Eram cerca de três e meia da tarde quando batem ao portão. O
dia estava tristonho tal como tinha estado durante toda a semana e o vento uivava
lá fora. Notavam-se as suas fortes rajadas a entrar pelas friestas das janelas
e da porta e ouviam-se folhas a esvoaçar. Alba Maria, de volta das rendas nos
panos de cozinha, sentada no sofá, manta nas pernas e pantufas quentinhas, o
gato enroscado a seu lado, que o aconchego nestes dias é tudo, decidiu não ir
ver quem era e o que pretendia. Na certa seria mais um vendedor inoportuno e
ela não estaria interessada em contratos de energia ou telecomunicações, alterações de fornecedores ou o diabo a sete. Além disso, na televisão
dizem constantemente que os idosos têm de estar atentos pois são alvos fáceis.
Não ela, claro, que sabe topar essa gente a léguas, mas não, não lhe apetecia
ouvir conversa fiada. No entanto, a insistência ao portão que parecia dada à
urgência fez Alba Maria ficar em alerta. Ao fim de algum tempo decidiu
então pegar na bengala, levantar-se e vagarosamente dirigiu-se ao portão
tentando ver se percebia quem era espreitando pelas frinchas, não
conseguindo porém vislumbrar alguém. Abriu o portão, nada. Estranheza aquela, não por
ter demorado a abrir, mas de admiração pois tanta urgência e foram-se logo
embora. Caramba, levantou-se para nada, esta gente não se enxerga. Olhando então para baixo viu um embrulho que levantou com cuidado e abriu devagarinho. Lá dentro estava uma caixa com meia dúzia de ovos, três diospiros
e duas fatias de pão de ló ainda mornas….
Carago, miúda, devias escrever mais, levas jeito com a coisa.
ResponderEliminarBeijinhos, com sabor a bolo de cenoura, já frio ehehehe
Até para escrever a preguiça me tem atacadi, caramba. Bolo de cenoura? Marchava, frio e tudo 😉 bjinho
EliminarBons vizinhos. Também não me posso queixar dos meus.
ResponderEliminarComo está o Zé Gato?
Abraço,
Sandra Martins
Sandra, eu também não me posso queixar dos meus😊
EliminarQuando ao Zé Gato, infelizmente e depois de muita luta não resistiu😭 sempre que entro em casa ainda o procuro, fazia parte da família há 9 anos. Mas há - de passar.
Bjs
Lamento muito.
ResponderEliminarFiz a pergunta a medo. Já desconfiava.
A dor, com o tempo, esmorece um pouco sim.
Abraço apertado,
Sandra Martins
Não tem problema Sandra. A vet alertou-me logo no início, eu é que sempre achei que se ia safar. Mas não dizem que um amor se cura com outro amor? Ando à procura de outro gatinho :)
EliminarQue bom. Nem tudo é mau, mas claramente que a Sra fez bem em não ir ao portão.
ResponderEliminarConclusão. Correu bem :)
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Já anseio por uma nova Primavera
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Beijo e um excelente fim de semana! :)
Pois correu Cidália, só ficou no momento sem saber quem lhe quis tão bem enquanto desconfiava das intenções de quem lhe bateu à porta:) bom fim de semana
EliminarNem sempre é mau o que se pensa ser. Ainda existem almas boas que gostam de ajudar outras. Foi o caso de quem bateu no portão. Mas a verdade é que, nos tempos que correm, todo o cuidado é pouco. Estória fictícia ou não, a verdade, é que gostei de ler.
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Verdade Rykardo, o mundo tornou-se assustador mas sempre houve e haverá almas boas. Ainda bem. Bom fim de semana.
EliminarUma surpresa pelos vistos agradável :) !
ResponderEliminarRicardo, provavelmente pão de ló com chá foi o lanche :)
EliminarEnvolvente
ResponderEliminarMiguel, é apenas uma oequena história da vida real :)
EliminarA história podia continuar assim: Alba Maria ficou estupefacta. Tantas coisas boas que, sabia-se lá quem, ali tinham depositado. Nem sabia por onde começar... Comer os ovos à dentada, quiçá!
ResponderEliminarJá vomitaste? De nada :P
Ahahah Lápis Roído, ovis à dentada só se forem ovos rotos. Mnhami, tão bom :)
EliminarTenho uma vizinha que de vez em quando me aparece com pão quente, feito por ela num forno a lenha.
ResponderEliminarPrivilégios de quem vive em sítios pequenos... acho eu.
Lamento muito pelo Zé Gato.
Beijinhos
Magui, sim nis lugares pequenos as pessoas partilham com os vizinhos o que têm. Tb já tive esse privilégio algumas vezes e aquece o coração de todas as maneiras. O Zé gato, coitadinho, todos os dias penso nele, mas a vuda é assim. Já passou:)
EliminarVim aqui várias vezes para saber do Zé, mas nunca me atrevi a perguntar... esperado ou não esperado, há sempre uma esperança, não é?
ResponderEliminarJá passei por dor semelhante algumas vezes, a última foi pior porque nunca soube o que lhe aconteceu, penso que alguém o levou, era tão lindo, um siamês com uns inacreditáveis olhos azul turqueza.
Nunca mais quis ter nenhum...
Um abraço enorme.
🤗
Maria, muito obrigada. É triste sim, mas "o luto" está feito e ando à procura de um substituto para encher de mimos e festinhas. Custa sempre muito, mas sempre tive animais, falta-me sempre um patudo por aqui:)
EliminarBeijinho