domingo, 31 de janeiro de 2016

Os olhos também falam

Quando inexplicavelmente procuramos as palavras e elas nos fogem, quando vasculhamos bem fundo a ver se as encontramos e não. Corremos atrás delas, remexemos á procura mas não. Definitivamente agora não. Se nuns dias elas saem sem nós  querermos, noutros parece que se esfumam por entre o nevoeiro cerrado. Talvez tenha sido no caminho para o trabalho ao atravessar aquela bruma intensa que o sol naquele momento ainda fraco, não conseguia furar. Talvez tenham desertado assustadas com a voracidade do meu pensamento que ganhou asas pelo caminho. Aguardo o andamento da manhã, se eu não  mais as procurar, talvez elas vão  voltando.
Por agora tenho os olhos. Que os olhos também  falam!

sábado, 30 de janeiro de 2016

Mindfullness perto do céu

Já tinha ouvido falar deste tipo de meditação, mas recentemente um amigo falou-me que foi a uma palestra e veio de lá encantado. Do melhor para controlar o stress, a ansiedade e até a depressão.
Eu não preciso, basta-me subir a serra, respirar, contemplar, pensar....
Subam o monte, caminhando ou pedalando e vão entendar-me.









quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Medo

 Ando há uns tempos a calcorrear montes e vales de palavras, muitas estradas de letras e vários caminhos de prosas blogosféricas. Vi tantas linhas retas e tantas  curvas. Mas também vi tantos limites de velocidade ultrapassados, tantos stops ignorados.
Muitos caminhos viraram estradas, mas algumas estradas viraram caminhos sujos e cheios de buracos.
Fiquei com medo. Medo que também a mim a presunção me tolde a modéstia, que a arrogância me transforme a humildade...

O chapim real

Hoje acordei com mais um ano e um gosto a fim de festa, não  que tenha havido festa, mas o gosto está gravado para estes dias e, assim sendo, gostos gravados em certos recantos da memória, já que ocupam espaço, terão de vir á  tona de vez em quando para que não  ganhem pó, foi hoje.
Eu só queria ficar quieta no meu canto a curtir a ressaca que não  tinha e a pensar cá  coisas com os meus botões que por acaso até  tinha. Vá-se lá  entender estas coisas.
A reunião  da manhã  foi adiada, boa! Deixassem-me trabalhar sossegada.
Quis porém a minha faceta de sem parança, em conjunto com a de protetora de animais que me chamassem para ver um passarito caído  a porta da receção. Em voo picado,  chocou com o vidro e ali ficou, estendido. As asas abertas, as patas encolhidas, olhitos fechados. Respirava no entanto e peguei nele, fiz festinhas,  dei água, soprei, deixei-o descansar.
Depois cagou-me na mão! Nunca se caga na mão  de quem nos tenta salvar. Mas apesar de tudo e da mão cagada, eu sou ou não  sou uma salvadora?
Fui devolvê-lo á natureza, já que não podia fazer mais nada, além disso, já tinha a mão  cagada, não  queria que ela tivesse também um pássaro morto.
Meia hora se passou e não me contive, fui ver se tinha conseguido dar às asas e voar. Não. Ainda lá estava, todo enjojado, inchado e de olhos fechados. Ia finar-se certamente.
Fiz-lhe uma festinha e saltou-ne para o braço, olhou para mim, juro que o vi piscar-me o olho, voou!

Um bom presságio, este.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A todos um bom Natal cheio de Páscoas e muitos Carnavais

Não é nada disto. 
Eu quero é agradecer a todos o que me parabenizaram das mais variadas formas e feitios. 
Sou uma felizarda, tenho muitos amigos.
Muito obrigada!

