quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ventos

As areias do deserto atravessaram este blog trazidas por ventos tempestuosos. Com elas vieram camelos, insetos e répteis. Alguns cactos nasceram aqui e ali e as dunas transformaram-se da noite para o dia. Construí um pequeno abrigo feito de toalhas de praia e de cordas que trazia na mochila, minha companheira nesta travessia, além de um livro com palavras e uma faca e aguardei dentro dele que os ventos se acalmassem. Camelos e outros bichos aproximaram-se do meu abrigo de olho no meu cantil da água e nas latas de feijoada, no entanto, eu, com a minha cauda comprida e farfalhuda, que nem eu sei porque sou possuidora de tal apetrecho, ameaçando-os, consegui acalmar os ânimos e eles acabaram por se enroscar junto a mim e me aqueceram naquela noite gelada do deserto. Fiquei cheia de pulgas eu sei, mas quentinha, e ao acordar as areias tinham parado de esvoaçar por causa dos ventos e eu vislumbrei um oásis. Montada no camelo cavalguei para lá. O oásis não era assim tão verdejante afinal, não tinha tanta água e habitavam lá alguns nómadas conhecidos por retirarem de todos os oásis por onde passavam o que de bom havia neles partindo em seguida para outro. Estariam portanto de passagem e por isso acabei por me instalar, aguardando que as areias do deserto se fossem deste blog.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Sonho que sonhei

Hoje acordei cansada, confusa, baralhada e com uma sensação de perda, desapego e angústia. Sonhei um sonho toda a noite. Sei que acordei várias vezes por não querer sonhar aquele sonho, mas quando adormecia voltava a sonha-lo e tinha sempre continuação. Estranho sentimento este, estranha sensação. Não consigo lembrar-me do sonho....

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Fácil!

Outfit para jantar de Natal tratado. Ontem fui à loja, escolhi, experimentei e memorizei. Tudo numa boa. Hoje, em plena Black Friday encomendei pela net, calmante, sem pressas, confusões ou encontrões. Sem filas. Entrega em casa sem custos. Yes!

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Tudo o que não sou


Reconheço-lhe o passo rápido e seguro de quem sempre sabe para onde se dirigir.
Reconheço o perfume intenso e adocicado, a aparência sempre impecável, a altivez no olhar a voz dominadora.
Reconheço-lhe a atitude assertiva todos os dias e a toda a hora, as palavras decididas, precisas e objetivas e a presença de quem, onde chega se faz notar. E se tal não acontecer por isso fará, pois, o centro das atenções ninguém lho tira, tudo o resto ficará em sua sombra e a pensar que sim, ou que não.
“Todos os dias saio de casa como se fosse o meu último dia” diz ela, “ Faço, digo, ajo, vivo. Tudo como se fosse a última vez…sempre!”

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Sonhos que sonhei


Durante anos tive um poster da Nadia Comaneci na parede do meu quarto. Todas as noites adormecia imaginando-me a fazer aqueles saltos mortais, aquelas piruetas nas paralelas assimétricas, os triplos saltos mortais no solo, os flics encarpados na trave olímpica. Imaginava-me naquilo durante horas, cheia de força e confiança e ao mesmo tempo elegância. E sonhava. Sonha a dormir e sonhava acordada. E em todas as manhãs, acordava, olhava o poster e queria ser como ela. Sabia dessa impossibilidade, mas ainda assim não parava de sonhar e durante muitos anos quis ser como a Nadia Comaneci. Ainda hoje sonho por vezes este sonho. Estranho é nunca ter desistido de os sonhar, parece que nunca cheguei a crescer e que nunca adaptei os sonhos à minha realidade. Por causa disso a minha cabeça e o meu corpo não se entendem, ela manda e o corpo ressente-se. E andamos nisto.


