quinta-feira, 7 de maio de 2015

Quando eu voava

Já não me lembro exatamente em que fase da minha vida sonhei que voava. 
Na altura eu não era um pássaro, o voo acontecia quando eu saltava no trampolim (sim, paixão antiga, sim, passei ao lado de uma grande carreira como atleta). Nos sonhos eu começava a saltar baixinho, depois cada vez mais alto e mais alto, até que voava.  Nesses voos eu parava em imensos sítios distantes, num barco, numa ilha no meio do mar, em faróis iluminados, em cidades, em montanhas. Descia, observava, falava com as gentes e voltava a voar. Durante noites e noites eu voei, voos rápidos, voos lentos, picadas para me deter em pormenores, planava sobre mares e continentes. Fui da Malásia a Austrália, do Alasca a Argentina, de Madagáscar a Islândia. Voei tanto sem asas.
Sabia ser sede de liberdade, curiosidade, sabedoria, mas depois  vieram noites em que comecei a sonhar que me caiam os dentes em público e eu era ridicularizada, inferiorizada, marginalizada e fiquei insegura, cheia de dúvidas, cheia de questões. 
Deixei de voar...

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Nem tudo são rosas

Pedalar deixa as suas marcas.
Umas mangas desenhadas nos braços, umas luvas de dedos cortados nas mãos, umas tiras de capacete e uns óculos na cara, uns calções nas pernas. Uns arranhões, algumas cicatrizes. Cada uma tem uma história, cada uma tem um dia e uma hora, cada uma é uma marca da minha felicidade.





Identidade

Se é certo que os casais que partilham os mesmos gostos e fazem coisas em conjunto, estreitando laços, alimentando a cumplicidade e estando mais tempo juntos têm, na maioria das vezes, uma relação mais saudável e feliz, também é certo que os  casais não têm forçosamente de partilhar os mesmos gostos. Cada indivíduo é único e deve manter a sua identidade, independentemente de terem uma relação com alguém e quererem que esta funcione.
É claro que, se por exemplo, vão tirar férias juntos e um quer ir para o Porto e outro para o Algarve e não chegam a um consenso, ou cada um faz fincapé com a sua ideia e não cede um milímetro, é certo que é muito mais difícil fazer funcionar a relação.
Nestas coisas das relações humanas há que saber ceder, adaptar, contornar, em suma, gerir de uma forma que se contentem todos e não um só, mantendo ao mesmo tempo a própria identidade.
Não é fácil o equilíbrio, pois não, mas uma coisa eu posso dizer-vos que estou casada há mais de 20 anos, é de grande importância haver gostos e actividades em comum, nem que para isso tenhamos de nos repensar e adaptar a novas realidades. É importante ter quereres e encontrar algo que seja comum ao casal, para além dos gostos e/ou actividades, Não que ela tenha de jogar futebol com ele e a seguir ir beber umas bejecas e ele tenha de ir Zumbar com ela, mas podem fazer caminhadas juntos ou outra coisa qualquer, não?
Vão por mim que sei das coisas :-) 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Colinho

Dirigia-me eu para o trabalho esta manhã a 30 km/hora e a achar que devia era ter ido de barco tal era a quantidade de água na estrada e já a imaginar que a continuar a cair tal diluvio não me escaparia com certeza de que me entrasse água pelas frinchas das portas do meu bolinhas azul e não tardaria a estar com os pés molhados quando me veio à ideia a conversa de ontem com MaiNovo (17 anos).

Uma hora tinha volvido após seu acordar e nada de beijinho ou feliz dia da mãe, nem flor, nem postalinho e eu sem me conseguir conter perguntei se por um acaso qualquer ele sabia que dia especial era aquele. 
E ele, com aquele sorrisinho maroto e com um trejeito no lábio, a responder-me que estava a ver que este ano eu estava mais crescida e já conseguia conter-me, mas afinal não. 
"Não há postalinho, não há florzinha  e já são horas de deixares de ligar a essas mariquices. Mas olha, chega-te aqui que eu dou-te colinho, vá."
E eu fui.. 
E ele deu-me colinho..
E foi tão bom...

Mais uma vez estou fora

Sou uma blogger de quinta categoria, uma facebookiana de terceira. Falhei o post sobre  Baltimore, o dos peregrinos mortos, o do  nascimento da princesa, o do dia da mãe. Nem sequer coloquei uma selfie no face com a minha mãe nem com os meus filhos. Eu só quero saber de bicicletas....
Vou ser banida do mapa, ó se vou.

domingo, 3 de maio de 2015

E então Gaja Maria, só consegues mexer os olhos ó quê?

Ó quê!
Pois que gostava de vir aqui dizer que fiz o desafio com uma perna às costas e se este só tivesse tido 75 kms podia dizê-lo, mas não, teve 110, 2.700 de altimetria acumulada, trilhos maravilhosos mas muito técnicos e super difíceis,  muita pedra, subidas de perder de vista, descidas perigosas. Duro, muito duro, o mais duro que fiz até hoje. Os últimos 25 kms foram um enorme sacrifício, o cansaço instalou-se e o percurso ficou ainda mais complicado. Cheguei a pensar algumas vezes "não posso mais" mas depois o meu marido dava-me um empurrão e dizia, "vá, tu consegues" e o alento voltava.
Superei o desafio após quase 12 horas a pedalar. Cheguei super cansada mas feliz e ainda me deram os parabéns, afinal as mulheres que se aventuraram neste desafio contavam-se pelos dedos de uma mão e algumas atalharam pela escapatória, todas muito mais novas. 
Apanhei um escaldão, tenho as pernas e os braços todos arranhados dos arbustos e mal me consigo sentar, mas conto no meu currículo de bttista cota, o maior desafio das redondezas. Venha o próximo!
Tenho de agradecer aos rapazes que foram esperando por mim cheios de paciência, pois ando mais devagar que eles e ao maridão que carregou a minha bike a atravessar o rio e a subida de pedras, animando-me e incentivando-me sempre.
Não sou nem me sinto nenhuma heroína. Não ganhei nenhuma medalha, não salvei milhares de crianças, não descobri a cura para o cancro, nem apanhei todos os assassinos e violadores do mundo, eu sou apenas uma mulher de meia idade que descobriu que consegue superar desafios.

E tenho de vos dizer ainda uma coisa:
"Nunca desistam, muitos menos antes de começar"


Algumas fotos de sítios onde dava para parar:












sexta-feira, 1 de maio de 2015

Estou p'raqui numa ralação

Este é o menu para amanhã....
Dizem que é duro, mas duro, são paredes e mais paredes para subir e muitas descidas perigosas pela Serra do Sicó, 106,3 kms. Disse sempre que ia e sempre estive animada, mas ontem começou aqui a dar-me aquele frio na barriga, aquela ansiedade que me dificulta a respiração. Estou aqui numa ralação. Será que que estou a sobrevalorizar os meus limites e devia não ir?
O meu marido diz que eu não vou apanhar UM empeno, mas O EMPENO!
Eu? Continuo a querer ir, eu vou. Logo se vê. Se eu não aparecer por aqui nos próximos dias, é porque estou em coma. Enviem-se soro e oxigénio. Ah! E um kit de pernas novo e um rabo sem ser assado que amanhã por esta hora é como ele vai estar.
Inté