quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Laços

Ao contrário de todos os outros dias em que saio do trabalho a correr para ir fazer alguma coisa ou muitas coisas, hoje saí nas calmas, devagarinho, a apreciar as pessoas, as casas, as ruas, que das outras vezes quase nem vejo. Não ia ao ginásio e pedalar já pedalei ontem à noite, o meu único propósito era mimar MaiNovo com um jantar a gosto dele, que chegava hoje de fim de semana. Sei que se trata bem, pois os jantares e as churrascadas de curso não param, mas a comida de casa é a comida de casa e apesar de não ser grande cozinheira, sei que a comida de casa tem para a maioria dos filhos algum valor. 
Passei em frente da casa de minha Mãe e olhei a palmeira. Achei-a tristonha, de folhas caídas, amareladas, parei o carro e observei, doente! Uma palmeira que me viu crescer, a mim e a todas as crianças da família, hoje já homens e mulheres, todos temos fotografias em criança debaixo daquela palmeira, o ex-libris do jardim, a imponência, o pilar do crescimento de todos.  Fui questionar mãe, que no fim de contas já sabia do diagnóstico, as larvas de escaravelho que têm infestado muitas das palmeiras do nosso país, chegou à nossa palmeira e a muitas das palmeiras da vizinhança. O jardineiro diz que pode ser tratada mas não garante sucesso, por isso está decidido que vai ser cortada e arrancada do jardim...
É só uma palmeira, eu sei. Mas eu, que tenho a mania que sou dura, fria e forte fiquei triste e também sei que no dia que a nossa palmeira for cortada e arrancada do lugar onde me habituei a vê-la, vou olhar o lugar todas as vezes e pensar que me cortaram mais um laço. Pouco a pouco estou a perder os meus laços...

9 comentários:

  1. Por isso os guardo na memória e no coração, daí ninguém mos tira, nem o escaravelho ataca. :))

    Mas, porque não colocar uma nova? como se fosse uma neta da palmeira original. Assim, quando passares dizes, debaixo da avó dela fartei-me de brincar, e guardo ainda memórias

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    1. Uma boa ideia Noname que vou propor. Obg.
      Tenho de ir tirar-lhe fotos antes do corte, havias de ver como é enorme, que pena. Bjs

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  2. Entendo-te perfeitamente. Há coisas que são como pontes de ligação a momentos da nossa vida.
    A sugestão de Noname parece-me uma boa forma de amenizar a perda :)

    Beijinhos GM

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  3. Percebo o que é porque sinto inexplicavelmente algo semelhante em relação a uma árvore de fruto que os meus pais tiveram no jardim e que teve de ser arrancada, era eu ainda uma miúda.
    A única parte "boa" de perder laços é que simultaneamente criamos outros, tal como tu estás a fazer, com certeza. As boas recordações ficaram sempre. Beijinhos

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  4. A ideia sugerida é excelente. Plantar outra árvore no lugar da palmeira servirá de mensagem de que, na vida, há regeneração e esperança.

    Um beijinho, GM

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  5. A palmeira que estava no jardim dos meus avós, e que foi plantada pela minha avó, também foi apanhada pelo bicho. Foi toda cortada há uns dias e o jardim perdeu um pouco da graça que tinha. Mas olha, é a vida.

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  6. :( bem sei o que isso é - o perder dos laços - mas, haja esparança, porque estaremos a criar outros. Não que substituam os anteriores (não é isso!) mas vão-nos mantendo "amparadas", estes novos laços.
    um beijinho.

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  7. Gaja,
    Dura, fria e forte quando é necessário, sensível outrossim. Que seria da paisagem ver uma Gaja a pedalar, durona, sem qualquer sensibilidade? Onde estava o encanto no descobrir de novas paisagens?
    Vá lá, palmeiras há muitas, apesar dessa fazer parte dum enquadramento muito marcante, mas os afectos são únicos.

    Um beijinho :)

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  8. Pois, compreendo...
    Mas a ideia de plantar uma nova árvore parece que dará um ar de esperança e renovação... :-)

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