terça-feira, 9 de junho de 2015

Era uma vez

Ele tocava guitarra e os resto do grupo acompanhava. Os seus dedos percorriam as cordas com uma destreza que fazia com que a guitarra parecesse mágica. Ela falava, chorava, gemia, saiam dali sons que faziam com que o público ficasse deleitado a ouvir e em absoluto silêncio num misto de sentimentos e emoções. Aquela guitarra falava, dizia a cada pessoa tudo o que de mais bonito podia haver, despertava sentimentos, emoções. Ele, de cabeça baixa e olhos cerrados estava no seu mundo, a sentir a música e a fazê-la passar dos seus dedos para a guitarra, a música era ele, a sua vida, o seu ser. 
Foi quando ela, com os seus longos cabelos encaracolados desgrenhados, simples na forma e no ser, que conhecia aquela música tão bem e lhe apeteceu cantá-la, ganhou coragem, subiu ao palco e pediu um microfone. O público ficou estupefacto, como é que ela se atrevia? 
Ela, decidida, pegou na canção e às primeiras palavras, ele, que nem se tinha apercebido do que acontecera, abriu os olhos. A voz era rouca, forte, cheia, cheia de tudo. Foi cantando com garra e determinação como se de uma artista se tratasse e a expressão era de puro prazer, de alegria, de sentimento à flor da pele. Ele estava já de olhos muito abertos, fitava-a espantado, ela olhou para ele e os seus olhares cruzaram-se, todos viram aquele fogo cruzado, a luz, a empatia entre eles. Ele já tocava para ela e ela cantava para ele, de costas para o público. O resto da banda foi parando de tocar e ali estavam eles dois, como se uma enorme bolha os envolvesse, como se estivessem sozinhos, como se mais nada existisse para além deles num enamoramento repentino mas intenso. 
O público nem respirava. 
A canção terminou por fim e ela pediu desculpa, agradeceu e saiu do palco. Ele correu atrás dela, pegou-lhe nas mãos, olhou-a nos olhos, pediu-lhe para ficar e ela aceitou. O resto da noite foi surreal, um momento único e inexplicável. Ninguém arredou pé até que o reportório chegasse ao fim, a ver e a ouvir aqueles dois que eram um só.
No fim, ela foi embora sem deixar contacto, ele ficou à porta a vê-la afastar-se...

9 comentários:

  1. Noites memoráveis, momentos inesquecíveis... gosto!
    E a vida vale bem a pena, também, por momentos como estes (mesmo que ficcionados).
    Obrigada!
    Bjs.

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  2. Seria dos melhores momentos de uma vida ,momentos que marcam e não deixam mais ,que nos pendem a uma historia que gostávamos de saber o desfecho :)

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  3. ... e eu fiquei a desejar por uma continuação! Depois de uma noite assim, eles merecem um segundo/terceiro encontro! :)

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  4. Concordo com a Nina, eles merecem um reencontro! Vamos lá tratar de providenciar essa segunda oportunidade :)
    Queremos Mais!

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  5. Amiga Lindo texto que descreve noites belas passadas com os amigos. Adorei ler.
    Beijos
    Santa Cruz

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  6. Gajita, nestes dias em que andei pelas serras e vi biciclistas a subir o Geres, só me lembrei de ti
    Tb quando vi a as cabras a balir, eita, s9 me lembrei de ti
    Kis;=>}

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  7. Momentos que dificilmente se voltam a repetir...pelo menos com a mesma intensidade!

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  8. Que momento memorável, espero que haja um reencontro...
    ;-)

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  9. Oh tenho pena que não tenham ficado juntos! Bonita história!

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