domingo, 18 de novembro de 2018

Quando eu for grande

Quero saber planear refeições e organizar marmitas. Estou fartinha de ler sobre o assunto e até já tentei algumas dicas, assim como tentei várias vezes preparar na noite anterior o que vou vestir no dia seguinte. Simplesmente transcende-me desaparafusa-me os neurónios, baralha-me e contraria-me. Não consigo. Mesmo que prepare a roupa, quando acordo é que sei se acordei cinzenta e sou incapaz de vestir uma roupa encarnada e se acordo executiva não me sinto confortável com umas calças de ganga e se acordo desportiva tenho de esquecer o blazer e as calças vincadas. Ora, o mesmo se passa com a comida. Como é que eu vou saber ao domingo o que me vai apetecer comer na quinta-feira ein? E se eu tiver carne e só me apetecer uma sopinha? E se as termites cá de casa devorarem tudo ao jantar e não restar nada para a marmita? E se eu fizer mal os cálculos (como sempre) e apenas sobrar um fio de esparguete para três, ein? Esqueçam lá isso. Eu nunca me lembro de manhã de deixar algo a descongelar, nunca sei o que fazer e nunca tenho tempo ou me apetece aquilo que planeei. É muito bom, muito mesmo, ter tudo controlado e organizado, mas gente, eu sou uma gaja espontânea, faço e digo e só penso depois. Socorro! Preciso de um workshop de marmitas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Hyacinthus



A minha Manuela das limpezas é uma idiota pois tem sempre imeeensas ideias.
Algumas brilhantes, outras nem por isso, para não falar no que acaba por partir ou estragar à conta de tanta mudança. A minha Manuela é um furacão capaz de levantar o sofá com uma mão e aspirar em baixo com a outra, mas eu até agradeço (se não deixar cair o sofá, claro).
Estou sempre em ânsias para chegar a casa às quartas-feiras e descobrir qual foi a ideia que teve essa semana e tenho a dizer-vos que tenho tido muita sorte nunca me ter calhado encontrar a cozinha no quarto e o quarto na sala. Mas tenho jacintos em novembro. Ah pois é! Um pouco raquíticos é certo, mas tenho. E esta ein? A minha Manuela é ou não é um espetáculo?


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Praga


Quinze quilómetros a pé por dia de mapa na mão, outros tantos de autocarro panorâmico a ouvir os guias, mais alguns de barco rio Moldava acima e abaixo, praticamente em silêncio e de olhos bem abertos, embrenhámo-nos pelas ruas, pelos parques, pelos monumentos e por entre as centenas e centenas de pessoas (na maioria chinocas ou japoinas ou lá o que eles são, mas com os olhos em bico) bebendo e processando tudo o que víamos e ouvíamos. E tudo o que vi e ouvi e senti foi fantástico. Praga é uma cidade maravilhosa, carregada de história e de beleza. Em dezenas de fotos imortalizei o que os meus olhos viram, mas na minha alma trouxe muito mais de tudo e que vou guardar na minha caixa das viagens para ir abrindo de vez em quando.
Vão lá se puderem que vale tanto a pena.











segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A idade engorda

Já tinha constatado o facto em diversas ocasiões no entanto e devido a alguns genes de certas pessoinhas magras que teimam em contradizer tal teoria ainda fiquei na dúvida. Comprovei a gordice este fim de semana ao entrar para um grupo no Facebook de pessoal da minha geração na escola secundária. Ai o que me ri com aquelas fotos e a nostalgia que senti ao recordar certos momentos  e certas pessoas a quem perdi o rasto. Mas bom, praticamente toda aquela gente hoje é o dobro do que era há trinta anos. Pois que está mais que provado, a idade engorda, isto é, aumenta a idade e engorda o corpitcho às p'ssoas... A algumas, muito mesmo.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Não sei bem porquê

Tenho sempre pressa e corro todos os dias em várias direções. Pressa em sair, pressa em fazer, pressa em chegar seja lá onde for. Vivo à pressa e dificilmente consigo esperar com calma por algo ou alguém. Quando dou por mim estou a ranger os dentes e até já me doem os maxilares da força que faço para controlar esta minha pressa de viver. É nem sei bem porquê. Mas ainda há uma réstia de esperança para a minha pessoa.
Há momentos em que a pressa se vai.