A mim

Tenho Mais Almas que Uma

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa 



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Um dia

Haveria eu de estar profundamente adormecida na minha cama king size, com lençóis de cetim de cor salmão e um edredon de penas de ganso raro do Cazaquistão e viria a criada com um nome Latino, a Consuelo, abrir-me os reposteiros devagarinho para deixar entrar a luz do sol através da enorme sacada virada ao mar dizendo "São horas Senhora."
Depois haveria de dizer que o meu banho estava pronto e eu calçaria os chinelos de fina pele com pompons cor de rosa e colocaria o robe de seda a condizer pelas costas para me dirigir á banheira redonda já cheia de água morna e muita espuma cheirosa. De seguida teria a roupa preparada por ela na cadeira, ajudar-me-ia a vestir, a maquilhar e pentear e calçar-me-ia os sapatos para eu não me baixar. Diria então que o pequeno almoço estava na mesa e eu iria até á sala onde teria sumo de laranja natural, chá, café, croissants quentes, compota, bolo de pera e manteigas várias, frutas exóticas e queijos. Eu, mordiscaria uma rodela de kiwi, beberricaria um café e diria "Não estou com apetite" ao que Consuelo responderia: "Tem reunião de Administração ás onze, Senhora, o Ambrósio está no carro á sua espera."
Daaaa-sssse!
Não ouvi o despertador, acordei assarapantada, mal lavei a cara, não me penteei, vesti o que me apareceu á frente, trinquei meio pão com manteiga pelo caminho, conduzi que nem uma louca a fugir do colete de forças, cheguei atrasada ao trabalho e esqueci-me da marmita com o almoço.
Mas onde é que anda a minha Consuelo??

domingo, 24 de janeiro de 2016

Mudar

Acordei a meio da noite muito agitada, a mente confusa de vários sonhos sem nexo, uns mais do que outros, todos a rondar o pesadelo. Com a luz difusa que vinha da escada olhei em volta, estranhei a gata não estar a meus pés enroscada, desci a escada e lá estava ela na sua almofada frente á lareira e ainda bem pois a colcha nova, cuidadosamente dobrada provavelmente não tinha ainda pelos, uma questão de dias. Meu filho dormia no sofá  de luzes acesas e tv ligada, ainda não sabe da conta da luz astronómica que recebi. Sinto que ando a ser roubada! Desliguei tudo e suspirei, amanhã temos de conversar sobre as novas regras cá de casa. Voltei para a cama, passei a mão na colcha e o toque suave e o cheiro a novo sossegou-me. Cheguei-me a ele e aconcheguei-me para voltar a dormir, o som da sua respiração profunda e tranquila sossega-me. Uma palavra porém não me saía da cabeça. Mudança.
Mudamos sem nos apercebermos, mudamos porque assim queremos, por vezes porque tal nos é imposto ou  porque determinadas circunstâncias á mudança conduzem.
Mudar os nossos lugares, as nossas pessoas, a casa, o carro, a profissão, a atitude, a imagem, a vida, mudar seja lá do que for. Umas mudanças agradam-nos, outras nem por isso, mas uma coisa é certa, mudar alarga-nos os horizontes, os conhecimentos, a visão que temos das coisas e das pessoas. A mudança enriquece-nos. Acima de tudo dá-nos esperança e motivação. Mudar é positivo.
Adormeci.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Como podia eu?

Dizem que sou maluca, a minha família diz que sou maluca, quem me conhece diz que sou maluca e eu... quase que acredito.
Ainda ontem quase que me finava de tanto vomitar e chiar fininho (como diz a Noname :)) e hoje fui pedalar.
Mas como podia eu perder uma tarde de sol com vinte graus de temperatura em Janeiro sem pedalar depois de tantos dias de chuva e frio? Com os bolsos repletos de lenços de papel não fosse precisar de repente e muita água no bidon para hidratar, lá fui eu. Uma autêntica terapia medicinal.
E como podia eu perder a chegada a casa com a companhia desta lua imensa e linda e a mini preta no bucho que engoli na última paragem?
Como podia eu?


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Xiça!

Se algo de bom existe numa virose que nos faz regorgitar por vários orifícios, tremer e andar com a cabeça á roda numa autêntica tonteira, esse algo é uma sesta a meio da tarde. Isso e uma limpeza intestinal e outra estomacal. Xiça!!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Gengibre, canela e limão

