A Catwooman da provincia

D. Maria, a loira, era um aventureira e eximia trepadora, assim que apanhava uma nesga que fosse de janela ou porta aberta, ia laurear a pevide e chegava toda suja e cheia de pulgas, chegando a estar por duas vezes alguns dias desaparecida.

Mas, desde que se atreveu a saltar, ou caiu não sei bem, de uma das janelas do 1º andar abaixo, aquela alma ficou tão assustada que com nesga ou sem nesga, ela nunca se afasta.

Já D. Zé, preto, gordo e barrigudo, nem saltar, quanto mais trepar e correr. Podia ir até ao pátio à vontade que não conseguia passar dali.

Mas, desde que aprendeu a passar a porta de vai e vem para lá e depois para cá, ganhou confiança e até já trepa. Só ainda não sabe descer...

Pois! E eu que só tenho uma vida e estava sozinha em casa, tive de sair pela janela do quarto de Mainovo para o telhado da garagem e resgatar S. Exa.

Só que depois.... depois era preciso voltar e eu estava de pantufas e não tinha aderência nem força suficiente para trepar de volta para a janela que fica à altura da minha cabeça.

E agora???

Pensa Gaja Maria, pensa!

Pensei...

Fui andando pelo telhado abaixo, saltei para o muro do vizinho, desse para o meu, depois para o chão e entrei em casa, pelo portão, como se nada fosse.

Foi lindo!

Dom Zé à janela a olhar feito parvo e eu, qual Catwooman da província  a andar pelos telhados e a pular de muro em muro, de pijama e pantufas...

Dom Zé

Sô Dona Maria