quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Jacinta

Já cansada da confusão e do barulho da tertúlia foi deixando calarem-se as vozes, esmorecerem as gargalhadas, terminarem os sorrisos. Um a um todos foram partindo, deixando-a ficar só, no silêncio do seu momento, na calma das suas horas. Assim ficou, durante um tempo imenso, imóvel de movimentos, apenas com o som de fundo dos seus pensamentos, a sua música leve e baixa, a janela aberta para ouvir a noite e espreitar a lua, sentindo pouco a pouco um crescente vazio. 
Calmamente e com todo o tempo do mundo, o seu tempo imenso, levantou-se da poltrona de tom verde, a sua preferida, tirou os chinelos e calçou os sapatos de salto,  tirou o xaile das costas e vestiu o casaco, o dos brilhantes nos bolsos, aquele que veste para ocasiões especiais. Passou um pouco de batom nos lábios, ajeitou o cabelo e saiu de sorriso tímido na face e a solidão no coração.
Foi à procura. De todos, um a um.

13 comentários:

  1. Olha, gostava de conseguir escrever textos assim tão bonitos mas a mim só me dá para avacalhar xD

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  2. São tantas as Jacintas...

    Boa noite GM, lindo texto

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  3. As vezes precisava de um bocadinho como a Jacinta... parar e "afundar-me" nos meus pensamentos ao som de uma boa música.

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  4. Estou com a noname.~Mas quantas Jacintas não há por aí?
    Beijinhos GM
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  5. Jacinta leva o tempo nos bolsos brilhantes e enche o coração de todos, um a um :)

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  6. Gaja,
    Para além da qualidade do texto, que a tem, "cheira-me" que há algo que te agita, te inquieta, algo a pedir reformulação. Aqui para nós, que ninguém nos ouve, isso nada tem de transcendente. É apenas a tua vontade de viver a manifestar-se, a querer mais, a tentar perceber as ténues linhas com que se tece a harmonia. No entanto, e tentando manter o modo de confidencia, tu tens demonstrado que tens tanto...!

    Um beijinho :)

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    1. Olhando para o que escrevi, há que chapelar a confidência. :)

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  7. Olha, tiveste no Covão da Ametade...

    :)

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