Uma vez, era ainda chavala nova, concorri a um emprego de secretária….
A entrevista correu muito bem, entreguei curriculum e diplomas, tinha experiência, apresentei-me vestida de fatinho e toda a gente pareceu satisfeita. Entre todas as candidatas, acho que a coisa pendia para o meu lado.
Fui chamada para a 2ª entrevista e lá fui eu cheia de confiança, desta vez vestida mais à vontade de camisa e calças e um casaquinho de malha. Pensei: - Já cá canta!”
Pois é, e não é que estraguei tudo e não ganhei o lugar???
E porquê???? Porque “a minha postura e forma de vestir era para um lugar na produção e não para secretária do patrão de uma empresa daquelas” e mimimi e “se ía assim vestida para uma entrevista, como seria depois para trabalhar e ele recebia pessoas importantes” e bla, bla, bla, “era pena que eu até tinha um bom curriculum mas também ficou a saber quem era a minha família, pessoas honestíssimas e trabalhadoras mas simples, porque é que eu não tinha dito de quem era filha”… (???!!!)
Saí de lá de queixo caído e com uma machadada no meu ego.
Mas ainda bem que não consegui o lugar pois quando comecei a comentar este episódio com algumas pessoas, ouvi cobras e lagartos do homem. Livrei-me de boa, foi o que foi.
Fiquei de tal forma traumatizada que prometi a mim mesma que ia deixar de ser simples e cuidar da imagem para sempre!
Pois! Lindo não é?
Agora que cuido da imagem, acham que nem devo precisar de emprego, que estou a tirar o lugar a alguém necessitado e que devo ser uma burra, nem devo perceber nada de nada só devo ligar a roupas e a sapatos, e olhem para aquilo, diz que tem um curso, de certeza que não sabe fazer nada….
E com tudo isto, ninguém me leva a sério…
Gaja sofre….
GENTE ESTÚPIDA!!!
ResponderEliminarMas a parte em que a criatura ficou a saber quem era a tua família, "pessoas honestíssimas e trabalhadoras mas simples", e porque é que tu não tinhas dito de quem eras filha, recordou-me uma entrevista em que:
- a entrevistadora esteve meia hora ao telefone com uma amiga (ela falava tão alto que eu, na sala ao lado, ouvia) e eu "à seca", pois ela foi avisada que eu tinha chegado...
- a entrevistadora tratou-me com um snobismo que eu estive a ponto de acabar a entrevista antes de ela começar!
- das primeiras coisas que me perguntou foi qual era a profissão dos meus pais, eu quis saber qual era o objectivo da pergunta, pois não me parecia relevante... e questionei-a se eu seria tida em melhor conta se os meus pais fossem advogados em vez de agricultores? A entrevistadora ficou com umas trombas ainda maiores e despachou-me!
Claro que não fui seleccionada mas -caso fosse- não aceitava porque não admito discriminações, seja de que tipo seja!
Portanto, se tivesses dito de quem eras filha tinhas o lugar porque a tua família é honestíssima, mas como não disseste não conseguiste...
ResponderEliminarViva a "cunhocracia" (expressão que retirei de um blog, não é minha)!...
Por acaso por uma situação assim nunca passei, e espero nunca vir a passar, pois acho que a qualidade do nosso trabalho depende única e exclusivamente do nosso trabalho, e não da nossa roupa... :s
Beijinhos,
Rita
Não era bem isso Rita, penso que o "tipo de secretária" que ele queria era outro e conhecendo ele a minha familia e sabendo que era honesta e simples, eu também o seria, por isso não servia para o lugar. Se ele tivesse sabido disso, nem me teria chamado para a 2ª entrevista... é triste...
ResponderEliminarEstou contigo...sossega! Pensa s´...que há males que vêm por bem...né'???
ResponderEliminarBj
OMG! Preso por ter cão e preso por não o ter... Oh vida!
ResponderEliminar