quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Sem título

Quando o coração fica doente, a alma tem falta de ar e o olhar perde o brilho, o  corpo anda sem viço, a mente vagueia e as palavras fogem. Tal e qual uma planta a quem não regam a terra, o coração murcha quando não é alimentado, mas ao contrário da planta que não consegue ir à procura de água, o coração pode ir à procura de alimento quando quer. Se quiser.
O meu coração está doente e eu não sei o que faça.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Galifões

Coloquei para criar dois pintainhos lá no meu aviário. Sempre a medo e com tanto cuidado, arraçada de mãe galinha, mal os deixava sair do ninho construindo até uma escadinha para que pudessem entrar e sair sem cair. Todos os dias mudava as palhas do ninho, sempre macias e limpinhas e dizia aos do galinheiro para cacarejarem baixinho para não os incomodar sem sequer  perceber que meus já franguinhos não eram de capoeira, muito menos de aviário. Quando começaram a ganhar penas eu ainda achava que controlava a situação insistindo nessa  coisa do ninho e de os ensinar a voar e a cantar, pois há já muito que eles voavam e cantavam e de frangos não tinham nada. Os meus pintainhos são más é galifões sabidos e eu sempre disse que não devia ter tido um aviário.

Esquisita eu

Foi quatro vezes à cozinha e três vezes ao assador de onde chegou sempre de mãos a abanar, abriu e fechou mais três vezes a gaveta que apenas continha uma esferográfica e não chegou a dar-me o número de contacto, atendeu duas vezes o telefone para anotar encomendas, fez conversa de xaxa  com todas as pessoas que chegavam e quando a fila já chegava à porta começou a atender.
Não fosse o frango ser tão bom e diferente do das demais churrasqueiras e eu já tinha riscado do meu mapa esta nova Gerência...

domingo, 27 de agosto de 2017

Capítulos

Há muito que não pedalava sozinha, mas decidida que estou em contrariar a minha falta de vontade para fazer coisas, teria de ser hoje, não tinha companhia nem vontade de a arranjar iria sozinha, eu, a minha bike e a minha música estrada fora. Prestes a ter de desistir por causa daqueles pingos que teimavam em cair e que tornam a estrada perigosa para uma roda tão fina, decidi arrancar na mesma, devagarinho por aí fora. Já nem lembrava o quão gosto de pedalar sozinha e estar comigo e é quando estou comigo que tomo resoluções, que termino capítulos para iniciar outros. É limpar o pó, varrer o chão e fechar a janela para abrir uma outra limpa e desimpedida. Feito!
Quando cheguei às praias já estava sol.


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Tu não existes

Não tens Facebook, Instagram ou blog...
Não sei por onde andas, o que fazes, se estás doente, se estás de férias, se trabalhas ou estás desempregada, se queres sair comigo, se precisas de falar ou outro tipo de ajuda ou se apenas queres ficar sossegada no teu canto...
Parece que não existes.
Vou ter de te telefonar.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Morning oats



Agora que terminaram as férias e os argumentos para continuar a comer porcarias como se não houvesse amanhã, toca a entrar na linha. Voltei ao meu pequeno almoço pouco calórico, saudável e nutritivo, “Morning Oats”:

3 colheres de aveia
2 colheres de leite
2 colheres de sementes (chia, girassol, linhaça picada, etc)
1 iogurte natural (ou grego ou outro qualquer depende do gosto)
Também fica bom com canela
Misturar
Camada de fruta (frutos vermelhos, banana, maçã, pera, kiwi, etc)
Fio de mel (ou não)
Camada de frutos secos ou granola ou mix


Preparado de véspera, em camadas e guardado no frigorífico num frasco hermético. Tão bom!

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Baywatch Tuga

A pickup salva-vidas atravessa o areal lentamente contornando corpos ao sol., chapéus, toalhas e crianças a brincar, com quatro marmanjões massudos lá dentro mesmo à Baywatch, só faltava a mamalhuda da Pamela Anderson, mas como está já se reformou, lá vinham eles cheios de estilo, óculos de sol espelhados e bíceps de metro e meio de fora da janela, aberta até abaixo. Pararam rente às ondas e lá ficaram em amena cavaqueira com o nadador salvador de serviço. Em se cansando, arrancaram e regressavam  pelo mesmo caminho quando foram interpelados por um banhista que reclamou o constrangimento que eles estavam a causar às pessoas e ao ambiente andando no areal de carro. Um deles respondeu perguntando, muito enervado, o que é que ele já tinha feito naquele dia enquanto eles tinham já salvo do mar três pessoas na praia ao lado. O lesado contrapôs "ele? Ele estava de férias e na praia a descansar e a apanhar sol, eles é que estavam ali a trabalhar e eram pagos para isso, não para andar a passear de carro na praia". Bom, lá continuaram a trocar palavras azedas até o condutor da pickup resolver arrancar praguejando e o lesado ficar ali a rir às gargalhadas...
Ein???? ou aquilo era para os apanhados ou eu não percebi patavina do que se passou ali....

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Mãe

Chega da rua de lábios pintados e cabelo arranjado, pousa a bolsa que traz debaixo do braço, tira os o óculos de sol e coloca o avental. Deita o pão quente que foi comprar no cesto. Caminha devagar que as pernas já não são o que eram e aquela prótese na anca não lhe dá descanso da dor, as mãos tremem-lhe e a pele está cravejada de sulcos já profundos, afinal são oitenta anos de histórias, oitenta anos de altos e baixos que a vida lhe trouxe e ainda traz. Apesar de tremerem, aquelas mãos ainda são de fada, com as unhas pintadas cor de salmão e que em meia hora fazem com que um cheirinho bom a   comida deliciosa invada a casa. A mesa já ela a tinha posto que nunca deixa nada por fazer e a família vai-se chegando para terminar os preparativos. É difícil juntar filhos, genros e todos os netos à mesa mas quando isso acontece a felicidade dela vê-se e sente-se. É preciso tão pouco para os fazer felizes...

