quinta-feira, 31 de março de 2016
Por mais anos que viva
quarta-feira, 30 de março de 2016
Amanhã
terça-feira, 29 de março de 2016
Gatos limpadores
Depois do banho chamo sempre a minha Maria. Lambe tudo que é um instante, fica tudo a brilhar e nem é preciso detergente. Vou arranjar mais uns quatro gatos e dispensar a Manuela :)
domingo, 27 de março de 2016
Demência - Repost
Demência
Chegava sempre antes da hora marcada.
Gostava que ainda fosse dia para perscrutar o horizonte e tentar
encontrar os contornos de um barco à vela, sinal de que havia solitários como
ele no mar, à mercê das ondas e do sol e do frio da noite. Imaginava-se um dia
num barco daqueles, com ela. Apenas os dois, um para o outro, um do outro, sem
pressas, sem horas, sem medos. Eles, o céu e o mar…
Raramente havia barcos à vela, uma ou outra vez ainda viu um
barco carregado de contentores e um barco de pesca, parecia-lhe a ele, lá ao
longe. De resto, o mar era aquela imensidão de água em tons de azul que
ondulava num vai e vem eterno e constante que o fascinava.
Mas entretanto o sol começava a beijar o mar, tingindo-o de um
laranja incandescente que parecia incendiar aquelas águas frias e profundas,
como se isso fosse possível e ele logo se esquecia dos barcos para observar
aquela imagem tão maravilhosa. Sabia dos milhares de letras escritas, em forma
de poema, carta ou livro e das imensas pinturas sobre o pôr-do-sol que o
tornaram tão vulgar, mas ele continuaria sempre a apreciar a enorme beleza de
tão sublime momento.
Sentia-se porém inquieto e ansioso naquele dia, ao contrário das
outras vezes em que a paz tomava conta de si e só se desvanecia com o aproximar
da hora do encontro em que uma enorme excitação tomava conta de si ao pensar
nela. Na sua imaginação conseguia vê-la a sair do carro, talvez de saia,
repleta de vincos por ter sido puxada para lhe deixar as pernas livres para
conduzir, as pernas altas e esguias das quais que ele conhecia cada centímetro,
a camisa desalinhada, justa no seu peito farto que estava louco para tocar, as
faces ruborizadas do calor, que lhe faziam sobressair os olhos expressivos, os
lábios carnudos que beijaria apaixonadamente, desesperadamente e o cabelo
desgrenhado por causa do vidro aberto do carro, que afagaria agressivamente de
desejo no início e mais lentamente quando ficavam os dois deitados,
entrelaçados e já saciados.
Imaginava a alegria no rosto dela, quando o visse, o abraço
entusiasmado, o beijo excitado que logo o transportava para outra dimensão.
Seguiriam juntos então, no carro dele para o quarto onde iriam amar-se, loucos
de paixão, tontos de desejo, inebriados pelo sentimento do perigo de serem
descobertos. Quase conseguia sentir-lhe o cheiro, o andar desajeitado e nu à
sua frente, a tatuagem na omoplata, o sinal no ventre que ela dizia ser grande
e flácido, mas que a ele se lhe apresentava liso e musculado. Quase morria de
desejo. Naquele dia iria amá-la como nunca!
Cada vez mais ansioso, já começava a sentir o frenesim da
chegada da hora e mal podia esperar. Senti-la nos braços, abraçá-la, beijá-la,
sorver cada momento sofregamente, sentir-se dentro dela e perder-se por entre
os seus cabelos, os seios, as pernas… Que loucura era a dele, que nem o deixava
raciocinar. Tinha tantas saudades que era capaz de largar tudo, ir com ela para
longe de tudo e de todos, como se de dois adolescentes imberbes e loucos se
tratassem. Sim, talvez num barco à vela, aí uns 3 meses, depois logo se veria.
Olhou o relógio e já estava na hora. “Estou insano”, pensou,
aquela mulher punha-o louco, demente, irracional. Não importava, assim seria.
Iria hoje propor-lhe ficarem juntos.
Reparando que estava já bastante atrasada, começou então a
contar as canas dos pescadores solitários espetadas na areia, àquela hora
presenças únicas na praia. Que estariam a pensar durante todas aquelas horas em
que estavam ali à espera que os peixes mordessem a sua isca? Porque estariam
ali? Conheceriam eles mulheres como aquela?
Cada vez mais atrasada, uma hora, duas horas quiçá… nem um
telefonema, nem uma mensagem, logo hoje que estava tão sedento, tão ansioso,
tão decidido. Ansioso… sabia agora porquê. Ele sabia, ele pressentira aquela
ausência. Ela não viria… nunca mais.
Mas porque viria ela, pensou, se até àquele dia nunca tinha
vindo?
sábado, 26 de março de 2016
sexta-feira, 25 de março de 2016
Em fuga
quinta-feira, 24 de março de 2016
Isto está bom está
A minha casa parece uma tenda daquelas de campanha de apoio em alturas de crise.
Ela é mantas e cobertores, chavenas de chá de limão com mel meio bebidas, caixas de medicamentos, lenços de papel e tudo e tudo.
Espirros, tosses e micróbios esvoaçando por todo lado, gente arrepiada e vestida até aos olhos fungadelas e ranhocas. Ninguém dormiu hoje naquela casa. A gripe anda por lá e até ver só escapei eu. Fugi e não me apanham lá tão depressa.
quarta-feira, 23 de março de 2016
Vinte cinco!
segunda-feira, 21 de março de 2016
Já sei
Que o verdadeiro problema, o cerne da questão , o síndrome das segundas-feiras deve-se ao tão grande cansaço das actividades do fim de semana.
quinta-feira, 17 de março de 2016
Limites
quarta-feira, 16 de março de 2016
Há coisas que nunca mudam
Se no inverno adormeço noite dentro, nos dias de luz acordo de madrugada e fico deitada de sentidos apurados a ouvir o mundo a acordar. Adoro sentir o mundo a voltar a vida.
