sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Fragilidades



Não gosto de fingir que tenho uma vida maravilhosa de princesa rica, mas também não gosto de expor as minhas fragilidades e as minhas apreensões. Ambas, tendem a poder ser mal interpretadas e podem trazer-me dissabores. Então das duas uma, ou falo, ou calo-me e a opção é sempre minha.

E posto isto,
Quantas vezes escrevo e apago logo em seguida….
Quantos textos em rascunho tenho por aqui sem os levar à luz…
Quantos pensamentos, quantas tristezas, quantas dores acabam por ficar caladas …

A opção fica-se muitas vezes por falar das coisas boas que me acontecem, das que gosto e me fazem feliz, das que me puxam para cima o ego e das que fazem as pessoas comentar nesse sentido. Quem não o faz, nem que seja para tentar ultrapassar e esquecer os sentimentos menos bons?
Hoje, no entanto, queria falar de uma das minhas fragilidades. Quando digo na brincadeira que sou má mãe, não é brincadeira, é sentido e verdadeiro e esta frustração incomoda-me todos os dias.

Não sei ser mãe!

Os meus filhos já são adultos e até são uns bons meninos. Não são no entanto aquilo que gostaria que fossem, não porque sou teimosa, presunçosa ou obstinada, mas porque acho que outros caminhos teriam sido melhores para eles e eu só lhes quero o melhor, mas lá vou me resignando e habituando-me a lidar com as suas escolhas, nunca sem grande sofrimento, confesso, especialmente quando acho serem más escolhas.

A grande questão é que não consigo conversar com eles, fazer com que me ouçam ou ouvir o que querem dizer e levá-los a pensar mais assertivamente sem a coisa descambar. Acabamos sempre por trocar galhardetes e acusações, ficando chateados e amuados uns com os outros. Isto estilhaça-me o coração. A maior dificuldade é sempre a mesma, fazê-los cumprir regras e entender o meu ponto de vista. Eu, considero ter mais saber e eles consideram que eu estou fora do contexto atual. Eles acham sempre que eu não sei nada e nem sequer vale a pena ouvirem-me e vice-versa, claro.  Será porque falo demais, porque não sei falar, porque não sei mesmo do que falo ou porque falo o que não devo?

Morro um pouco por dentro sempre que isto acontece e acho que a culpa é minha por que não sei ser mãe. Porque ser mãe não é só amar e amar incondicionalmente. Ser mãe é saber amar. E eu não sei.
Pese embora tudo, uma coisa eu sei, tenho tentado de tudo. Mesmo! Achando que não sei ser mãe, cheguei a recorrer a pedo-psiquiatras, psicólogos, conversas e mais conversas, castigos, técnicas variadas e até algumas palmadas, ajuda de professores e educadores, familiares, amigos. Faço o que posso e o que sei, mas de alguma forma me sinto sempre culpada de não saber ser mãe. Todos os dias penso no assunto e decido na minha cabeça que hoje vai ser diferente. Em alguns dias até é, mas nos outros volta tudo ao mesmo. Dizem que um dia eles vão acabar por entender e se chegar a nós, que isso acontece com todos. Não acho. Ou então não quero achar porque estes são meus e os meus têm de ser especiais. E esta é a minha luta.

17 comentários:

  1. aqui, não há nada em que eu possa ajudar. mas se pudesse, fazia-o!

    Bom fim-de-semana e melhores entendimentos.

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    1. Obrigada Alice :) é apenas um desabafo... Sabes como é, às vezes falar é preciso

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    2. Sim, eu sei que é um desabafo. Acredito que ser mãe não seja nada fácil. e que os filhos só deixarão de pensar assim quando, um dia, forem pais. até lá, a coisa pode ser complicada.

      Ainda hoje eu e o meu irmão temos dificuldade e entendermo-nos com o meu pai. mas tentamos que haja respeito. é o mínimo que podemos desejar.

