portas e janelas, ler, meter conversa, mandar umas larachas? É impressão minha e as blogo pessoas estão à lareira embrulhadas nas mantas a beber chá quente sem vontade de nada ou sou só eu que tenho o deditos frios que não conseguem encontrar as teclas certas para formar palavras e frases e falar das maravilhas da vida e das estrelas e das flores geladas e das árvores nuas e das estradas cheias de gelo? Isto anda paradito não anda?

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Escolhas

Bem sei que sabemos que as nossas proprias escolhas poderão  não  ser as melhores para nós.
Bem sei que sabemos sempre se as escolhas dos outros são  as melhores ou não  para os outros.
Bem sei que muitas vezes temos dúvidas se as escolhas valem a pena.
Tenho tantas dúvidas. .. .

domingo, 15 de janeiro de 2017

Spa

O tempo escorrega-me por entre os dedos sem que o consiga agarrar. Não chego para as encomendas. Quando assim é sou tomada por uma apatia que me deixa longe de tudo e de todos, uma espécie de escudo invisível, uma linha que me separa de certas dores, de certos sentimentos, que me faz fugir das pessoas, que me deixa perdida.  
Aparentemente e no final de contas parece que não estou sozinha nisto, sim, eu sei, isto do tempo é coisa para dar nos nervos a muitas mulheres que não sabem para onde se virar. Vai daí que "Migas"e eu, neste fim de sábado gelado que prometia lareira e roncos no sofá, fizemo-nos ao SPA de água salgada. 
Nós, as gajas, no meio de milhares de bolhas de água quente e fria, caminhos sobre pedras, jacuzzi, cascatas, jatos de alta pressão. Há tanto tempo que não fazia isto que já nem me lembrava o quão sabe bem. Durante setenta minutos andei dentro da água salgada rodeada de bolhas por todo o lado. Fechava os olhos e conseguia flutuar, sentia as bolhas nos pés, nas pernas, nas costas, inspirei profundamente o aroma a mar. Leve tão leve. Como que por magia a minha alma foi ficando vazia de certos lixos, limpa, o vapor levou-me a ansiedade e o aperto que trago cá dentro. Sei que devia, mas não consegui ir ao banho de gelo no fim, eu queria era uma massagem, mas essa fica para a próxima.
Quero ir outra vez amanhã e depois de amanhã e no outro dia... 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

À espera

À música de fundo sobrepõe-se o burburinho de pessoas a falar.  Umas andam de um lado para o outro ao telemóvel,  outras observam sossegadas, a maioria conversa circunstâncias e banalidades. Apenas vejo uma pessoa a ler. Alguém desfaz a árvore  de Natal à  entrada e uma auxiliar grita o nome de alguém. A fila de atendimento chega à  porta e o som dos números a passaram não  pára. De um lado do hall as consultas externas das crianças, do outro as dos velhinhos. Entram macas, saem macas, velhinhos muribundos, crianças  a correr, carrinhos de bebé passam apressados num contraste entre a vida e a morte, entre a energia e a apatia, a alegria e a tristeza....
Eu, aqui no meu canto, espero e desespero. Isto dos hospitais é tão  fascinante quanto deprimente. Sei que todos se esforçam para tornar isto melhor mas eu já  não  consigo ouvir pessoas, cheirar pessoas, ver pesdoas. A música enerva, a campainha enerva, as rodas das macas e dos carrinhos a deslizarem, enervam. Porque não trouxe eu um livro para ler enquanto espero  e desespero?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Esta pele que não é a minha

Visto por vezes uma pele que sinto não ser a minha, é fria e pouco elástica, no entanto gosto dela. Protege-me dos ventos fortes e das tempestades, os relâmpagos nem os sinto.
Há porém dias em que insisto vesti-la e a odeio, pois protege-me igualmente das brisas leves e doces, dos dias amenos de sol, do calor dos sorrisos.
Nunca sei bem que pele vestir ou em que parte do dia chegou a hora de despir uma e vestir a outra...

domingo, 8 de janeiro de 2017

A rosa

Maldizia eu a minha vida por nem sentir as mãos enquanto estendia duas máquinas de roupa pela manhã bem cedo para conseguir fazer todas as tarefas necessárias e ir pedalar à tarde, que raio de vida esta e estendia e prendia cada peça com molas coloridas cá nos meus pensamentos, quando os meus olhos bateram num ponto de luz direcionado  exatamente para a minha frente. Levantei a toalha que estava a estender e deparei-me com esta rosa na qual até ao momento não tinha reparado. Tão singela, tão bela, tão feliz por estar ao frio e a aquecer-se com os raios de sol da manhã. 
Sorria para mim...

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Sessão extraordinária

Havendo vários assuntos a debater pendentes de reestruturação, organização e decisão, reuni comigo própria. Da ordem de trabalhos, todos os assuntos foram discutidos, não pela ordem de prioridades, mas por uma ordem aleatória inicial e depois como todos sabemos, um assunto leva a outro e conversa vai, conversa vem, discussão para aqui, argumento para ali, acabei por dar encerrada a reunião ao fim de algumas horas, sem conclusões aparentes. Na ata ficou registado que na próxima sessão extraordinária com a minha pessoa, irei definir um plano de ações para discutir assunto a assunto por prioridades até à exaustão por forma a que fique decidida a sua conclusão.
Este ano está a começar muito mal e eu vou ter de parar de devorar chocolates. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Lágrimas

Ao olhar um pouco para trás, acabei por recordar que dois mil e dezasseis me trouxe algo há muito esquecido. Lágrimas!
Havia mais de três anos que água salgada não corria dos meus olhos e antes disso, uns cinco anos. Talvez tenha o saco lacrimal entupido, ou queira sempre ser tão forte e durona que não deixo a alma falar, desta vez porém, o dito saco lacrimal traiu-me. E não foi apenas uma tremidela de queixo, um aperto no peito ou aquela dor de quando algo nos atinge e nos fere ou a tristeza que se nos apodera do corpo e da alma, foi tudo isto e muito mais, foi uma explosão, foram lágrimas descontroladas, daquelas que saltam dos olhos sem nós querermos, nos toldam a vista, nos borratam a cara de rímel e ensopam lenços e lenços. Foram daquelas lágrimas que não temos hipótese de travar e que por mais que queiramos não conseguimos parar até que a tristeza se vá! E foi. Devia chorar mais vezes.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Passagem arrumada

Não fui a Sidney, nem a Nova Iorque, nem mesmo à Madeira, fui mesmo comer as doze passas e abrir a garrafa de champanhe no areal da Nazaré com os meus amigos, depois de uma mariscada bem regada para não me dar o frio. Coisa de pobre mesmo, mas não foi por isso que não deixou de ser uma boa passagem para o novo ano. Desejei saúde, sucesso e muita felicidade para os meus, desejei ter força nas pernas para pedalar o mesmo ou mais do que no último ano em que pedalei mais de 6.000 kms e fui muito feliz. Desejei ler mais e melhor, desejei trabalhar cada vez com mais afinco e mostrar que sou uma guerreira, prometi nunca me deixar abater por pormenores sem importância, prometi fazer tudo para ser feliz. Passagem arrumada. Venha de lá esse ano novinho em folha!