Não gosto de fingir que tenho uma vida maravilhosa de
princesa rica, mas também não gosto de expor as minhas fragilidades e as minhas
apreensões. Ambas, tendem a poder ser mal interpretadas e podem trazer-me
dissabores. Então das duas uma, ou falo, ou calo-me e a opção é sempre minha.
E posto isto,
Quantas vezes escrevo e apago logo em seguida….
Quantos textos em rascunho tenho por aqui sem os levar à luz…
Quantos pensamentos, quantas tristezas, quantas dores acabam
por ficar caladas …
A opção fica-se muitas vezes por falar das coisas boas que
me acontecem, das que gosto e me fazem feliz, das que me puxam para cima o ego
e das que fazem as pessoas comentar nesse sentido. Quem não o faz, nem que seja
para tentar ultrapassar e esquecer os sentimentos menos bons?
Hoje, no entanto, queria falar de uma das minhas
fragilidades. Quando digo na brincadeira que sou má mãe, não é brincadeira, é
sentido e verdadeiro e esta frustração incomoda-me todos os dias.
Não sei ser mãe!
Os meus filhos já são adultos e até são uns bons meninos.
Não são no entanto aquilo que gostaria que fossem, não porque sou teimosa,
presunçosa ou obstinada, mas porque acho que outros caminhos teriam sido melhores
para eles e eu só lhes quero o melhor, mas lá vou me resignando e habituando-me
a lidar com as suas escolhas, nunca sem grande sofrimento, confesso,
especialmente quando acho serem más escolhas.
A grande questão é que não consigo conversar com eles, fazer
com que me ouçam ou ouvir o que querem dizer e levá-los a pensar mais assertivamente
sem a coisa descambar. Acabamos sempre por trocar galhardetes e acusações,
ficando chateados e amuados uns com os outros. Isto estilhaça-me o coração. A
maior dificuldade é sempre a mesma, fazê-los cumprir regras e entender o meu
ponto de vista. Eu, considero ter mais saber e eles consideram que eu estou
fora do contexto atual. Eles acham sempre que eu não sei nada e nem sequer vale
a pena ouvirem-me e vice-versa, claro. Será
porque falo demais, porque não sei falar, porque não sei mesmo do que falo ou
porque falo o que não devo?
Morro um pouco por dentro sempre que isto acontece e acho
que a culpa é minha por que não sei ser mãe. Porque ser mãe não é só amar e
amar incondicionalmente. Ser mãe é saber amar. E eu não sei.
Pese embora tudo, uma coisa eu sei, tenho tentado de tudo.
Mesmo! Achando que não sei ser mãe, cheguei a recorrer a pedo-psiquiatras,
psicólogos, conversas e mais conversas, castigos, técnicas variadas e até
algumas palmadas, ajuda de professores e educadores, familiares, amigos. Faço o
que posso e o que sei, mas de alguma forma me sinto sempre culpada de não saber
ser mãe. Todos os dias penso no assunto e decido na minha cabeça que hoje vai
ser diferente. Em alguns dias até é, mas nos outros volta tudo ao mesmo. Dizem
que um dia eles vão acabar por entender e se chegar a nós, que isso acontece
com todos. Não acho. Ou então não quero achar porque estes são meus e os meus
têm de ser especiais. E esta é a minha luta.