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  2. Olha, tu sabes o que penso disso, com este meu feitio pé no chão, preto no branco, ouro sobre azul mas, a coisa é mais ou menos assim: Olha para trás, vê-te filha e o que achavas dos teus pais, mais a mãe, a pobre é sempre a má da fita, salvo raras excepções.
    Já foste lá atrás?
    ok, então já sabes que enxoval que não vai com a noiva, tarde ou nunca chegará :-) que é o mesmo que dizer
    1. Regras são incutidas em pequeninos é aí que se torce o pepino, isto, quando eles não são marca carago, claro.
    2. Não fugiste tu das regras e do controlo da mãe? Não te achas agora, tão mais próxima? Pois... é isso, provaste do mesmo veneno ahahahahah
    3. Nem mãe, nem filhos trazem livro de instruções, cabe, a cada uma, passar valores, chamar a atenção, tentar corrigir - e nenhuma consegue fazer mais que isso.
    Vais descobrir, mais tarde e depois de tanto sofrimento (porque a vida os vai ensinar) que:
    Afinal ouviam-te, mas os gajos, danados, faziam de conta que não. Agora, na casa deles tudo tem sítio, ou não. eheheheh
    Afinal, já não se acham os sabões da cantadeira, e tu, tinhas razão. Vou dar-ta, escreve aí, só que já vai tarde, pensas tu, e bem. :-)

    Gajinha, não te consumas tanto, olha à tua volta: São educados, não tens queixas de vizinhos, professores ou outros. Fazem as asneiritas da idade do mete nojo, não as fizemos nós? Ok, querias que tivessem outras armas para o futuro, e eles só vêm o hoje, mas concentra-te nisto - Deste-lhes as oportunidades, não quiseram, temos pena, um dia torcem a orelha, mas podem sempre correr atrás.

    Não me alongo mais, que eu não sei quase nada, e estou a mandar bitaites eheheheh

    Beijocas tantas

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    1. Non, é verdade que fazendo uma retrospectiva, furar regras era o máximo. Desafiador, um teste aos limites, uma tentativa de nos afirmarmos e ao sofrermos as consequências acabávamos por aprender. O mesmo se passa agora, só que agora estou do outro lado e acho que eu haveria sempre de saber o que fazer e o que dizer para que eles compreendessem. Mas concordo, faz parte do crescimento deles e também meu. Mas eu não desisto, aguardo pacientemente um ponto de entendimento e compreensão mútua :) Beijinhos Non e obrigada

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  3. Não há más nem boas mães. Há mães, seres humanos, com defeitos e qualidades.
    Uma das minhas filhas que em criança não me largava as saias, tornou-se uma teen reservada e arredia que por vezes tenho a sensação que é uma estranha que eu tenho em casa.
    Culpa minha? Não acho, sempre fiz e dei o melhor que pude e soube e continuo a tentar.
    Desespera-me? Tem dias.
    Dou-lhe o espaço que entendo dar, dou-lhe o meu amor todos os dias, dou-lhe nas orelhas quando é preciso.
    Compreendo o teu sentimento, mas não te tortures tanto.
    Eles têm que aprender a cair, nós temos que estar lá para os ajudar a levantar.
    Beijinho

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    1. Magui, tal como os meus, as tuas também devem ser diferentes uma da outra e o que funciona com uma não funciona com a outra. É este jogo de cintura que não tenho que me faz desesperar por vezes. Ser a única mulher cá em casa e por isso lamechas também não ajuda. Pontos de vista diferentes :) Mas sim, é dar-lhes espaço e ficar na retaguarda pois quando precisam lá vêm pedir colo. Beijinhos

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  4. Costumo dizer que não dou conselhos nem a pedido- e não dou, por muita empatia, compaixão, etc., que aconteçam entre mim e outro alguém - mas há algo que resulta tremendamente bem (isto não é um conselho, é uma estratégia):
    - deixa-os fazer as suas escolhas (a merda incluída), são adultos, não é? :) e depois incita/aguarda (im)pacientemente, assim como quem não quer "a coisa", ao/pelo diálogo, que deverá vir do lado de lá, tu saberás esperar... :D*

