Entendo, sei o que é, ultrapassei...
Sei que a maioria de vós ainda não tem filhos ou tem filhos pequenos e não tem tempo nem para se coçar quanto mais para pensar em si próprias de tanta solicitação familiar e profissional, tal como aconteceu comigo.
Mas há aquele momento nas nossas vidas, em que os filhos crescem e se tornam independentes e querem voar sozinhos com as asas que nós lhes demos. Depois surgem momentos em que realizamos que voltámos a ter tempo, tempo demais, o qual desaprendemos a utilizar em prole de nós próprias.
Aí, sentimos um enorme vazio, uma tristeza, sentimo-nos perdidas, sozinhas, pequenas, amedrontadas e abandonadas, sem saber o que fazer a esse tempo, especialmente quando todos em casa têm os seus hobbies e o seu tempo super ocupado.
Confesso, andei uns tempos um pouco aturdida e perdida ao verificar que me encontrava nessa situação, demorei muito mais tempo a aceitá-la e ainda mais a ultrapassá-la, depois decidi que algo tinha de fazer por mim para ultrapassar isso.
Não sou dona da verdade, muito menos devo dar conselhos, pois se dar conselhos fosse lucrativo, não se davam, vendiam-se. Apenas, no decorrer de um desabafo de uma amiga me lembrei como acabei por ultrapassar essa situação, partilhei com ela e já agora posso partilhar convosco.
Senti que tinha de voltar a dedicar-me de corpo e alma a algo, canalizar as minhas energias para outras coisas de forma a não prejudicar o vôo dos meus filhos e do maridão. Tentei voltar a dedicar-me à minha profissão, mas um conjunto de más opções que tomei em tempos, deitou por terra essa possibilidade, então decidi escolher uma coisa que gostava para me dedicar e tirei um curso de fotografia, foram 6 meses maravilhosos, apaixonei-me pela arte e dediquei-me, saía em grupos para fotografar, percorri lugares maravilhosos e vi-os através da minha objectiva. Voltei ao ginásio e fui a convenções de fitness. Criei um blog, conheci pessoas, conheci outras realidades. Voltei a não ter tempo. Por último descobri a bicicleta e o btt, deixei até de lado a fotografia, pois pedalar é o que mais prazer me dá e mais me preenche. Por ironia do destino, na altura maridão não podia jogar mais futebol e embora continue ligado a ele e isso lhe ocupe muito tempo, começou a andar de bike comigo e andamos quase sempre juntos, ficámos ainda mais unidos pois é um hobbie que partilhamos.
Bom, e se depois disto tudo ainda me estão a ler, quero apenas dizer-vos que tenho pena de os meus filhos não partilharem este modo de vida connosco, talvez ainda venham a fazê-lo, mas por agora não querem, mas eu já consigo deixá-los voar livremente. Voltei a ter pouco tempo para a casa e para outras coisas de gaja mas não me importo, tive entretanto uma oportunidade de me dedicar à profissão e faço-o, assim como tudo e só o que gosto de fazer.
Não mais me senti só, não mais tive tempo para sentir o vazio, não mais me senti perdida. Sou feliz!
Se isto servir para ajudar alguém, fico ainda mais feliz.
Esse vazio que se sente acontece com tantas pessoas. Os filhos ocupam tanto espaço na nossa vida que esquecemos o resto . E não faz mal querermos tempo para nos, não somos piores por causa disso. :)
ResponderEliminarBeijos
Não mesmo, somos seres humanos, precisamos de nós próprios felizes :)
EliminarOlá Maria :)
ResponderEliminarEu partilho o mesmo sentimento. Também os meus dois rapazes estão uns homens. O mais velho já esta de saída de casa e o mais novo já não quer a nossa companhia. É a lei natural da vida. As vezes tenho saudades dos mimos, de estarem na nossa cama, e por aí fora...
Também eu tomei decisões de merda na vida profissional e agora estou a pagar a factura.
A vantagem no meio disto tudo é que já me posso dedicar a outras coisas de que gosto, já consigo ler um livro, passar o fim-de-semana com o marido. Mas o vazio fica sempre cá.
Elsa
Pois é, apesar de tudo o que conseguimos fazer para dar a volta à questão, por vezes o vazio paira sobre nós. :)
EliminarQuerida amiga, li tudinho e com muita atenção....sim tenho a certeza de que este texto ajuda muitos...pessoalmente consigo antecipar precisamente esse vazio de que falas embora a minha maior preocupação atual, dado que fui mãe bastante tarde ser chegar até lá e poder acompanhar os meus filhos até onde puder. E sim tenho a certeza de que o caminho de nos reencontrar-nos de novo, de preencher esse vazio é reinventar-nos como tu fizeste...embora nem todos nós sejamos especiais e fortes como tu!!!
ResponderEliminarMil beijos e obrigada pelo excelente post!
Maria
Obrigada Maria, só não sei se sou assim tão especial e forte :) Tenho dias. Bj
Eliminarajuda de certeza. é uma extensa lista de opções e coisas que são fáceis de abordar para deixar o vazio. :))
ResponderEliminarMuitas outras opções haverá e para todos os gostos :)
Eliminarfiquei muito comovida com estas tuas palavras.
ResponderEliminarGostei muito de te ler pois é algo em que também penso...
ResponderEliminarPor agora o filhote é pequeno e por causa disso pedalamos muito pouco os dois juntos. Sem família perto, alguém tem que tomar conta do filhote que, por sua vez, gosta de andar de bicicleta, mas quando crescer não sei como será...
É bom termos tempo para nós e fazermos coisas de que gostamos. E é bom teres encontrado algo que gostas e que te ocupa. A bicicleta leva-nos muito tempo mas é muito bom...
Beijinhos.
Li cada uma das palavras com atenção. Ainda que a minha mais nova seja ainda muito nova, a mais velha já começa a esvoaçar. Vivo a vida em função das necessidades delas e sei bem que um dia também passarei pelo mesmo! A tua experiência dá para refletir e as alternativas apresentas são sem dúvida um bom exemplo da variedade de opções que podemos escolher para colmatar o vazio (para não sentir o vazio)!
ResponderEliminarObrigada Gajinha, adorei ler essa parte de ti!
Beijinhos
Obrigada pela partilha (que li atentamente). É sempre bom ouvirmos histórias verídicas que dão-nos sempre mais ânimo. És GRANDE!
ResponderEliminarUm beijinho.