Disse-me há dias o meu ginásio "Ano novo, vida nova". 
Vai daí que não para de me surpreender, aulas novas, horários novos, miminhos aos clientes e agora, incluído no cartão mensal, consultas de nutrição. Eu que sou de ouvir o que me dizem, segui a tal máxima da vida nova e fui á nutricionista.
Bom, disseram-me para não dizer isto a ninguém, mas os valores da balança estranha que mede tudo e mais alguma coisa estão todos bons á exceção de um pouquito de massa gorda a mais, que até sei onde se esconde, mas não digo, não me apetece, vá. E como sou moça viciada em açúcares e queijo e fritos que me acicatam o colesterol, vim de lá com um plano alimentar. Não para perder peso, mas para comer melhor e mais saudável.
O que queria de fato contar-vos no meio disto tudo, é o quão deve ser milagroso o chá de gengibre, canela e limão, uma vez que me foi prescrito para tomar todos os dias. Gente, pesquisem sobre o gengibre, a canela e o limão nas dietas alimentares, são capazes de ficar surpreendidos.
Olhem só o que já cá canta:


Super egos

Tão  perfeitinhos, tão  certinhos, tão  corretinhos.
Tão  inteligentes, tão  eficientes, tão  bons
Tanta sapiência
Tanta razão
Tão  melhores que eles são
Tão  mas tão. ..
Um verdadeiro Sol á  volta do qual todos planetas giram, aliás, só  os planetas não,  todo o universo.

Ou então não!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O cagagésimo

Bem no fim da gota cair e fazer transbordar o copo, soltanto um chorrilho de emoções,  outras tantas expressões e mais uns quantos palavrões que não  puderam ser travados durante aquela fração de segundos em que a névoa passa pelos olhos, o fumo pelo cérebro e a mola destrava a língua soltando-a, o cagagésimo de segundo que faz a diferença, o abismo que se abre entre o dizer e o não  dizer vem fazer das suas. Bem no fim da gota cair fico aqui pensar, filha da puta da gota mais do  cabrão do cagagésimo de segundo!

domingo, 17 de janeiro de 2016

Haveria de chegar o dia

Em que sais para jantar com os amigos e segues com uma ida á discoteca da moda onde já não vais desde mil novecentos e troca o passo. Sim, foi naquele dia, ainda solteira, por alturas do carnaval e mascarada á metralha, há muito, muito tempo, portanto. 
A dita discoteca, das poucas que ainda sobrevivem no distrito onde faço minha a vida que me foi dada viver, tem três espaços diferentes, acho que ainda tinha outros, que nem tive tempo de explorar, preocupada que estava em dançar até que os pés me doessem e a roupa e o cabelo ficassem colados ao corpo por causa do calor humano e dos movimentos dançantes. 
Num dos espaços soavam kizombas e outras cenas latinas, onde os "putos" ondulavam as cinturas e as bundas e davam ao pezinho, outro tinha música tecno misturada com fados e música da moda naquelas batidas mix, onde uma Gaja até sabe as letras e levanta os braços e rodopia e salta e fica lavadinha em água e outro, aquele tipo bailarico da aldeia, com uma banda a tocar modas de dançar aos pares, de perna entrelaçada e mãozinha em riste. As madames vestidas a rigor, todas elas em brilho, cabelos emproados e muito finas e os homens de calcinha vincada e camisa e quatros pares de olhos na cara que passavam a pente fino, senão a raio-x toda e qualquer fémea que por eles passasse.
Ora, haveria de chegar o dia em que, quando nos dirigimos á mesa que nos reservaram, esta era precisamente na zona do bailarico.....
Nada contra esse tipo de lugares, mas só quando eu tiver mais de setenta anos e não conseguir abanar o esqueleto aos saltos e de braços no ar. Nunca saberei o porquê de a amiga da minha amiga que nos reservou a mesa, o ter feito para ali nem o que ela teria pensado ao ver que logo nos mudámos para nos misturarmos com o pessoal mais novo da pista techno onde dançámos até não podermos mais. O que eu me dierti e por umas horas até me vi com vinte cinco anos, O pior foi hoje, acho que ainda estou "arrelampada".