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Tapa buracos

Não muito separados uns dos outros chegam-se-me dias em que me  aparecem contrariedades, contratempos, buracos lacunas.... Por vezes é apenas um cagagésimo de contrariedade, vá, sem qualquer importância, mas em certas ocasiões elas são tantas que até se me arrepiam os cabelos do peito, até a mim que nem os tenho.
Tanto faz que planeie, imagine, analise, que tire o azimute a tudo e mais alguma coisa, que acontece tudo ao lado. Ainda por cima eu, que tenho fraca pontaria e tremo das mãos, a mim que não sei fazer cálculos nem previsões, que tenho o sexto sentido todo lixado, as contas saem-me todas furadas.
Mais me valia a mim era fazer um workshop de tapa buracos, que é como quem diz, contrariedades, lacunas e afins. Isso sim é que era de valor.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Quanto custam as férias?

As férias? As férias custam quilos.
Sim, quilos! Quilos de conchas e búzios  colhidos, quilos de areia e sal no corpo, quilos de sol a dourar a pele, quilos de nadismo, jolas e vinho no bucho a olhar as estrelas. Quilos. Quilos de comida que se saboreia em mais de quinze minutos, aliás, quilos de horas à mesa degustando sorrisos e gargalhadas, quilos de conversas ao luar, quilos de música que faz ondear o corpo e aquecer a voz, quilos de convívio e de festa, sem pressa, sem  culpa, sem horas. Quilos! Quilos de roupa para lavar e engomar, quilos de depressão no último dia, quilos de pneus a quererem saltar da roupa....

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ora vamos lá

As toalhas de praia já estão no arame, o chapéu de sol a arejar, a areia completamente limpa da garagem e do carro, a bike a descansar, as sapatilhas lavadas e arrumadas, os biquinis na gaveta. Vamos lá retomar isto.
Bem sei que as praias ainda estão cheias, os "avecs" ainda não se foram e ainda há muitos lugares vagos no estacionamento do trabalho, mas vamos lá retomar isto.
Buaaaahhhhh!

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A culpa é dos estrogénios

Tenho perguntado aqui á minha pessoa por onde anda o meu bom humor, a minha alegria e paixão pela vida, o meu alto astral e energia, a minha proatividade e imaginação, o meu estado de alma feliz e a vontade de cantar enquanto trabalho. 
Estou fartinha de vasculhar os armários da alma e de abrir e fechar as gavetas do meu arquivo interior na esperança de os encontrar escondidos nalgum recanto, mas não. Há dias em que ainda vislumbro um ou outro, para logo os perder de vista. Uma ralação esta tristeza, esta apatia que se me pespega e cola sem que a entenda, sem saber de onde vem ou para onde vai. 
Esperançada estava no ócio e no nadismo, na mudança de ares e no pedalar até que não houvesse amanhã, mas já desesperancei. Bastaram três dias, três pequenos, frios e ventosos dias de agosto para que as gavetas ficassem lacradas e sem possibilidade de arrombamento para voltar a tirar o que está lá dentro.
Só que agora já sei. Aparentemente a culpa é dos estrogénios ou da escassez deles vá.
A puta da idade é fodida e eu estou "arrumada como o Caldas", não me consigo entender com isto do avanço da idade...

Manhã de Agosto

Estranha esta fria manhã de Agosto. Tão fria que tive de vestir um casaco antes de sair de casa. Triste era o semblante das poucas pessoas com quem me cruzei, verdadeiros autómatos a quem acabaram de ligar o botão. E mais estranho ainda é o frio que sinto cá dentro esta manhã. Não entendo como tal é possível numa manhã de Agosto.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

E prontus

O mundo gira e avança e se não fosse cá por coisas da minha vida profissional que me deixam a cabeça à roda e o corpinho em negação, tinha sido um regresso de férias tranquilo. Vá lá, o bronzeado, o cabelo amarelo do sol, o ar saudável, tranquilo e muito zen resistiram ao primeiro dia do regresso ao trabalho. Um dia destes há mais...



quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Meu lindo mês de agosto, lá, lá, lá

Fomos fazer a vontade a Mainovo que andava com saudades de lanchar berbigões lá na tasca do canto, mesmo ao lado do elevador para o Sítio da Nazaré como costumava fazer com o Avô há uns anos. Se é difícil chegar à Nazaré para passar a tarde ao fim de semana, muito mais difícil é fazê-lo em agosto. Mais difícil ainda é estacionar e chegar ao areal, mas muito, muito mais difícil é chegar perto do mar dada a quantidade de insufláveis para crianças, bicicletas para alugar, redes de seca de peixe, barracas de bolas de berlim, etc e tal, mas difícil mesmo, mesmo é encontrar um espaço no areal para estender as toalhas por entre geleiras, pára-ventos, chapéus de sol com saia e afins. Pior que tudo isso é que é super difícil senão impossível conseguir ler descansada quando num raio de vários metros à nossa volta só se fala francês misturado com português e aos gritos para que se oiça mesmo bem. É que lá não é como cá ã? Melaniiiiiiieeee! Vien ici já!