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    1. Alexandra, uma boa estratégia sem dúvida, mas terei de fazer das tripas coração para aguentar essa espera que eles são de poucas falas no que toca à vida deles. Acho que isso é típico dos homens :)
      Mas sim, passado algum tempo puxar a ponta do cordel aqui ou ali, por vezes resulta.
      Obrigada alexandra

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    2. Olha que tenho duas mulheres, com personalidades mui diferentes (claro que, em algumas questões, existe um toque idêntico, a educação de base foi a mesma...) e isto resulta, mesmo sendo ambas tão difíceis (o que adoro, não o disse no comentário anterior, que mais facilmente respondem a um javardo de rua comentando as suas mamas do que me confessam uma questão premente :)

      Shall we let them be who they are, growin' up? :D

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    3. Of course. Let's give them more time :)

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  5. Olá!
    Cheguei aqui por acaso, mas me identifiquei com o que escreveu.
    Acabei lendo outros posts, alguns me fizeram rir, como usar roupa com o selo na frente. Confesso também faço isso de vez em quando.
    Quanto a ser mãe, não é uma tarefa das mais fáceis. Mas acredito que é preciso respeitar as escolhas feita por eles. Mesmo quando são tão diferentes do que esperávamos ou achamos ser melhor.
    Sempre ouvi que podemos orientar, mostrar o certo e o errado, o bem e o mal, mas a escolha compete à eles. Não é uma tarefa fácil para nós, as mães. Talvez por ama-los demais, desejamos evitar que sofram, mas muitas vezes com isso, evitamos também que vivam, o que cedo ou tarde, farão com que nos culpem por isso.
    Espero que consiga chegar ao meio termo e assim, não sofrer tanto.
    Pra mim, isso também tem sido um exercício constante.
    Um abraço
    Sônia

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    1. Boa noite Sônia. Como não há manuais de instruções fica mais claro perceber tudo quando é com os outros pois quando é connosco, os sentimentos toldam-nos as atitudes, mas já vamos levando e aprendendo nem que seja com os erros :)
      Abraço

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  6. Conflitos de gerações, sempre os houve. Nós também os tivemos com os nossos pais, só que agora já não nos lembramos. eu era um bocado pai-galinha e até marido-galinha. Queria carregar com os problemas todos e quase sempre ficava a perder. Lentamente (outras vezes mais bruscamente), fui aprendendo a "desligar". Quando os filhos querem voar sozinhos, não vale a pena tentar ampará-los, porque eles acham que nos estamos a intrometer. A melhor maneira de eles entenderem, é deixá-los bater com o focinho no chão, por conta própria, que um dia vão perceber que, os anos passam, mas o contexto da vida não muda assim tanto.
    Dá mais atenção a ti, porque a vida são dois dias e o de hoje já vai a meio.

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  7. Só quem está a vive-las é que sabe o que é. Pelo que conselhos milagrosos é difícil.
    Fico aqui a pensar o seguinte: não sabe ser mãe. Muito bem. Assuma-o. Mas será que o pai não sabe ser pai e mãe?
    O mundo não é perfeito e já me reconciliei com isso - de certa forma. Há mães que não sabem o ser, paciência, que há. Em algumas o amor dos rebentos não sai sequer abalado... noutras sai. Há mulheres que seriam tão boas mães e nunca o irão saber, São as idiossincrasias do mundo. Também nunca existiram pais perfeitos. De certa forma, o universo aceita melhor um pai ausente e imperfeito do que uma mãe.

    E porque não aceitar as coisas como são? E seguir sem cobranças, deixando fluir?
    Se se deixar de cobrar tanto... será que muda alguma coisa? É a tal reconciliação com o universo... se não pode mudar nada, deixe andar. MEDITE. Não queira o amor dos seus próprios filhos. Não o cobre, porque cobrança nunca dá em nada. Amar é mesmo unilateral... dá-se. Se receber de volta, ainda melhor. Se não... o que fazer? Ame. Apenas ame. Oiça e ensine a escutar. Não grite, não levante a voz, procure a serenidade.