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A TV

Não sei bem precisar o ano mas abrindo as gavetas da minha memória, sei que foi no ano seguinte á revolução de Abril ou no outro. Em uma dessas gavetas também, vejo-me criança ainda na escola primária, estava calor e eu passava a tarde em casa. Lembro-me que não estava de castigo, pois a muito custo lá tinha comido a sopa. Eu nunca tinha fome e nunca queria comer, passava muitas tardes de castigo sentada á mesa até que chegava a hora do lanche e eu lá comia pão com marmelada. Aí era devolvida á minha liberdade mas sempre com o sentimento que no dia seguinte teria de comer.
A tarde ainda ía a meio quando ouvi o carro de meu pai chegar. Do alto da minha inocência pensei porém que tal não era habitual e que provavelmente não seria bom sinal, reparei no entanto minha mãe a olhar de soslaio para mim com um sorriso nos lábios sem que eu percebesse, pensava ela. Menos mal.
Corri lá fora e já meu pai tirava uma grande caixa da mala do carro dirigindo-se para a sala. Retirou a televisão do móvel onde se encontrava e cuidadosamente foi abrindo a caixa. Tirou de lá uma nova TV colocando-a meticulosamente no lugar da anterior. Enquanto eu dava pulinhos de roda deles fazia mil perguntas ás quais ninguém me respondia. Por que raio teriam comprado uma nova TV se aquela ainda estava boa? Com movimentos vagarosos mas certeiros e carregados de perícia, como em tudo o que metia as mãos, meu pai ligou o aparelho á tomada, ligou, sintonizou.... Era uma televisão a cores! A primeira da minha rua e um aparelho do futuro de que todos falavam e desejavam um dia possuir. Saltei, gargalhei, abracei os meus pais tanto mas tanto que quase os esganei. Minha irmã apareceu vinda do quarto e juntou-se á festa. Meus pais não cabiam em si  á conta da felicidade que nos tinham proporcionado.
No dia seguinte e nos outros, toda a garotada da rua ía lá para casa ver os desenhos animados a cores até que um após outro todos foram tendo também a sua própria TV a cores.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Tomem lá morangos

Ah! Julgavam que Gaja Maria lá por estar prestes a fazer quarenta e nove primaveras está que não se pode de tão lamechas, deprimida e acabada?
Nada disso. GM está como o aço, GM é a maior da cantareira. GM faz cem quilómetros de btt e deixa muitos gajos para trás, fica toda lixada é certo, mas faz e ainda se ri e manda larachas todo o caminho. Ah pois é. E GM faz HIIT e pump e TF e TRX e crossfit e jump com mais energia que as e os de vinte.... tem uns ombros largos e uns biceps de fazer inveja a muitos homens, nada que uma mulher gostasse de ter, mas tem e faz. Fica um pouco entrapada e dorida no dia seguinte mas nem por um momento vacila ou dá parte de fraca. Pois é.
E GM tem dois filhos homens e tenta metê-los na linha, tenta vá, mas tenta. Pois, e trabalha fora de casa e ainda lava a roupa e passa a ferro e limpa o pó e cozinha, contrariada, é certo, mas faz. E faz jardinagem, fotografia, leitura, escrita e o diabo a sete. E é esposa, mãe, filha, irmã e amiga. E também sai com os amigos e dança até de manhã, demora uma semana a recuperar é certo, mas vai e diverte-se o mais que pode. Pois é, na verdade a idade não está tanto no corpo mas sim na alma e essa, a minha, ainda não passou dos trinta. 
Vá Migas e Migos, façam como eu, vivam a vida e façam o que gostam enquanto podem.




(Não, não sou na fotografia, mas gostava)

Curiosidade:

HIIT, Tabata, circuitos de alta intensidade com material…



HIIT 1Os já populares HIIT (High Intensity Interval Training) ou treinos de alta intensidade em intervalos são um método de treino que pode englobar quase qualquer disciplina desportiva. Consiste em combinar sequências de breve duração de elevada intensidade cardíaca (80-90% da nossa capacidade máxima) com outros períodos também muito breves de baixa intensidade (50-60% da nossa frequência cardíaca máxima). Apesar de serem treinos breves no geral, se forem bem orientados melhoram a capacidade de oxidar tanto a glucose como a gordura, além de melhorar a nossa capacidade aeróbia e anaeróbia.

Os treinos tipo HIIT podem aplicar-se à corrida, natação, musculação… e cada vez estão mais na moda devido aos benefícios que trazem. Demonstraram grande utilidade para melhorar o nosso metabolismo e são duas vezes mais eficazes para diminuir o tecido adiposo que os treinos cardiovasculares prolongados de baixa intensidade que eram recomendados para este objetivo.

