quinta-feira, 9 de março de 2017

Clone

Tentei uma vez
No site do IMTT on line renovar a carta de condução. Fácil, barato e cómodo. Não tive sucesso, dava erro nos meus documentos e não conseguia avançar.
Tentei outra vez
Numa agência documental. Caro, fácil e igualmente cómodo. Não conseguiram, havia um erro nos meus documentos, não permitia avançar.
Tentei mais uma vez cheia de convicção e vontade de estar dentro da lei.
No próprio do IMTT ao vivo e a cores. Não consegui, há um erro nos documentos.
Isto é, há euzinha e mais uma outra pessoa com o mesmo número de carta de condução que eu...
E onde é que eu vou agora? à Torre do tombo onde alguém, há trinta e um anos se enganou a registar?
Resta-me esperar que alguém consiga resolver o imbróglio e rezar para que a polícia não me mande parar e veja que a minha carta está caducada...
Ele há coisas, e esta ein?

quarta-feira, 8 de março de 2017

Celebremos

Mulheres! Sejamos felizes vá e deixem-se lá  de tretas, os homens invejosos claro, disso de ser ridículo haver um dia da mulher e de que até precisamos de assinalar o nosso  dia e bla, bla, bla whiskas saquetas. Nós  somos mesmo especiais, eu pelo menos sou e hoje até  recebi uma flor e tive direito a uma massagem no meu local de trabalho. Ein? Especial mesmo.
Partilho a minha flor com todas as mulheres especiais :)

terça-feira, 7 de março de 2017

Heranças

Ficou-me de meu pai o gosto à  natureza, ao verde, à  beleza das flores. Ficou-me o gosto de apreciar o plantar para um dia ver nascer e crescer,  coisa que ele fazia nas poucas horas vagas que tinha.
E todas as primaveras tenho o privilégio de o ver sorrir, ainda que em pensamento, de o ouvir chamar-me para me mostrar orgulhosamente o que plantou para mim, para nós. Herdei uma cerca de camélias, um caminho de narcisos amarelos que vão florir lá para  Junho,   uma pérgula de glicínias maravilhosa.  Belos. Tão,  mas tão  belos quanto ele. Um maravilhoso tesouro foi o que eu herdei

segunda-feira, 6 de março de 2017

Ao contrário

Segunda-feira, acordei. O céu apresentou-se-me branco, coberto de neblina e uma chuva miudinha caía, enfadonha, enervante. Fonix! Odeio estes dias em que não  há  céu e eu fico envolta em branco. Dá -me falta de ar, claustrofobia, é  que nem a minha janela nova me salva.
Fiz a minha rotina matinal em modo robot com gestos lentos e olhos a meia haste dando apenas especial cuidado à colocação do fio ao pescoço para a letra do meu nome não  ficar ao contrário. Saí para me envolver no nevoeiro.
Não  resultou, descobri quando cheguei ao trabalho....

quinta-feira, 2 de março de 2017

Expectante

Mostrei-lhe o caminho à direita por o saber direito e com poucas curvas. Anteviam-se-lhe algumas subidas íngremes e difíceis, outras tantas descidas perigosas, percebiam-se umas quantas zonas densas de neblina e logo ali à frente até, um céu negro e cerrado, mas ao fundo vislumbrava-se uma enorme clareira, cheia de luz e de sol, verdes prados e muitos cavalos alados. Nuvens  brancas de algodão faziam sombra aos pássaros pousados nas árvores e uma bela melodia chegava aos nossos ouvidos.
Havia porém um outro caminho, o da esquerda que para ele brilhava num chamamento doirado, coberto de uma aura de sonho e de paraíso, um caminho que aos seus olhos o poderia levar à concretização do seu objetivo. 
A mim parecia-me um caminho impossível pois logo à frente tinha uma curva e até à curva apenas pedras e mato, depois da curva nada se via. Mas o que será que haveria mesmo depois da curva??
Escolheu o caminho da esquerda...
Aguardo expectante à espera de vislumbrar o tal brilho.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Ainda não é desta

Que a palavra "desisto" vai entrar no meu vocabulário.
Correr não é a minha praia, eu gosto é de pedalar na rua em liberdade, mas os meus horários só me permitem pedalar ao fim do dia e no inverno de noite, é perigosa esta aventura. Decidi então fazer-me à estrada e correr ao sabor das luzes da cidade, sempre levo com o vento nas trombas, oiço a minha música e espaireço a alma. Mexer e deitar fora o stress é a palavra de ordem.
No primeiro dia corri sete quilómetros e no dia seguinte não me conseguia mexer. Passados alguns dias, já recuperada, tentei de novo e fui perseguida por três cães, não levava água para os afugentar e corri como se não houvesse amanhã com eles à perna, livrei-me deles por fim mas quase não conseguia chegar a casa de tão cansada. Voltei a tentar por outros caminhos, mas a meio deu-me uma tão grande vontade de fazer cocó que cheguei a pensar entrar por alguma casa adentro para pedir uma ida ao wc. Ao invés, corri até casa praticamente de pernas fechadas a encolher o senhor castanho. Numa nova tentativa, deu-me uma dor na perna que cheguei a casa a andar e coxa. Demorei dias a recuperar.
Mau! Querem ver que tenho de desistir desta ideia? Mau, mau Maria!
Hoje, não vencida ainda pelas contrariedades, esvaziei a tripa antes de sair, levei duas pedras no bolso para atirar aos cães, a perna estava boa mas fui devagarinho. Yes! Corri quase nove quilómetros, não estava nada cansada, corria outros tantos se a minha perna marota não me atraiçoasse.
Esta minha teimosia ainda me mata, mas desistir é que não.