Também já fui adolescente, há alguns anos é certo, mas também já fui.
Também me sentia revoltada não sei com quê, também era do contra, também queria sair e não me deixavam, também pedia coisas que não me davam, também fui contrariada, também queria mudar o mundo e também tinha as hormonas a fervilhar.
Às vezes também me passava pela cabeça fugir de casa, partir para o sonho e para o desconhecido, seguir convicções e cortar as amarras.
Mas não foi por isso que desrespeitei os meus pais, que descarreguei a minha raiva e o meu ódio na minha irmã ou nas pessoas que me amavam… incondicionalmente!
Não foi por isso que deixei de cumprir com as regras existentes em casa nem pus de lado os princípios que me ensinaram.
Não foi por isso que deixei de tomar atitudes sensatas, que cometi loucuras ou me desviei do meu caminho.
Sempre soube o que queria para mim e ensinaram-me a lutar.
Assim o fiz e assim tem sido o meu lema, sempre, mas sempre respeitando os outros. Posso dizer que tenho conseguido na vida aquilo que quis para mim e tenho sido muito feliz com esta atitude.
Como posso eu então, aceitar estas coisas vindas de um filho ingrato, malcriado e exigente???
Sinto-me completamente esgotada e frustrada e, pior ainda, não sei o que fazer mais, pois já esgotei tudo o que sabia.
Estou tão magoada e tão triste que só me apetece desistir dele, agora com 18 anos e deixá-lo por sua conta e risco, deixá-lo sofrer, e não mais o proteger, não mais dar, recebendo em troca apenas uma frieza e uma ingratidão que me assusta.
Mas onde é que eu errei?
O que andei eu a fazer mal todos estes anos, que não consegui transmitir-lhe os princípios que aprendi, a generosidade, o amor e a amizade pelos outros, a compreensão, o perdoar e o respeito?
Sempre fui uma Mãe presente e preocupada, sempre acompanhei o seu percurso escolar e pessoal, por vezes até na retaguarda, para ele não perceber. Quando tive dúvidas ou me sentia impotente, falei com psicólogos, com professores, com Gabinetes de apoio, frequentei reuniões de pais e alunos, fiz tudo e mais alguma coisa.
Pois quer parecer-me, que foi tudo em vão…
Mas que raio de adolescência é esta, onde tudo o que é mal feito é normal e banal alegando que os tempos são outros?
Já nem falo das coisas de que me privei, das noites sem dormir, das corridas para os hospitais durante a noite, das dores e dos sofrimentos que tive por ele e em vez dele.
Já nem falo dos sonhos que sonho para ele, pois isso já vi que a decisão não é minha.
Mas uma coisa é certa, não aceito esta atitude e agora vou ser radical…
Vou pôr o amor incondicional de lado, vou esquecer o amor de mãe que há em mim.
Agora mais que nunca vou ditar novas regras e ai de quem não as cumpra….