Prós: São treinos exigentes, motivantes e divertidos. Conseguiremos alcançar os nossos objetivos de forma rápida e eficaz.

Contras: Se não estás habituado a ir ao limite o HIIT não é para ti. É imprescindível um bom estado de forma prévio e um bom conhecimento dos nossos limites.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Calos

Dei por mim a olhar mãos... Não sei a razão, mas dei por mim a olhar as mãos alheias. Olhei as minhas entretanto e reparei que são pequenas, com dedos esguios e unhas compridas. Há quem diga que são bonitas e mimosas, mas a mim, olhando bem, parecem-me mãos de alguém que já viveu bastante. Manchadas pelas sardas como de resto toda eu e com algumas cicatrizes. Um risco de alto abaixo feito por uma bacia carregada de roupa para estender e que caiu e se partiu ferindo-me, um corte no dedo médio por ter trepado a uma árvore em criança e correu mal, um alto no anelar esquerdo por se ter partido e não ter sido devidamente curado, outra cicatriz no mindinho direito por ter chocado com uma torneira de rua e que me fez na altura uma ferida muito feia. Umas quantas cicatrizes mais e ainda outros pequenos acidentes elas sofreram que não deixaram marcas. As feridas sararam, as marcas ficaram. As mãos de uma vida.
Olhei então as palmas das minhas mãos. Tenho calos!
Sim, são calos as pequenas saliências enrijecidas pelo uso continuo da mão na mesma posição. Poderiam ser calos causados pelas adversidades da vida, ou da profissão. Podiam ser calos de cavar, de costurar ou de varrer mas não, são calos de pegar durante horas a fio nos punhos da bicicleta e de pegá-los com muita força quando vou a subir e ainda com mais quando vou a descer para que não me escapem. Adoro os meus calos. São calos de prazer, de desafio e de vontade.
Também tenho alguns calos na alma. Talvez um dias vos fale deles.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Os maiores inimigos da nossa pele

A genética. Sim, a genética, a herança que recebemos em vida, aquilo que vai ditar se vamos ficar brancos ou pretos, se vamos ter os olhos em bico ou se os cabelos vão ficar brancos ou amarelos.

Os cuidados que temos conosco. Ou que não temos. Se fumamos ou se bebemos, se lavamos a cara ou se vamos dormir de olhos pintados, se tiramos o sebo da pele e se lhe damos alimento.

As nossas expressões. Se sorrimos ou gargalhamos, se andamos de cenho franzido ou se temos tiques nos olhos.

A gravidade. Oh sim, aquela que puxa e empurra para baixo e para os lados e nunca para cima.

E o Sol!
Sim, o sol que tanto adoramos e nos deixa tão felizes e nos dá um tom torrado e saudável. Mas não. Ele é terrível para a nossa pele e a faz envelhecer. O sol é o inimigo número um das gelhas da nossa pele.

Saibam que temos (eu tenho) uma zona crítica, aquela que mais está exposta aos raios solares, a que não protejemos nem com capacete, nem com óculos, nem com luvas, muito menos com protector quando pedalamos ou caminhamos ou até simplesmente andamos ao ar livre.
Parece até que, mais importante do que um bom e caro creme hidratante ou de tratamento, será um bom e super potente protector solar todos os dias, quiçá até, um ecran total.
Bom, sei que só chove, mas já cá canta o ecran total e um creme de contorno de lábios. Daqui a seis meses nem me vão reconhecer cof cof cof!

Ainda os laços

Laços que unem, que acompanham vida fora e que se vão partindo...

Contei-vos aqui como fiquei triste com a doença da palmeira de minha mãe que foi apanhada pela praga de escaravelhos. Nada a fazer, teria de ser cortada faseadamente e no fim arrancada a raiz com uma draga pois é uma palmeira com muitos anos e tem raízes enormes. A sugestão que me deram na altura em que publiquei o post foi colocar uma nova palmeira no lugar desta. O jardineiro diz que não pode ser, os escaravelhos vão ficar por ali algum tempo e como a maioria das palmeiras da zona estão afetadas, rapidamente a nova ia ser contaminada...
Sei que é só uma palmeira mas não, é muito mais do que isso, é mais um laço que se parte...

