segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

5/2021 - Zé

Meu gatarrão preto de bigodes e patas branquinhas, meu companheiro de manta e sofá nas leituras, o meu ajudante de cozinha, o meu colega de teletrabalho, o assistente de jardineiro, foi atacado por dois cães e ficou muito mal tratado. Os cães, aparentemente raivosos e esfomeados, andam com a carroça dos ciganos, entram em quintais e comem galinhas e outros animais, reviram os lixos, roubam tudo o que podem e atacam animais de estimação indefesos, como o meu Zé que via a rua na varanda quando foi surpreendido. 
Ora, estes cães, tal como os seus donos, fazem tudo o que querem e saem sempre impunes.
Já o meu Zé.... Estou com ele de coração partido. As suas dores, são também minhas e a sua tristeza faz crescer a minha  a todo o momento e já está do tamanho do mundo. Tem a barriga com uma grande sutura, o cachaço também, perdeu dois dentes e algumas unhas, tentando defender-se agarrando-se à vida, literalmente com unhas e dentes. Medicado e cuidado, mas com uma convalescença muito lenta. 
Quero muito que se agarre às cinco vidas que lhe restam, pois praticamente já gastou duas das sete que lhe são atribuidas. Tenho dúvidas. E medo. O meu companheiro e eu estamos a tentar sobreviver a isto tudo. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

4/2021 - Meio-dia

Ainda o dia nem vai a meio e já estou com convulsões interiores.
Confinada aqui no meu canto, tranquila e a debitar trabalho por fora, ansiosa e aos pulos cá por dentro, sabendo que ser livre, o meu bem mais precioso, não é mais meu por agora. Apenas sou livre nos pensamentos e nos sonhos e apelo à Nossa Senhora da Criatividade para listar uma série de coisas que posso fazer em casa, pois no trabalho sei muito bem o que tenho de fazer. É desta que pesquiso um anti rugas para os olhos que estas pálpebras descaidas já nem os deixam falar. Os olhos, claro :)  
Haja saúde, bem que por agora ainda me assiste. Fiquem bem. Fiquem em casa. 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

3/2021 - Bardamerda!

Eu sei que é para o nosso bem, que temos de ser fortes, que é provisório, que temos de ajudar o pessoal da saúde e os hospitais e que no fim disto tudo, alguns vão ficar bem. 
Mas.... posso?
Posso dizer que estou cansada, que não consigo dormir, que estou deprimida, que não me apetece ler nem escrever, nem trabalhar, nem arrumar, nem ir às compras, nem falar com ninguém nem sequer fazer nadinha, só vegetar e esperar que passe?
Posso dizer que se lixe toda a gente? Que se lixem os ranhosos da campanha eleitoral, as próprias das eleições, as vacinas, a pandemia, a economia, mais os que andam a passear na rua sem máscara todos contentes e eu fechada porque estou a pensar neles, posso? 
Mais um confinamente e nem bolos, comidas ou vinho me alegram,  posso? 
E dizer umas caralhadas, posso?
Oh pah Desculpem! 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

2/2021 - Lembrete

Lembrete, alarme, campainha, qualquer coisa serve para me lembrar de fugir de pessoas e coisas que deitam por terra a ilusão, a esperança e a magia que podemos dar à vida. 

domingo, 3 de janeiro de 2021

1/2021 - Recomeço

 Post um!

Deixai-me aqui então começar a preencher uma nova página em branco que é este novo ano vinte vinte e um, pintalgando-o de muitas cores, por vezes pretos e brancos e até alguns cinzas.

Balanço de vinte vinte não vale a pena fazer, prefiro colocar-lhe um ponto final e terminar este capítulo que além de todas as estranhezas, uma este ano me trouxe que eu não compreendo. Eu, que nunca choro, agora choro e por duas razões. Por tudo e por nada. Choro de alegria, choro de tristeza, com filmes, com publicidade, com notícias, com fotos, com animais, com flores belas, vejam só, crianças, velhinhos, músicas, livros, poemas, com tudo. Choro e pronto. Xô vinte vinte!

Avancemos portanto e desta vez sem grandes planos. Decidi deixar-me ir, ao sabor do vento, tentando não criar grandes expetativas para não sair defraudada. Aceitar o que  vier e seguir em frente, um dia de cada vez, o melhor possível. Não sem esperança e fé que vêm aí dias bons. Venham eles.