    Olhe que MEDITAR pode resultar no seu caso. Diz que apaga muitos textos que denunciam o seu lado "deprimido". Pois vou confessar-lhe que não há quase nenhum texto seu em que não "sinta" que está apoquentada com problemas. Estes estão sempre lá... subtis... percebe-se pela forma de se expressarem até opiniões sobre o "Zé do Café". E tanto que pedala... que daria para supor que está em fuga.

    Votos de tudo de bom e do melhor.
    Não se cobre muito. Relaxe. Pense em NADA. Feche os olhos e não permita que o pensamento invada nenhuma célula. Não pense sequer em pedalar. Pelo que li sobre meditação e tendo eu chegado a uma espécie de meditação sozinha, acho que é muito vantajoso quando se aprende a relativizar tudo. A não dar IMPORTANCIA às coisas que nos correm por dentro. Há sempre deslizes mas um momento desses vale muito, traz muita serenidade interior e "visão" de vida.

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    1. É capaz de ter razão POrtuguesinha, serei um pouco negativa por natureza e talvez meditação ajudasse. Nunca entrei muito por esse assunto, pois sendo mais para o negativa, temo que faça vir ao de cima o negativismo ainda mais. Tento fazer coisas de que gosto e que me fazem feliz para afastar a negatividade e trazer-me alegria e boa disposição :)

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    2. Esse também é um bom caminho. Cada qual sabe de si. Pensando bem, o meu pensamento também tende a "voar" para o lado mais pessimista das coisas. Sei que não era assim de natureza, foi uma dádiva que minha mãe passou para mim. Ela não parece quando está com outros mas é a pessoa mais negativa e pessimista. Sonha com coisas boas, mas só imagina o pior! Ahaha. Acabei por ver as coisas logo pelo lado feio e dar demasiada importancia a essas coisas más. E foi no blogue, ao relatar um dos meus intermináveis relatos sobre as "domestiquices" na casa, que percebi que tenho de relativizar. Não dar importancia aos factores que nos chateiam profundamente. Não permitir que nos atinjam. Quem sabe fazê-lo passa pela vida como uma brisa... Porque tenho de ser eu a preocupar-me e a ser toda "certinha". Atirei para o alto.

      Meditar para mim é refletir nestas coisas. Mas recentemente andei a ver vídeos supostamente de ensino, e só retirei uma dica útil: quando precisar de esvaziar a mente desses problemas que não param de chatear, repita na sua mente uma palavra inventada. Esta naõ pode ter qualquer significado. Repete por exemplo utive" "utive" "utive", até a palavra empurrar do seu cérebro tudo o resto.
      Achei uma dica interessante. Abraços! Ainda bem que não levou a mal o que por aqui me pus a escrever.

      PS: Só mais uma coisa. Para o que vale, se vale algo, intuo que tem aí bons filhos. Por algum motivo está no ADN familiar que estes têm de se rebeliar contra as normas, contra os pais. Isso é bom sinal. Eu não consegui fazer com que os meus me entendessem, a uma certa altura decidi ceder, fazer-lhes a vontade quase a sentir que perdia à mesma. E sabe uma coisa? Perdi. Eles ficaram comodos sem grandes preocupações e eu... estou onde estou. Tivesse me rebeliado e hoje o caminho teria sido mais meu e não decidido pelas escolhas dos outros. Por isso, os seus estão no bom caminho! E tenho cá para mim que a adoram, tanto quanto você a eles. O resto... é a nossa cabeça que "voa" para os tais pensamentos menos agradáveis. Fazer o que se gosta é tão boa solução quanto outra qualquer. Pode experimentar outras se quiser.

      agora sim. Me voy! :D

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