Com a doença ficou assim:



O primeiro corte:



domingo, 10 de janeiro de 2016

A caixa

Gosto dos meus gatos e zelo pelo seu bem estar, tenho vindo portanto a investir uma pipa de massa numa panóplia de artefactos para Suas Excelências, desde arranhadores, almofadinhas, mantinhas, cestinhos e mais não sei o quê em "inhos" .
Já eles não querem saber de nada e dormem nos sítios mais esquisitos que possam imaginar. Hoje decidiram brigar para dormir numa pequena caixa e ainda estou para saber com é que Zé Preto, 7 kgs de gato conseguiu enfiar-se lá dentro.... Será que se eu tentar também consigo?

O Zé Preto
Preto e a caixa



Vá, sai lá daí que agora sou eu!

Rosa Maria Loira e a caixa



sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Bem sei

Bem sei que a minha única resolução para 2016 foi ser feliz, bem sei que também foi a minha única promessa e o desejo da primeira passa que engoli sem sequer mastigar empurrada por três goles de champanhe, bem sei.
Bem sei que havemos de celebrar a vida e curtir as gelhas e as rugas da pele, que estas, são sinal de vida e de expressões e de sentimentos e que cada ruga e cada gelha do nosso corpo são marcas da vida já vivida. Bom, as minhas são todas de expressão, claro, mas dizia eu que bem sei que havemos de dar graças pelos anos vividos, pela experiência, pela sabedoria, pelos momentos gozados em pleno pois o nosso coração bate e os pulmões respiram, bem sei.
Bem sei que mais um ano, seja de pedaladas com chuva ou com sol ou assim assim, seja de alegrias e tristezas, de trabalho, de ver os filhos trilharem os seus caminhos. E os pais. E os irmãos e os amigos. Mais um ano de tudo e tudo, vamos lá, é uma bênção, bem sei.
Mas desde que fiz quarenta anos que Janeiro é para mim mês de cabisbaixisse e introspeção e ainda vamos no dia oito. Lá para o dia vinte já nem eu me posso aturar, é que no fim do mês contarei com mais um ano. Serão portanto... bom, para lá de muitos. E não é fácil. Isto das rugas de expressão, da pela baça e do cu descaído, para já não falar da fase condor e de me chamarem de senhora em vez de menina, o ver o tempo a esfumar-se e ainda tantos projetos por realizar, tantos conhecimentos por adquirir, tantas coisas por ver, até para mim, que no final de contas tenho um espírito tão jovem e uma aparência de trinta e picos, cof, cof, cof, não é fácil, não é!
Vá lá, sejam pacientes comigo e deem-me mimos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Como os dias de chuva podem acabar em grande

Hoje o "meu" ginásio quis oferecer um miminho aos clientes. E o que escolhi eu, ein?
Não uma drenagem linfática, não uma lipoaspiraçao não evasiva, não um tratamento de rosto, não uma sessão laser para tirar as manchas, eu escolhi, uma massagem de relaxamento!
Ó meu Deus, estou nova!

E amanhã minha gente, vou estar aqui com a Nina  Yuupiii!


Quero fugir

O céu  está escuro e dele cai uma morrinha, parece que chora baixinho. O ar está  pesado, o chão  está  molhado,  o pessoal anda enervado.
Caras fechadas, corpos arrepiados, semblantes carregados. Ninguém fala, ninguém sorri e a todos parece que a seta da infelicidade os atingiu. Dói-lhes a alma...
Somos um povo de sol, eu sei, mas tirem-me daqui.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

"Underground"

Sala escura, isolada, de fumo enevoada
Folhas rasgadas de palavras sentidas, de prosas gritadas
Sentimentos mudos, corações esquecidos, vidas estilhaçadas, mundos partidos
Ao fundo a aparelhagem debita novos sons, novos beats, que com sorte, tornar-se-ão hits
Microfones ligados, cigarros mal apagados, sentidos alterados
Copos cheios, copos vazios, lãmpadas sem luz
Corpos cansados, debotados que esta vida seduz
Vivem de noite, vegetam de dia
Alimentam-se de sonhos e de ódios no seu dia a dia
Estranhos, alienados, diferentes e afastados
Underground!
Um mundo em cuja porta não quero entrar e onde nas janelas não me permitem espreitar...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Parece que as coisas são mesmo como são

