Aprecio a minha própria companhia e o meu silêncio.
Talvez porque esteja numa fase de contrariedade e numa situação que foge aos meus planos e ao meu controlo e eu me encontre irritada e aborrecida o que faz com que não queira ver pessoas, muito menos ouvi-las. Por outro lado, talvez seja bom reencontrar-me e finalmente apreciar-me e estar de bem comigo. Já não corro, já não fujo, já não me escondo da solidão. Aprecio-a agora.
Deitei-me na espreguiçadeira do jardim ao sol, tirei as meias, arregacei as calças e olhei o céu. O meu céu. O meu quadrado de céu. O sol aquece-me as pernas, Zé, o gato, aproxima-se e rebola ao meu lado, ouço um galo ao fundo, um cão a ladrar. A folhagem das plantas murmura ao sabor do vento e há chilreios por todo o lado.
Tão bom! Que paz. Por que não sei eu aproveitar isto sem ser a pedalar...
Pego no livro para ler mas pelo canto do olho observo um melro a saltitar nos telhados à minha frente, traz uma minhoca no bico. Embrenha-se na planta gigante do meu pátio que entretanto se transformou numa árvore e pelo piar concluo que foi alimentar os filhotes no ninho. Fez mais três viagens mas nunca consegui captá-lo com a minha objetiva, pois sabe da minha presença e é muito rápido. Quantos ninhos albergará aquela árvore? Quantos pássaros lá viverão? Quanta vida há, ali mesmo no meu quintal....
Admira-me a passividade do meu gato Zé a olhar os passaritos pelo canto do olho. Acho que se habituaram a conviver uns com os outros.
Tal como eu. Acho que aprendi a conviver comigo. Finalmente.
Para quem se dizia desinspirada, este post não está nada mau ;)
ResponderEliminarVamos aprendendo a viver connosco e com o que nos rodeia. Aprendemos também a filtrar o que há de bom e de menos bom na envolvente, sem que isso se transforme numa condicionante. A solidão, se voluntária, pode ser tão saborosa...
Tens razão Lápis Roído, vamos aprendendo a viver com o que temos e a tirar o melhor das situações. No fundo, se eu fizer uma retrospetiva, cncluo que eu procuro muito estar sozinha e sabe-me bem:)
EliminarAqui me tens a pensar contigo: a imobilidade cria contemplação, a contemplação cria bem-estar. A árvore de fora cresce com a respiração, e um melro esconde-se lá dentro. Bom fim-de-semana, GM (o sol vai ajudar nisso do pé).
ResponderEliminarTeresa, agora "atalhos" :) Esta árvore era uma pequena planta moribunda dentro de casa. Dei-lhe uma segunda oportunidade e plantei-a na rua, olha só como ficou gigante. Tenho de andar sempre a cortá-la senão tapa-me o caminho. Alberga dezenas de passaritos :)
EliminarSabes como te sinto, enjaulada, a arranjar desculpas para não arranhares ninguém ahahahahah
ResponderEliminarJá falta pouco, para pegares, de novo, na tua bicla.
Beijinho grande, Gajinha
Non, enjaulada, é mesmo essa a palavra e sim, conheces-me bem, tenho momentos que esgadanhava tudo e todos eheheheheh
EliminarBeijinho
Conviver connosco mesmos é algo pouco valorizado pela nossa sociedade, mas tão, tão importante!
ResponderEliminarBeijinhos
Blog: Life of Cherry
Cherry, muitas pessoas não conseguem estar sozinhas ou conviver consigo próprias, isso é que é mau e leva-as a ter problemas. Já o contrário, acho que é bom :)
EliminarBeijinhos
Miau. lol
ResponderEliminar;))) miau. Não me digas que te chamas Zé, tens pelo preto e patinhas brancas eheheh
EliminarGaja Maria,
ResponderEliminarApesar de não ser agradável estar nessa de situação de enfermidade, também há coisas boas a registar.
Sei que é chata a situação, mas logo, logo vais estar totalmente operacional.
E aposto que vais ter muitos melros por aí a saudarem te no regresso a casa, quando voltares às voltinhas de bicicleta.
Agora aproveita essas dádivas da natureza e tem paciência. Eu sei que é fácil falar...
Beijinho
Alice, trata-sede dar a volta por cima a certas contrariedades e tirar o melhor de cada situação e não ficar a remoer no que é mau. A vida é mesmo assim Alice.
EliminarBeijinhos
Precisamos de encontrar sempre o lado bom das coisas... Eu sei como é. Parece uma eternidade. Parece que nunca mais fica bom. Mas fica. Asseguro que fica. Eu achava que nunca mais ia andar como antes. Mas tudo volta à normalidade. :)
ResponderEliminarLuisa, já passou pelo mesmo? Também foi um tornozelo? quanto tempo demorou a ficar bem? ontem cismei que havia de ir à fisioterapia a conduzir e fui, 3 kms para cada lado, à noite estava cheia de dores e hoje igualmente. Quase desesperei...
EliminarQuando estamos sós seja porque motivo for, aprendemos a gostar da nossa companhia, sei que já ouviste isto, mas é nessas alturas que vemos cada pormenor que muitas vezes nem nos apercebemos deles. Quando tudo está bem nem damos por falta, ou que está a mais, mas vês, também é tão bom ,embora os teus motivos não sejam os melhores, já aprendeste algo de util :)
ResponderEliminarBeijinho as melhoras.
É sempre bom sabermos lidar com a nossa "solidão", por vezes é preciso. Eu gosto.
ResponderEliminarDesejo-lhe as melhoras :))
Bjos
Votos de um óptimo Domingo.
Gosto muito de estar com as pessoas que amo, mas também gosto muito de estar só comigo e com os meus pensamentos.
ResponderEliminarAcredito que a melhor forma de gostarmos da companhia dos outros, é quando sabemos desfrutar da nossa.
ResponderEliminarBeijinho e as melhoras.
Neste instante, meia-noite de Domingo escuto pessoas no andar de baixo a gritar, cantar e dar pancadas nos móveis. Estão reunidas no único espaço em comum da casa desde manhã cedo. Não me avisaram que isto estava planeado e eu, não querendo cruzar-me com rostos desconhecidos (como dizes, às vezes precisa-se de sossego), tenho-me mantido "aprisionada" no piso superior, a pão e água Kkkk.
ResponderEliminarDe modo que dou valor a ter esse quadradinho. Ainda não tenho um que possa chamar de meu e suspeito nunca vir a ter. Mas tenho momentos em que tento tirar proveito dos quadrados "emprestados". Aqui há um jardim e um pássaro muito belo, que me visita sempre que me vê. É um interesseiro, vem sempre em busca de alimento. Mas agrada-me que se aproxime e petisque do meu prato comigo ali.
Fazes muito bem em aproveitar estes instantes. São a essência da vida. Deviam apagar os restantes, os deprimentes e desagradáveis. São como calmantes para a alma. Espero então que te reencontres e não precises, para isso, somente pedalar.
Abraços
Os contratempos da vida levam-nos a apreciar coisas que antes não lhe dávamos importância...
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda