segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Todos diferentes, todos iguais, uns mais do que outros


Ouvi que alguns casais com o tempo se vão tornando parecidos, se adaptam, se transformam e se fundem à imagem um do outro.  Há mesmo teorias e estudos sobre isso e até já vi imagens de casais vestidos de igual… Isto só pode ser nas Américas ou na China, claro, onde todos os fenómenos acontecem inclusivamente esse, mas várias ilações eu já tirei por aqui, tantas vezes acontece que se um é desportista, ambos se tornam desportistas, se um é gordo, ambos se tornam gordos, se um é culto, ambos se tornam cultos, mas também já vi aberrações que não lembram a ninguém e me espanta como alguns casais estão juntos há tantos anos, sendo eles tão opostos e parecendo não haver um único ponto em comum.
Eu cá não sei, mas no caso do Zé e da Lili sempre houve diferenças que no fundo eles foram respeitando sem invadir demasiado o espaço um do outro, mas, pessoalmente estou em querer que o tempo acentuou essas diferenças e que com esse mesmo tempo um pequeno fosso foi se instalando dando origem a um abismo que se tornou a determinada altura difícil, senão impossível de transpor. Existem razões algumas que a própria razão desconhece e uns se acham seres tão perfeitos que tentam fazer os outros à sua própria imagem criando sem se aperceber um distanciando enorme, fazendo silenciar quereres, fazeres e sentires do outro. E os silêncios doem por demais, as distâncias matam devagarinho e as circunstâncias ditam os desencontros. Talvez matem mais a um do que a outro, ou calem mais um do que o outro, o que é certo é que há um momento em que a magia já há muito que se foi e tudo deixa de fazer sentido. Decididamente já não se quer ser perfeito, já não se quer agradar ou deixar andar, quer-se ser apenas e só o que se é e pronto. Se por um lado quero aconselhar que sim, que lutem para diminuir a distância e os silêncios, por outro tenho vontade de dizer que não, que vão finalmente ser o que são…

26 comentários:

  1. Neste capítulo, não há iguais. Cada ser é um ser e ponto final.
    Podem, sim, ter os mesmos interesses, e a coisa dilui-se.
    Se nem isso houver, ao fim de algum tempo, um dos dois está a fazer frete, para agradar ao outro, às convenções, e aos vizinhos. Talvez venha daí a ilusão de que estão parecidos.
    O que une, são exactamente as diferenças, são elas que alegram e equilibram.
    Digo eu, que nada sei :-)

    Beijo a TU

    PS: A Lili e o Zé, que se sentem e conversem. Que esqueçam os imóveis e as contas bancárias, que falem de si e da vontade de serem felizes.
    Isso é que é de valor.


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    1. Concordo contigo Non, as diferenças são muitas vezes o que atrai as pessoas umas às outras, não podem é ser assim tão grandes que não haja um ponto de consenso porque aí torna-se muitas vezes uma batalha campal. Quanto à Lili e ao Zé, não percebi bem os motivos, mas parece que de momento não há volta a dar, as contas bancárias e os imóveis já não interessam, a Lili quer ir ser feliz. Eu só conheço o Zé, não sei o que dizer...

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    2. Eu falava das diferenças que um dia os uniram, se abismais antes, porque estarão juntos? Mistérios, que não sei deslindar :-)

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    3. São as tais razões que a razão desconhece :))

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    4. Mas que a vida, um dia, cobra :-)

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  2. Houve uma altura da minha vida em que eu disse que posso gostar muito de alguém, mas nunca gostarei mais do que aquilo que gosto de mim. Que gostar de nós prevaleça sempre, seja qual for a solução.

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    1. Verdade Loira, nunca esquecer o quão somos importantes para nós próprios e agir como tal, sempre. Bjs

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  3. O triste é quando fazemos algo em função deste ou daquele apenas para agradar. Adorei o texto :))

    Bjos
    Votos de uma óptima Terça - Feira

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    1. Pois é Larissa, muitas vezes é pior do que enfrentar e resolver, mas todos têm por tendência ir tentando. É assim deve ser não ? Bjs

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  4. Nunca devemos deixar de ser quem somos....mas, o certo é que, acabamos por nos moldar um, pouco, àqueles que nos acompanham...


    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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    1. Eu também acho Isa, moldamo-nos, adaptamo-nos e até os gostos ficam parecidos, é inevitável. Não é bom quando nos deixamos apagar para fazer as coisas à medida dos outros...

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  5. Nós estamos casados há 40 anos (feitos em 22 de julho) e conhecemo-nos tinha ela 13 anos. Fomos amigos durante algum tempo, escrevíamo-nos quando estive em Angola e acho que só nos demos bem nessa altura. Parecendo que não, 10.000 Km fizeram a diferença. eheh
    Agora ainda estamos pior. Eu estou cada vez mais inteligente, ela cada vez mais burra. eheheheh
    As nossas discussões estão a bater recordes e só ainda estamos juntos, porque separados não temos onde cair mortos. eheheh

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    1. JJ, há razões e razões e essas também são e olha, acredito que haja muitos e muitos casais por aí na mesma situação e acabam por se ir entendendo. Depois do amor, se persistir a amizade é bom, muito bom :)

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    2. Na verdade, já li sobre essa forma de ir ficando num casamento. Todavia, neste caso, não me parece que tenha restado sequer respeito, quando se apelida de burra a senhora que, por essa razão, tem que ficar presa a um inteligente, que não teve inteligência para se tornar independente.

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    3. Non, os homens gostam de se armar aos cucos mas não vivem sem nós. Acho que este é mais um caso :) )

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    4. Este comentário foi removido pelo autor.

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    5. Quando uma pessoa (um ser, vá), não entende a ironia, devia ser proibido de escrever comentários, porque é certo e sabido que sai caca. Eu nem deixava semelhante gente ir ocupar uma cadeira na escola e fazia-lhes como uma prima minha lá da terra fazia às galinhas, para não esgravatarem a horta: cortava-lhes a ponta dos dedos.
      Mas alguém com dois neurónios dentro da caixa dos pirolitos, imagina um casamento durar 40 anos sem amor e sem respeito?
      Lá diz o ditado: presunção e água benta, cada um toma a que quer.
      Sai um fardo de palha.

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    6. Vá lá, não levemos as coisas a peito. Temos de ir masé todos beber uma fresquinha que a vida são dois dias. Abreijos p'rocês que eu hoje estou uma esbanjadora :)

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    7. JJ, eu sei que tu és boa alma :)

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    8. Está descansada que não vou fazer aqui uma peixeirada. xD

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    9. Não te preocupes gajinha, que a responder, seria pôr-me ao mesmo nível, e a filha da minha mãe, não vai nessa.

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    10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. É uma situação complicada. Pode haver diferenças e há, nenhum ser hum,ano é igual a outro. Mas deve haver respeito por si e pelo outro.Anular-se um em função do outro não dá. Acabam por se criar ressentimentos que matam o amor. Estou casada há 49 anos. Eu e o meu marido somos muito diferentes. Talvez por isso nos completamos e nos damos tão bem. Somos companheiros, existe entre nós uma grande cumplicidade, e um grande respeito pelo outro. E muito amor, um amor que já foi posto à prova várias vezes, por doenças graves que ao longo nos foram atingindo, incluindo um cancro em 2010.
    Manter um casamento por qualquer outra razão que não seja amor, é um erro. Desgasta os dois.
    Abraço

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    1. Tem toda a razão Elvira. A vida é tão curta que temos de a viver o melhor possível. É claro que todos os casais têm as suas fases mas se existir amor, há que contorna-las e seguir em frente. Abraço

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  7. A mania do igual é um paradoxo. O diferente é que é interessante.
    Começa pelo conceito estético, quer físico quer psicológico - a necessidade de projecção de um no outro para beneficiar da complementaridade. Depois, naturalmente, dá-se a osmose ou a rotura.
    BFS, Maria.

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