Todos os anos é a mesma coisa e este não é nem vai ser diferente, hoje o ginásio estava á pinha. Faziam fila para entrar, uns porque regressaram, outros porque vão começar, outros porque habitualmente fazem desporto porque sim, porque gostam, porque se sentem bem e faz parte das suas rotinas. Nem a chuva nem o temporal os demoveu das suas resoluções para o novo ano. E se as coisas são como são, lá para o final de Fevereiro, tudo volta ao normal.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Pelo sim, pelo não

Sonhei!
Sonhei que tinha sido acontecido mais um Natal e que um novo ano tinha começado. 
Chovia copiosamente mas eu encontrava-me quente no meu abrigo, na minha concha quente e protegida de tudo e de todos. 
Fiquei na dúvida. Sim, parecia-me que sim, que tinha sido natal, que tinha lido sobre isso nos blogs e no facebook, que o tinha visto nas ruas e na TV, que tinha visto o fogo de artifício e que tinha estado no meio da multidão a comer doze passas e a pedir doze desejos mentalmente. Sonhei que na primeira passa pedi saúde e prometi fazer tudo para ser feliz. Sonhei que a maioria das pessoas tinha tido um mês de dezembro louco e desenfreado e que praticamente todos tinham comido e bebido demais e tinham tido dias de enorme felicidade. Sonhei que todos depositaram neste novo ano as esperanças de um recomeço, a vontade de fazer melhor, de serem melhores. 
Depois sonhei que se tinham acabado as férias para a maioria e que a angústia pairava no ar porque no fim de contas o recomeço era penoso, tão penoso que até doía. Fiquei na dúvida. Não era afinal um recomeço uma coisa boa?
Pelo sim pelo não coloquei o relógio a despertar e decidi que acordaria com vontade de ser feliz.
Pelo sim, pelo não. Nisto dos sonhos nunca se sabe...

sábado, 2 de janeiro de 2016

Já está!

Agora que já acabou o derby e que marido está para ali que não lhe cabe um feijão frade num sítio que eu cá sei de tão contente, já posso dizer-vos que fomos e viemos na Paz do Senhor. 
Subi serras e montes sem fim, fiquei toda enlameada, esfomeada, gelada, vi-me grega para lá chegar. Estava tão cansada hoje, coisa não muito boa para começo de ano, mas que logo vai voltar ao lugar. 
Não sou gaja de grandes fés, nem de religiões, nem de fanatismos, muito menos gosto desta ostentação, mas sou de vontades, de determinações, de querer e de poder. Sou de fés cá minhas e assim que surgiu a ideia fui a primeira a alinhar. Se não era objetivo passou a ser e este é um sítio que me deixa de coração pequenino. Pequenino pela grandiosidade, pelo sentimento, pelos arrepios na espinha que me dão aquelas pessoas cheias de fé que se vêem por lá, de faces carregadas, de olhos de choro, de joelhos feridos de pagar promessas feitas em momentos de desespero. Não questiono, cada um sabe de si. Talvez lá volte para a benção dos ciclistas lá para Março.


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Ora arranquemos lá com isto

Não fosse o último dia de dois mil e quinze me ter levado o meu cão e eu estar com ele no pensamento, esta teria sido mais uma viragem de ano cheia de alegria e muita esperança. 
Era um bom cão, o meu, de olhos meigos, pelagem quase branca, e umas patorras enormes. Cinquenta quilos de cão. Tão tonto que ele era, todas as manhãs corria que nem louco pelo quintal de orelhas ao vento e depois vinha deitar-se a meus pés para as festinhas do dia. Já me morreram três cães, todos já velhinhos, todos me fizeram falta, todos me fizeram sentir um pouco mais vazia. Custa-me a partida dos meus animais.
E agora que estive a procrastinar todo o santo dia e até já estou cansada de não fazer nenhum, arranquemos lá com isto do novo ano. Amanhã, por coisas cá minhas, é dia de pedalada até Fátima.