terça-feira, 8 de setembro de 2020

Dia 141 - Nada de novo

Ela pode até decidir, lá dentro dela, que a partir de agora será diferente. Pode até calar-se, ou pode começar a falar mais, pode dourar os cabelos com raios de luz, ou pode prendê-los num carrapito como quem prende as emoções. Pode comprar um vestido de flores bem curto, ou então bastante comprido, usar um chapéu que até é a cara dela, ou aqueles óculos de sol que escondem os sentimentos dos olhos. Pode escolher o caminho e evitar as pedras ou o musgo húmido e escorregadio, afastar os gravelhos que a fazem tropeçar, vestir o seu melhor sorriso, limpar a alma de passados e escancara-la aos futuros e ir seguindo, pelo caminho mais largo e mais seguro. Haverá talvez um desvio aqui, uma travagem ali, ultrapassagens, inversões de marcha uma recta de aceleração, mas, no final de contas, onde chega, nada é diferente.
E a do quarto esquerdo mantém-se quieta, o do primeiro direito soma e segue sempre na frente e os do rés do chão sempre iguais a si próprios. Sem surpresas. Até a do terceiro andar, que parecia ter-se mudado para o quinto, não passou da entrada. 
Há coisas que nunca mudam por mais que se tente. 
A essência é como o karma. 

6 comentários:

  1. mas também há coisas que mudam
    que bom teres voltado :)

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    1. Até concordo Ana, aos poucos a vida vai transformando as pessoas e as coisas, no entanto, acho que a essência está lá, mas vai-se adaptando :)

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  2. Às vezes, é o nosso olhar que precisa de mudar. :)

    Olá, GM. :)

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    1. Olá Miss Smile, Sim, por vezes insistimos em ver tudo com o mesmo olhar de sempre. Temos sim, de tentar olhar dase novo e de outra forma e as vezes que forem necessárias :)

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  3. Bem vinda GM
    Nada de errado em preferir a estabilidade à mudança
    Beijinho

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    1. Pois não Magui, nada de errado :) e trocar o habitual pelo incerto nem sempre dá resultado.
      Beijinho

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