Está sol que vejo os seus raios vindos dos fixos da escada e fico feliz , os pardais chilreiam à desgarrada, já não estão na palmeira que foi cortada mas nas laranjeiras, nos muros e nos beirais. Ouço uma popa ao fundo, será a mesma da primavera passada?
Carros começam a passar na estrada e pelo arrastar de cadeiras, o café está a abrir. Levanto a cabeça para ver as horas e a gata Maria está mesmo em frente do relógio a olhar para mim, parece uma estátua. Desisto e deixo-me ficar no quentinho da cama, bem coladinha ao corpo dele e de ouvido a escuta. Toca o despertador.
Hoje vesti-me de azul.
segunda-feira, 14 de março de 2016
Engenhocas
A pedido de várias famílias
"O" souflé!
A foto!
Desta vez antes de ser devorado pelas termites da casa e com receita gentilmente cedida pela Imprópria:
50 gr margarina
1/4 l leite
4 colheres sopa de farinha para o bechamel.
Sal, pimenta e noz moscada
Adicionar 4 gemas
Metade das claras em castelo
Queijo e restantes claras
Vai ao forno 30 minutos em forma untada e polvilhada de queijo
Não abrir o forno durante a cozedura e comer assim que pronto e antes que abata :)
Voilà!
domingo, 13 de março de 2016
sábado, 12 de março de 2016
UVA, olha eu ainda há pouco!
É claro que esta foto é na parte mais soft e final do percurso pois nas rampas que nos atiram para o espaço eu passei ao lado. Como diz o outro, sou doida mas não sou maluca e não me apetece partir nenhum osso.
Ah! E já sei porque tenho a zona da boca cheia de rugas. É de fazer boca de broche para soprar nas subidas e de me rir ás gargalhadas nas descidas. Sensações loucas estas!
Em jeito de desabafo, não compreendo mesmo como é que os meus filhos preferem andar toda a noite na rua e dormir durante o dia, perdendo coisas destas... Quem me dera ter descoberto esta paixão quando tinha a idade deles.
quinta-feira, 10 de março de 2016
Uma espécie de souflé
quarta-feira, 9 de março de 2016
Prisioneira, mas só um pouco
terça-feira, 8 de março de 2016
Música para os meus ouvidos
segunda-feira, 7 de março de 2016
domingo, 6 de março de 2016
Sou como um rio
quarta-feira, 2 de março de 2016
Descobri
Aqui só há casas e gente que não é a minha e eu afinal já não queria de novo ver gente e quando eu não quero ver gente, não quero e ponto final. Era já noite e comecei por andar rápido e depois encetei uma espécie de corrida. Sem destino. Detesto correr mas estava a sentir-me bem, tão bem que me imaginei o Forrest Gump a percorrer todos aqueles caminhos durante anos, o meu cabelo a crescer e eu a envelhecer correndo, a paisagens a sucederem-se passando apressadas, as cenas a passarem por mim, aliás, eu a passar por elas. E lá fui correndo, acabando por me dirigir a um dos parques da cidade e depois para a cidade.
Os patos aninhavam-se para passar a noite, no estádio e nos parques em volta, crianças treinavam futebol, cruzei-me com um casal com dois cães, dois ou três outros corredores e ultrapassei outros tantos. Cumprimentámo-nos. Os iguais (ou parecidos vá) cumprimentam-se sempre. E fui correndo. As estradas estavam repletas de carros apressados no regresso a casa, nos prédios acendiam-se luzes, sinal de que já tinham gente dentro, algumas chaminés já deitavam fumo e aqueciam pessoas e eu imaginava as rotinas delas, apressadas de uma divisão para a outra, a preparar o jantar, a acender a lareira, a dar banho aos filhos ou a jantar. Imaginei as risadas, as brincadeiras, as conversas á mesa, a troca cúmplice de olhares, os suspiro da descompressão do dia. Corri, corri, corri, nem sei bem quantos quilómetros, mas foram muitos.
Por fim, satisfeita com tudo o que vi correndo, comecei a dirigir-me para casa, também eu e descobri. Afinal correr é tão bom.
terça-feira, 1 de março de 2016
Talvez saudade
Guardo aqui dentro num pequeno e recôndito lugar do meu coração a chave das memórias passadas. Em busca da razão para a angústia que me rouba por vezes as palavras, dei com a chave caida por entre as linhas tenues do meu silêncio. Coloquei-a na fechadura e rodei. Memórias passadas e objetos surgiram então em forma de cascata, descendo apressadamente no meu pensamento.
Os patins de bota branca que meu pai mandou vir da Alemanha quando eu era uma promissora patinadora, a caixa dos lápis de mil cores quando mostrei jeito para a pintura, a máquina fotográfica Kodak que comprou para mim e minha irmã no intuito de nos incentivar para a fotografia, a pinça para a coleção de selos e a máquina de escrever com que me presenteou quando ganhei um prémio com um poema que fiz na escola primária.
A determinada altura deixei de ir á patinagem, deixei os selos de lado e a máquina Kodak foi ficando em casa. Nunca cheguei a ser pintora nem escritora. Guardo porém todos estes objetos e até alguns mais. Tenho uma enorme paixão por eles, mas quis a vida e eu que enveredasse por outros caminhos.
Guardo, fechados á chave, tantos desejos mudos, tantas paixões adormecidas, tantas vontades preteridas. Mas uma coisa eu sinto todos os dias. O sorriso meigo dos olhos de meu pai em mim.